Taça de Portugal: Mafra-Moreirense, 3-1 (crónica)

Ricardo Gouveia , Estádio Municipal de Mafra
23 dez 2021, 13:07

Euforia abafou profundo estado depressivo

Histórico, apaixonante e, acima de tudo, justo. O Mafra chegou pela primeira vez aos quartos de final da Taça de Portugal depois de ter aplicado um autêntico banho de bola ao Moreirense com uma vitória por 3-1. Uma grande exibição da equipa comandada por Ricardo Sousa que, a perder por 1-0 e com menos um jogador em campo, partiu para cima do adversário e virou a eliminatória com toda a autoridade diante de um adversário que precisa de ir urgentemente ao psicólogo.

Não foi preciso esperar muito minutos para tirar uma radiografia ao estado de ânimo das duas equipas. O Moreirense, afundado na classificação da Liga, já com uma chicotada psicológica, entrou em campo de braços caídos, a ver jogar, sem qualquer vontade de assumir o jogo. Em sentido contrário, o Mafra, sexto classificado da II liga, apresentou-se de peito feito, a assumir desde logo a iniciativa do jogo, com dois extremos bem abertos e com a equipa a subir em bloco para o ataque.

O Moreirense até conquistou o primeiro canto do jogo, com Rafael Martins a cabecear ao lado, mas depois a equipa da casa pegou no jogo e foi por ali fora, com Gui Ferreira e Andrezinho a conseguirem profundidade nos corredores e a chegarem facilmente à área de Pasinato. As oportunidades sucederam-se a bom ritmo, primeiro por Gui Ferreira, logo a seguir por Rodrigo Martins e ainda outra de Bura. Parecia ser um jogo de sentido único, mas numa das poucas vezes que o Moreirense conseguiu sair a jogar chegou ao golo. Passe de Ibrahima a lançar Yan Matheus e com este a combinar com Rafael Martins antes de rematar colocado na zona da meia lua.

Um Moreirense pragmático que se colocava em vantagem, mas continuava sem vontade e sem argumentos para pegar no jogo, com um meio-campo muito permeável que continuava a permitir quase tudo ao Mafra. A equipa da casa reagiu em força, voltou a carregar, mas Gui Ferreira, um dos jogadores que estava mais em jogo, até este momento, levou os seus esforços longe de mais e, em apenas três minutos, viu dois cartões amarelos e recebeu ordem de expulsão.

O jogo continuava a sorrir ao Moreirense que tinha chegado ao golo de forma fortuita e, num ápice, aos 33 minutos, estava em vantagem numérica. Esta segunda vantagem praticamente não se notou, uma vez que até ao intervalo os visitantes não voltaram a rematar à baliza de Renan e foi a equipa da casa, agora coxa do lado esquerdo, que continuou a carregar. A pressão do Mafra acabou por dar dividendos. Em mais um lance de Tomás Domingos pela direita, a bola foi ao poste e, quando Pedro Lucas procurava a recarga, foi derrubado por Abdu. Na marcação do castigo máximo, Bura repôs a justiça no marcador.

Incrível a forma como o Moreirense, em vantagem, tanto no marcador, como em campo, nunca conseguiu controlar o jogo. Lito Vidigal não esperou mais e abdicou do apagado Gonçalo Franco para juntar André Luís, melhor marcador do Moreirense, a Rafael Martins no ataque. Uma alteração com pouco efeito, uma vez que o Mafra voltou a entrar forte no segundo tempo e, mais uma vez, a mandar no jogo, com um apoio entusiástico da equipa da casa.

A equipa saloia carregava por todos os lados, com Rodrigo Martins, em plano de destaque sobre a esquerda, a ficar muito perto da reviravolta com um remate puxado ao primeiro poste. As oportunidades sucediam-se a um ritmo vertiginoso junto da baliza de Pasinato e obrigaram Vidigal a voltar a mexer, lançando Jambor e Derik, à procura de um novo equilíbrio. Mas, em campo, o que se continuava a ver era o ímpeto da equipa da casa, a jogar ao primeiro toque, a abrir espaços e a encostar o adversário primodivisionário às cordas.

O Mafra chegou mesmo a festejar a reviravolta, depois de mais um cruzamento de Rodrigo Martins da esquerda e uma cabeçada de Tomás Domingos. A bola ficou presa debaixo do corpo de Pasinato e ficou a ideia que passou mesmo a linha fatal, mas não valeu. Segundo as indicações de André Narciso, depois de ouvir o VAR,  a bola terá saído pela lateral antes do cruzamento do extremo. Era uma questão de tempo. Ao ritmo que o Mafra estaca a atacar, com tantas oportunidades, a reviravolta era mesmo uma formalidade, até porque o Moreirense continuava de braços caídos, sem qualquer reação.

A reviravolta chegou a dez minutos do final, um lance de bola parada. Canto da direita, desvio de cabeça de Bura com a bola a sobrar para Pedro Barcelos que atirou a contar. A festa explodiu nas bancadas, mas o melhor ainda estava para vir. Com o Moreirense incapaz de esboçar uma reação, o Mafra ainda aumentou a vantagem para 3-1 com o melhor lance do jogo. Uma triangulação entre Rodrigo Martins, Tomás Domingos e Andrezinho, com este último a finalizar, com o pé esquerdo, com um remate colocado para o segundo poste.

Uma grande golo a confirmar a total superioridade de um Mafra exultante sobre um Moreirense profundamente deprimido.

FICHA DE JOGO

Estádio Municipal de Mafra

Árbitro: André Narciso

VAR: Rui Oliveira

MAFRA (4x4x2): Renan; Tomás Domingos, Bura, Pedro Pacheco e Pedro Barcelos; Rodrigo Martins (Okitokandjo, 90m), Bruno Silva (Inácio Miguel, 84m), Aparício e Gui Ferreira; Pedro Lucas (Leandrinho, 84m) e Andrezinho.

MOREIRENSE (4x3x3): Pasinato, Rosic, Artur Jorge, Abdu, Ibrahima (Jambor, 59m), Mané, Paulinho, Franco (André Luís, 46m); Yan Matheus, Rafael e Pires (Derik, 59m).

Ao intervalo: 1-1

Marcadores; Yan Matheus (27m), Bura (43m, gp), Pedro Barcelos (79m) e Andrezinho (86m)

Disciplina: cartão amarelo a Bruno Silva (13m), Gui Ferreira (30 e 33m), Sori Mané (31m), Gonçalo Franco (34m) e Pedro Pacheco (69m); cartão vermelho a Gui Ferreira (33m).

Resultado final: 3-1

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