Libertou-se das algemas, pregaram-lhe uma rasteira mas conseguiu fugir de 4 agentes: Lisboa-Algarve, a fuga "atabalhoada" de um recluso ("ou de um Houdini?")

CNN Portugal , BCE (notícia atualizada às 22:00)
13 nov, 17:58

Um homem esteve em fuga durante 24 horas depois de se ter conseguido libertar das algemas momentos antes de ser apresentado a tribunal, em Lisboa. Foi capturado no Algarve após uma denúncia de um popular, que notou as semelhanças com as imagens que circulavam na comunicação social

Domingo, 10 de outubro. Abdelkader Eddouh, 36 anos, tinha acabado de chegar ao aeroporto de Lisboa de um voo proveniente do estrangeiro com o objetivo de entrar em Portugal. No controlo de passageiros, o cidadão marroquino foi sinalizado como tendo um mandado de captura europeu e foi detido pela PSP ainda na zona das partidas. Era procurado na Alemanha por crimes de fogo posto.

Terça-feira, 12 de outubro. Foi transportado por uma carrinha celular da PSP até ao Tribunal da Relação de Lisboa, onde ser-lhe-iam aplicadas medidas de coação até à sua extradição para a Alemanha. Mas não chegou a entrar no edifício. Assim que os polícias abriram a porta da viatura, o homem pôs-se em fuga depois de se conseguir libertar das algemas de um dos pulsos. “Os polícias que efetuaram o transporte do detido foram surpreendidos”, adianta a PSP em comunicado.

E não era para menos. Afinal, deparavam-se com uma situação “insólita” em Portugal, como descreve o superintendente-chefe José Carlos Leitão, ex-diretor nacional adjunto da PSP, que confessa à CNN Portugal que nunca tinha visto um caso em que um detido conseguiu fugir retirando as algemas.

Joaquim Paias, lojista que testemunhou a fuga, revela à TVI (do mesmo grupo da CNN Portugal) que o homem “saiu a correr da carrinha celular” e foi perseguido por quatro agentes. Entretanto, o suspeito passou por uma fila de carros parados num semáforo e “alguém saiu de um dos carros e passou-lhe uma rasteira”. O homem “caiu ao chão” mas “conseguiu levantar-se rapidamente e continuou a correr”.

Henrique Machado, editor de Sociedade da CNN Portugal, acredita que esta fuga não foi premeditada, mas sim uma “situação de oportunidade”. É que o homem acabou por ser capturado na manhã desta quarta-feira, em Estômbar, no concelho de Lagoa, Algarve, depois de ter sido avistado por um popular, que notou as semelhanças físicas do homem com as fotografias do fugitivo que circulam na comunicação social e fez uma denúncia à GNR.

Os militares abordaram o suspeito e verificaram que “tinha na sua posse as algemas com as quais havia fugido”. Ao que a CNN Portugal apurou, o homem estava sem documentos, tendo sido detido e transportado para as instalações do posto local, onde se confirmou a identificação.

“É uma fuga algo atabalhoada”, descreve Henrique Machado, que acredita que o suspeito não tinha “um plano B, só um plano A”, uma vez que fugiu para o Algarve, “uma zona de baixa densidade populacional, onde mais facilmente podia ser reconhecido por alguém”.

Entretanto, para baralharar todo o processo, Portugal garante que a Alemanha se enganou na atribuição da nacionalidade do suspeito aquando da emissão do mandado de captura europeu. O Sistema de Segurança Interna (SSI) esclareceu à CNN Portugal que, "no sistema informático, no processo que é verificado aquando do tratamento dos títulos de residência (neste caso a renovação), pela AIMA, consta a informação que não existem medidas cautelares". Ora, de acordo com o SSI, "tal sucedeu devido à troca da nacionalidade (do homem em causa) na inserção dos dados no sistema pelas autoridades estrangeiras responsáveis."

Para o superintendente-chefe José Carlos Leitão, só há “duas hipóteses” que explicam esta fuga: “Ou houve erro humano no momento da algemagem e as algemas não foram colocadas corretamente ou então estamos aqui na presença de um Houdini que conseguiu, por artes de artesão, abrir a fechadura das algemas - que, não estando travadas, não é tão difícil de fazer”.

Para esclarecer as dúvidas, a PSP abriu um inquérito interno na terça-feira para apurar as circunstâncias da fuga. O homem vai ser agora presente ao Tribunal da Relação de Évora. A não ser que...

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