Autoridades dos EUA esperam consequências "catastróficas" da passagem do furacão Ian que poderá atingir a categoria mais alta da escala

Agência Lusa , FMC
28 set 2022, 17:09

As ordens de retirada da população foram emitidas durante a madrugada desta quarta-feira para uma dúzia de condados da costa do Estado e, de acordo com Ron DeSantis, na sua generalidade foram seguidas, "mas, talvez, não por todos"

 O Estado norte-americano da Florida prepara-se esta quarta-feira para a chegada do furacão Ian, que devastou o oeste de Cuba e que está "a intensificar-se rapidamente", podendo ter consequências "catastróficas", segundo os serviços meteorológicos locais.

Espera-se que o furacão Ian, que está a ser classificado como um furacão categoria 4, provoque “agitação marítima, vendavais e inundações em toda a península da Florida”, declarou o Centro Nacional de Furacões dos Estados Unidos (NHC, sigla em inglês) no seu mais recente ponto de situação.

Com ventos sustentados de até 250 quilómetros por hora e rajadas ainda "mais elevadas", o Ian está a dirigir-se para a costa oeste da Florida, onde é esperado no início da tarde desta quarta-feira (horário local).

O furacão deve, então, “mover-se em terra” durante o dia e “reentrar no oceano Atlântico ocidental até quinta-feira à noite”.

Entre 30 e 45 centímetros de precipitação são esperados no centro e nordeste da Florida e até 60 centímetros em certos locais, de acordo com o NHC.

"Esta é uma grande tempestade", disse esta quarta-feira o governador da Florida, Ron DeSantis, durante uma conferência de imprensa, alertando que Ian poderá atingir a terra como um furacão de categoria 5, a classificação mais alta na escala Saffir-Simpson.

"Claramente, este é um furacão muito poderoso que terá consequências de longo alcance", declarou o governador.

As ordens de retirada da população foram emitidas durante a madrugada desta quarta-feira para uma dúzia de condados da costa do Estado e, de acordo com Ron DeSantis, na sua generalidade foram seguidas, "mas, talvez, não por todos".

Avisando que o dia iria ser "muito, muito difícil", o governador pediu que as pessoas não saíssem dos locais em que estão abrigadas quando o olho do furacão passar pela região.

"Na verdade, há uma calmaria quando o centro do furacão está acima de si. Acha que a tempestade passou? Não passou. Ainda é muito perigoso”, sublinhou DeSantis.

Na terça-feira, o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, também alertou que Ian “poderia ser um furacão muito violento, cujo impacto seria devastador e colocaria vidas em risco”.

Biden já aprovou ajuda federal de emergência para 24 dos 67 condados da Florida.

As atividades foram interrompidas nas áreas onde o furacão é esperado. O aeroporto de Tampa, por exemplo, suspendeu as suas operações na tarde de terça-feira.

Segundo o Pentágono, 3 mil efetivos da Guarda Nacional foram mobilizados na Florida, com outros 1.800 a caminho.

O furacão Ian, então com categoria 3, atingiu Cuba na terça-feira, devastando o oeste do país por cinco horas antes de seguir em direção ao Golfo do México, segundo o instituto meteorológico cubano Insmet.

Duas pessoas morreram na província ocidental de Pinar del Rio, de acordo com os meios de comunicação estatais cubanos. O país, de 11,2 milhões de habitantes, está "sem serviço de energia", declarou a empresa estatal de eletricidade Union Elétrica na rede social Twitter.

À medida que a superfície dos oceanos aquece, aumenta a frequência de furacões mais intensos, com ventos mais fortes e maior precipitação.

Os furacões também estão a atingir áreas que antes eram poupadas. De acordo com o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC - relatório de agosto de 2021), a proporção de furacões particularmente intensos (categoria 4 e 5) deve aumentar 10% em relação à era pré-industrial com um aquecimento de +1,5°C, 13% a +2°C e 30% a +4°C.

Em particular, representam um risco crescente para as comunidades costeiras que são vítimas de fenómenos de submersão por ondas (também chamados de submersão marinha) amplificados pelo aumento do nível dos oceanos, que causam inundações e contaminação salina da terra e da água.

Devido ao aumento do nível do mar e aos fenómenos de inundações marinhas, mais de um mil milhões de pessoas viverão em cidades costeiras em risco até 2050, de acordo com o IPCC.

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