Palácio Nacional de Mafra acolheu centenas de líderes que se debateram sobre saúde mental e outros desafios para o futuro
Decorreu esta segunda-feira no Palácio Nacional de Mafra mais uma edição do Game Changers Forum, um evento que reuniu líderes empresariais e influenciadores de várias áreas para mostrar de que forma as decisões, testemunhos e estratégias podem criar um ecossistema de inovação e desenvolvimento em Portugal.
No evento, conduzido por Carolina Patrocínio, marcaram presença cerca de 300 pessoas, das mais diferentes áreas, numa verdadeira oportunidade de networking, troca de conhecimento, marcada por testemunhos fortes, onde alguns dos maiores líderes expuseram a sua vulnerabilidade. Exemplo disso foi o advogado João Vieira de Almeida, chairman da Vieira de Almeida & Associados, que falou sem tabus sobre a depressão que enfrentou. Abordou também o tema do burnout e deixou conselhos aos CEOs na sala:
“Não somos nós que provocamos as depressões nas pessoas, mas temos uma especial obrigação de cuidarmos das nossas pessoas e olhar para elas com responsabilidade e com empatia. Esse exemplo só pode vir de cima”, concluiu.
Esta talk foi o ponto de partida para os momentos seguintes, onde o tema da saúde mental esteve sempre presente. Na segunda conversa, Ricardo Costa, chairman do grupo Bernardo da Costa, explicou por que existe um ‘departamento da felicidade’:
“O foco é cuidar, ouvir e garantir aos colaboradores que estão a passar por uma fase menos positiva, que a empresa não tem de ser um ambiente que acentua esses problemas, mas sim que sabe responder com empatia”.
Já Vera Pinto Pereira, Executive Board Member EDP, explica o que é para si ser um líder Game Changer:
“É ter uma visão clara, que perdure no tempo e a coragem de sermos flexíveis e de nos adaptarmos rapidamente. Ter resiliência, empatia e inteligência emocional”.
Por sua vez, Miguel Farinha, CEO da EY, garante que é fundamental conseguir gerir a vida pessoal e profissional, mesmo representando uma das maiores consultoras, onde admite que “não há horários”.
Outro dos momentos mais aguardados deste Fórum, surge sob o mote ‘Portugal 2030 – Construir um futuro melhor” onde o Ministro das Infraestruturas, Miguel Pinto Luz, foi desafiado a falar sobre os desafios que o país enfrenta até 2030. Questionado por Rui Miguel Nabeiro, CEO da Delta Cafés, Miguel Pinto Luz admitiu que há um problema de falta de habitação:
“Portugal nos últimos dias viveu de uma forma muito clara aquilo que são assimetrias sociais e o problema da habitação está no centro de tudo isso”, referindo-se aos tumultos ocorridos na zona de Lisboa.
O ministro admitiu também que, no que toca à mobilidade, é urgente agir porque “não podemos estar 40 ou 50 anos para escolher a localização do novo aeroporto, se fazemos ou não a alta velocidade” e que “é desta que vamos ter aeroporto”.
A quarta e última talk terminou com a presença de Colin Bryar, antigo vice-presidente da Amazon. Foi o “homem sombra” de Jeff Bezos quando a empresa estava a dar os primeiros passos e, sem querer apontar uma fórmula mágica para o sucesso, garantiu que é indispensável construir processos em torno da obsessão do cliente, ter pensamento de longo prazo e ser inovador, sem medo de falhar.
Outra novidade desta segunda edição é o novo formato de conversas, que possibilitou a existência de sete mesas redondas em simultâneo, nos vários espaços do Palácio. A Escola de armas, que tutela o espaço, congratulou-se pela existência deste evento, que possibilitou a dinamização de um dos monumentos de maior importância na História de Portugal. Entre os temas abordados, destacam-se os desafios da inteligência artificial e do teletrabalho.
Feitas as contas, o balanço é positivo. Miguel Pina Martins, fundador do Game Changer, admite que o evento foi enriquecedor, com capacidade de conectar, inspirar e fomentar liderança transformadora. Já Hugo Moreira Luís, Presidente da Câmara Municipal de Mafra, garante que existe um esforço constante entre a autarquia e o setor privado, para criar riqueza e dinamizar a região.