Qual o panorama do setor das embalagens em Portugal?

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24 mar 2022, 19:53

Do consumidor em casa ao fabricante de embalagens, passando pelo grande consumo e canal HORECA, todos têm de fazer a sua parte para alcançar os objetivos estabelecidos para a reciclagem.

Os portugueses reciclaram mais durante a pandemia. “Em 2020, as recolhas aumentaram, no seu conjunto, 3%. E, em 2021, o registo que temos é de 8,2%”, afirmou Pedro Simões, diretor-geral da Novo Verde, durante a CNN talk sobre “O panorama do setor das embalagens em Portugal”. A conversa, que aconteceu no dia 17 de março, foi moderada por Sara Sousa Pinto, apresentadora do Esta Manhã, e contou com a participação de Nuno Lacasta, presidente da Agência Portuguesa do Ambiente (APA).
 

Reciclagem: metas e desafios

Apesar deste aumento, as metas estabelecidas para a reciclagem até 2030 são ambiciosas. Portugal tem pela frente o desafio de encontrar soluções mais eficazes para aumentar não só a quantidade de resíduos que seguem para a reciclagem, como também a sua qualidade. “Atualmente, temos taxas de reciclagem apreciáveis”, afirma Nuno Lacasta. No entanto, “na próxima década vamos ter que passar dos 63% para os quase 90%. Este desafio é importante”, prossegue o responsável.

Nuno Lacasta - Presidente da Agência Portuguesa do Ambiente

Além do aumento da taxa de reciclagem, Nuno Lacasta destaca a importância da redução do depósito dos resíduos em aterros. Hoje, esta percentagem está quase nos 50% e deve passar para os 10%. Como tal, “todas as estratégias em Portugal têm de passar por produzir menos resíduos e, quando produzimos, temos que transformá-los em matéria-prima para fazer novas embalagens”, conclui.

Um passo importante será dado quando as entidades de gestão de resíduos, como a Novo Verde, passarem a gerir também as embalagens industriais.

No que diz respeito ao vidro, Pedro Simões destaca o papel que tem o canal HORECA (estabelecimentos hoteleiros, de restauração e similares) para alcançar as metas estabelecidas. “É uma dificuldade identificada. Este setor necessita de ser muito trabalhado e tem um grande potencial na captação de resíduos de vidro”.

Metas de reciclagem por setor:
 

  Até 2025 Até 2030
Plástico 50% 55%
Madeira 25% 30%
Materiais ferrosos 70% 80%
Alumínio 50% 60%
Papel e cartão 75% 85%
Vidro 70% 75%

 

Sensibilização, sistemas de incentivo e porta-a-porta

Os três pilares fundamentais para Portugal conseguir atingir as metas, de acordo com Pedro Simões, são a sensibilização, os sistemas de depósito e o porta-a-porta .

No caso dos sistemas de incentivo, sublinham-se os sistemas de depósito e pay-as-you-throw (sistema poluidor-pagador), que se têm destacado no último ano, através da implementação de projetos-piloto com elevada taxa de sucesso.

É importante relembrar que estes sistemas não são uma solução para todos os problemas. O objetivo é “encontrar um sistema combinado, mas é preciso irmos estudando para encontrar um misto de soluções que funcionem”, explica o responsável da Novo Verde.

Plástico: é necessário repensar as embalagens

Pedro Simões- Direto Geral da Novo Verde

O plástico é um material muito importante na nossa sociedade. Está presente em várias áreas do nosso consumo, desde a alimentação, à saúde até à cosmética. “Temos que saber viver com este material. É importante termos um consumo responsável e depositá-lo nos sítios certos”, diz Pedro Simões. “Não podemos simplesmente trocar o material das embalagens e manter comportamentos, porque vamos ter o mesmo problema”.

Em termos de reciclagem, este é um dos materiais que apresenta mais desafios. “Uma das principais dificuldades na reciclagem de plástico é que, por exemplo, uma embalagem pode ter quatro ou cinco tipos de plástico, e não é fácil separar esses materiais para depois voltar a fazer outra garrafa. Temos que ter menos materiais na embalagem original”, explica Nuno Lacasta.

Os hábitos dos consumidores têm de mudar e os produtores têm de encontrar novas soluções para as embalagens, mas uma coisa é certa: todos temos consciência que vamos continuar a usar plásticos. Mas que plástico vai ser esse? Mais reciclado.

“As empresas que fazem embalagens de plástico têm que passar a ter como matéria-prima não o petróleo, mas o lixo que foi separado e passou a ser matéria-prima. Se conseguirmos utilizar cerca de 60% de plástico reciclado numa embalagem, deixamos de precisar de tanto petróleo”, remata o representante da APA.

Apesar de representar um desafio, é também o material que está a ter um dos melhores desempenhos ambientais. Dados apontam para que, no ano passado, já tenham sido atingidos os objetivos estabelecidos para 2025. “As estimativas indicam que, em 2021, reciclámos 51% do peso de resíduos de embalagens de plástico, quando a meta para 2025 será de 50%”, afirma o diretor-geral da Novo Verde.

Nuno Lacasta encerrou a talk com um apelo aos portugueses: “é preciso ter noção que se separarmos, estamos a assegurar que as embalagens não vão parar aos nossos rios, esgotos ou mar. Quando as pessoas têm consciência, fecha-se um círculo virtuoso em vez de um ciclo vicioso”. Pronto para fazer a sua parte?

 

Inovação em concurso

Para promover a inovação nas embalagens, a Novo Verde desenvolveu o Prémio Novo Verde Packaging Enterprise Award ‘21, cujas candidaturas terminam a 31 de março. Trata-se de um prémio de investigação e desenvolvimento destinado à indústria, distribuição, academia e às áreas tecnológicas relacionadas com o setor das embalagens em Portugal. O projeto vencedor será premiado com um montante global de 25 mil euros.

 

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