Um estilo de vida saudável pode reduzir em 62% o risco genético de morte precoce

CNN , Madeline Holcombe
10 jun, 16:00
Um estilo de vida saudável pode acrescentar 5,5 anos a uma pessoa com predisposição para uma vida curta, defende o estudo (EMS-Forster Productions/Digital Vision/Getty Images)

Se a genética não foi sua amiga, talvez uma mudança de hábitos possa contrariar tendências

Mesmo que a sua genética o coloque em maior risco de morte precoce, um estilo de vida saudável pode ajudá-lo a combater, de forma significativa, esse cenário. É o que mostra um novo estudo.

Esse risco pode ser mitigado em cerca de 62% em pessoas com predisposição genética, explicou o principal autor do estudo, Xue Li, reitora da School of Public Health da Zhejian Univeristy School of Medicine, na China.

Muitos estudos têm demonstrado a conexão entre um estilo de vida saudável e a longevidade, outros têm sublinhado a componente genética na longevidade. Contudo, o relatório publicado na revista BMJ Evidence Based Medicine explorou a forma como os dois aspetos se ligam.

Com dados relativos a mais de 350 mil pessoas e informações relativas à sua genética, educação, estatuto socioeconómico e historial de doenças, este estudo teve uma metodologia forte, classificou Aladdin Shadyab, professor associado na área de Saúde Pública e Medicina na University of California San Diego. Este especialista não esteve envolvido no estudo referido neste artigo.

A amostra foi composta por pessoas com ascendência europeia, sendo por isso limitada no que respeita às populações a que pode ser aplicada, acrescentou Shadyab.

Os investigadores deram a cada indivíduo uma pontuação de risco poligenético, que é uma pontuação que resume a presença de múltiplos genes que impactam a expectativa de vida humana, segundo o estudo. Os participantes nesta pesquisa também receberam uma pontuação baseada na forma como aderiram aos princípios de um estilo de vida saudável. Foram depois acompanhados, em média, durante 13 anos, para verificar se tinham uma expectativa de vida curta, média ou longa.

Todos, independentemente dos seus riscos genéticos, tinham uma probabilidade 78% maior de morrer de forma precoce se tivessem um estilo de vida pouco saudável, mostraram os dados.

Já as pessoas com um risco genético de uma vida mais curta e com um estilo de vida pouco saudável tinham uma probabilidade quase duas vezes maior de morrer cedo, face àquelas sem risco genético e com um estilo de vida saudável, referiu Li, que também é diretora do National Institute for Data Science in Health and Medicine da Zhejiang University.

Os indivíduos com risco genético poderiam prolongar a sua esperança de vida em até 5,5 anos com um estilo de vida saudável, mostraram os dados.

“A adesão a um estilo de vida saudável poderia aumentar, de forma substancial, a esperança de vida de indivíduos geneticamente suscetíveis a uma vida mais curta”, afirmou Li.

Os fatores que fizeram a diferença

O estudo teve um caráter de observação, o que significa que pode determinar associações, mas não afirmar com certeza se os comportamentos eram a causa direta das mudanças na esperança de vida.

Contudo, os investigadores foram capazes de identificar quatro fatores associados ao maior risco de morte precoce.

“O estudo identificou que a combinação ideal de estilo de vida contém quatro fatores: não fumar atualmente, atividade física regular, tempo adequado de sono e uma dieta saudável. Tal oferece melhores benefícios para prolongar a vida humana”, identificou Li.

O tempo adequado de sono foi definido no estudo como sete a oito horas por noite. As atuais diretrizes para a atividade física recomendam pelo menos 150 minutos de atividade física moderada e dois dias de treino de força por semana.

Já o consumo moderado de álcool é definido com um máximo de duas bebidas por dia para homens adultos e uma bebida para as mulheres adultos, segundo os Centros de Controlo e Prevenção de Doenças dos EUA.

Fazer mudanças no estilo de vida 

Construir um estilo de vida mais saudável pode parecer uma tarefa difícil. Contudo, há medidas acessíveis que ​​podem ajudá-lo a chegar lá.

Existem linhas telefónicas de apoio, aplicativos e grupos de apoio que podem ajudá-lo a parar de fumar.

Comprometer-se com dias sem álcool, ou até mesmo com desafios como o ‘Janeiro Seco’ ou o ‘Outubro Sóbrio’ pode ajudá-lo a reavaliar a sua relação com o álcool e a redefinir os seus hábitos, como referiu a jornalista Rosamund Dean, autora de “Mindful Drinking: How Cutting Down Can Change Your Life”.

Para uma vida mais saudável e mais longa, vários estudos têm demonstrado o seu apoio à dieta mediterrânica, um estilo de alimentação que se foca numa cozinha assente em vegetais e rica em frutas, cereais integrais, grãos, sementes e azeite. As carnes vermelhas são consumidas com moderação.

No que respeita ao dormir o suficiente, se não consegue dormir sete ou oito horas, tente estabelecer uma rotina de sono, saindo da cama quando não consegue dormir e mantendo o quarto fresco, escuro e livre de aparelhos eletrónicos.

Se tentou e não conseguiu construir uma rotina de exercício que fosse capaz de seguir, inclua-a na sua rotina diária, começando devagar e escolhendo uma atividade que goste, retirando daí a sua atividade física.

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