Lagarde, "we have a problem". Disparo da inflação na Zona Euro "surge na pior altura possível"

CNN
30 nov 2021, 15:40
Christine Lagarde - Banco Central Europeu

Inflação em máximos históricos na Zona Euro coloca mais pressão sobre os ombros do Banco Central Europeu, que tem encontro marcado para 16 de dezembro. Números superam as previsões desenhadas pela autoridade bancária

O Banco Central Europeu (BCE) poderá ter em mãos um problema por resolver, depois de a inflação da Zona Euro ter registado máximos históricos em novembro. A escalada de preços, motivada principalmente pelos preços da energia e vista como temporária pela autoridade bancária, está a ameaçar as últimas previsões macroeconómicas, numa altura em que a pandemia volta a "morder os calcanhares" à recuperação das economias na região.

"O problema para o BCE agora é que o pico da inflação surge na pior altura possível, e o consequente abrandar deste indicador está a parecer altamente incerto", diz Frederik Ducrozet, economista do banco Pictet, num comentário enviado à CNN Portugal. 

Nas últimas projeções macroeconómicas, elaboradas na reunião de setembro, o BCE previu que a inflação média de 2021 se fixasse nos 2,2%. Mas este número está a ser ameaçado. Incluindo já os valores provisórios de novembro divulgados pelo Eurostat, a inflação média anual destes onze meses está nos 2,4%. Seria preciso uma redução para os 1,7% em dezembro, para que a média fosse em linha com as previsões atuais da entidade europeia.

O recorde atingido nesta terça-feira surge quando os números da covid-19 voltam a fazer manchetes um pouco por toda a Europa, com a nova variante, cujo controlo é ainda indefinido, a voltar a pôr em causa a saúde das economias do "velho continente". 

Para 16 de dezembro, o BCE tem marcada uma reunião de política monetária que assume particular importância uma vez que todas as decisões foram empurradas por Christine Lagarde, líder da entidade, para este encontro. Às habituais projeções económicas, que devem ser alteradas, o banco central irá pronunciar-se sobre os seus programas de compra de ativos. 

No início da pandemia, em março de 2020, Lagarde anunciou um megaprograma de compra de dívida - entretanto reforçado para os 1,85 biliões de euros - que ajudou a manter os juros da dívida soberana dos países da região em níveis baixos. Esta injeção de dinheiro na economia, via compra de dívida, tende a beneficiar o crescimento da inflação. E, agora, o BCE está preso num limbo: pode ser demasiado cedo para anunciar cortes destes programas, mas um prolongar da sua validade pode manter a inflação a um ritmo indesejavelmente alto.

Este envelope, conhecido como PEPP ("Pandemic emergency purchase programme") termina já em março do próximo ano e existem rumores de que o BCE possa estar a preparar a sua sucessão. Assim, a reunião de dezembro assume particular importância com os investidores a estarem atentos ao discurso de Lagarde. 

Os investidores estarão ainda atentos a qualquer eventual alteração às taxas de juro do BCE, atualmente em mínimos históricos nos 0%. As taxas dos depósitos estão nos -0,5%. 

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