Anchorage torna-se o primeiro unicórnio de criptomoedas português

15 dez 2021, 10:15

A empresa fundada por Diogo Mónica - que criou o primeiro banco de criptomoedas regulado nos EUA - triplicou a avaliação de mil milhões de dólares e assume-se como o primeiro unicórnio com dedo português no ramo destes ativos digitais.

A Anchorage Digital, empresa sediada nos EUA mas fundada por Diogo Mónica, torna-se esta quarta-feira o primeiro unicórnio de criptomoedas com um dedo português. Esta passagem dá-se depois de uma ronda de investimento de 350 milhões de dólares (cerca de 309 milhões de euros) que juntou investidores como o Goldman Sachs ou a Paypal.

"Ficamos muito contentes por ser o primeiro ‘criptounicórnio’ em Portugal. E o facto de ser liderado por um português mostra o talento que existe cá. Grande parte desta ronda de investimento será aplicada no país", diz Diogo Mónica, em entrevista à CNN Portugal.

Depois desta nova ronda, a empresa fica com uma avaliação de 3 mil milhões de dólares (em torno dos 2,7 mil milhões de euros), que supera, em larga escala, os mil milhões de dólares necessários para se ser considerado um unicórnio. Esta atribuição apenas acontece agora, porque a empresa não tinha divulgado antes a sua avaliação.

"Há três grandes focos nesta ronda de investimento. Primeiro, trazer os melhores parceiros de Nova Iorque, como o Goldman Sachs, depois continuar a investir em Portugal e nos EUA, e finalmente a expansão internacional. Queremos expandir de forma muito agressiva nos EUA, com grande foco também no mercado da Ásia e, mais tarde, na Europa", acrescenta o português de 34 anos que tem como meta contratar 100 pessoas, "no mínimo", para a operação em Portugal nos próximos dois anos.

Validação do mercado "cripto"

Para além do Goldman Sachs e da Paypal, esta nova etapa conta com investidores como a Alameda Research, a Andreessen Horowitz, a Apollo, e fundos e contas geridas pela BlackRock. Um conjunto de "pesos-pesados" institucionais que "validam não só a empresa, como todo o mercado de criptomoedas". 

O negócio "core" da Anchorage Digital, que lançou o banco Anchorage Digital Bank - o primeiro banco de criptomoedas a ser regulado nos EUS -, é a custódia e segurança de criptomoedas para clientes institucionais, como bancos.

"O que os bancos tradicionais se estão a aperceber é que os criptoativos são completamente diferentes dos ativos tradicionais. A segurança destes tipos de ativos é muito diferente do sistema tradicional, especificamente na parte de informática e proteção de chaves privadas. E os bancos estão a aperceber-se que não têm as capacidades tecnológicas para resolver grande parte destes problemas e, portanto, estão à procura de parceiros como a Anchorage".

Corrida às criptomoedas

Mónica explica à CNN Portugal como é que o futuro pode ser risonho para a Anchorage em particular, e para a banca alternativa, em particular, numa altura em que muitos milhares de milhões de dólares estão a mudar de mãos em todo o mundo.

"Os 'millennials' vão herdar centenas de biliões de dólares nos EUA dos pais ou familiares, o que faz com que a afinidade que esta geração tem com os criptoavitos force os bancos a adotarem este tipo de ativo nas suas opções", continua.

 

"Caso os bancos tradicionais não adotem criptoativos no seu negócio arriscam-se a perder a camada mais jovem. E perder a camada mais jovem significa perder o futuro", diz Diogo Mónica.

"Os bancos estão a vir à Anchorage pedir ajuda para adicionar criptoativos ao portefólio porque se apercebem que acrescentar este tipo de ativo aumenta o a procura por qualquer outro dos seus produtos. Para além disso é uma fonte de rendimento muito grande e aumenta a avaliação em bolsa", conclui.

Portugal "amigo" das criptomoedas

"Portugal neste momento está a atrair muito talento. Há muitos outros CEO’s que eu vejo a virem para Portugal, porque o país tem adotado uma política muito amigável relativamente aos criptoativos que é ótimo para as empresas criarem centros em Portugal e contratarem cá", acrescenta Mónica, à CNN Portugal.

 

Em Portugal, os ganhos com este tipo de ativo digital continuam a não ser tributado a não ser que advenham de uma atividade profissional geradora de rendimentos na Categoria B. 

Mas a Autoridade Tributária (AT) continua sem emitir qualquer informação relativa ao pagamento de impostos sobre criptomoedas. A única informação que existe no site da entidade surge enquanto resposta a um pedido de ajuda.

Nesse documento, a AT diz que, em tese, os ganhos podiam ser enquadrados nos acréscimos patrimoniais, ou seja, na categoria G referente a mais-valias. Só que esta categoria está essencialmente pensada para venda de imóveis e valores mobiliários. 

"Diria que neste momento está a correr bem e que devíamos continuar a aumentar o registo de empresas junto do banco de Portugal. É fundamental que exista, mas não deveríamos fazer demasiada regulação porque isso vai abafar a inovação em Portugal", concluiu.

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