"O filho de todos": Rayan, o funeral

7 fev 2022, 16:01

Rayan, de cinco anos, foi retirado sem vida do poço onde caiu, após quatro dias de trabalhos de resgate e a esperança de que teria sobrevivido

Centenas de marroquinos estiveram presentes no último adeus a Rayan, o menino de cinco anos que não sobreviveu à queda num poço, "o filho de todos" os que viveram de perto os quatro longos dias de operação de resgate.

O caminho sinuoso e acidentado até ao cemitério de Ighran, na província de Chefchaouen, não impediu a despedida dos muitos que fizeram questão de esperar várias horas pelo funeral da criança, que nos últimos dias foi também deles, como fez questão de sublinhar um dos presentes na cerimónia.

"Tenho mais de 50 anos e nunca tinha visto tantas pessoas num funeral. Rayan é o filho de todos nós", disse um dos locais em entrevista à agência Reuters.

"Estou muito triste. Não poupámos esforços para salvar o menino. Escavámos 24 horas por dia em cinco dias, o que poderia levar semanas a fazer", acrescentou um dos voluntários que participou nas escavações.

Eram, aliás, tantos os presentes no funeral que não havia espaço suficiente nem no cemitério nem na zona destinada às orações para todos acolher.

"A morte de Rayan renovou a fé na Humanidade, com pessoas de vários países a expressarem solidariedade", observou outro local.

Junto à casa de Rayan foram também colocadas duas tendas para que as pessoas possam prestar condolências à família.

A morte de Rayan Awram gerou uma onda de solidariedade um pouco por todo o mundo. À televisão Al Oula TV, as palavras da mãe do menino, Wassima Kharchich, foram apenas de agradecimento. “Esta é a vontade de Deus. Quero agradecer a todos os esforços para ajudar”, afirmou, visivelmente emocionada. “Agradecemos imenso às pessoas e autoridades que nos ajudaram”, disse o pai, Khalid Awram.

Entre os chefes de Estado, o rei Mohammed VI comunicou as condolências à família por telefone na noite de sábado, informou a residência oficial, enquanto o presidente francês Emmanuel Macron disse sentir a dor da família de Rayan e dos marroquinos.

Durante a oração semanal no Vaticano, o Papa Francisco elogiou o povo do país magrebino pela união demonstrada. “As pessoas juntaram-se, como um todo, para salvar Rayan. As equipas de resgate fizeram o seu melhor, mas infelizmente não conseguiram”, lamentou o Sumo Pontífice.

Alguns clubes de futebol, como o Liverpool, o Manchester United, o Barcelona e o Sevilha, expressaram as suas condolências através das suas contas oficiais de língua árabe nas redes sociais. Na final da CAN, as seleções do Senegal e do Egito prestaram um minuto de silêncio antes do início do jogo.

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