Frederico Pinheiro diz ter sido "ameaçado pelo SIS" e "injuriado e difamado" por Costa e Galamba

17 mai 2023, 15:21

Frederico Pinheiro fala numa "poderosa máquina do Governo"

O ex-adjunto do ministro das Infraestruturas acusou o pelo Serviço de Informações de Segurança (SIS) de o ter ameaçado, afirmando também ter sido injuriado e difamado pelo primeiro-ministro e por João Galamba, acusando a “poderosa máquina do Governo” de criar narrativa falsa.

“Enquanto cidadão anónimo sem poder de decisão, fui ameaçado pelo SIS, fui injuriado e difamado pelo primeiro-ministro e pelo ministro das Infraestruturas”, afirmou Frederico Pinheiro, na comissão de inquérito à TAP.

O ex-adjunto exonerado por João Galamba, que lembrou ter trabalhado em diferentes funções nos três governos de António Costa, acusou ainda a “poderosa máquina do Governo” de ter procurado criar uma “narrativa falsa sobre os factos ocorridos”, relativamente à reunião preparatória com o grupo parlamentar do PS e a ex-presidente executiva da TAP, em janeiro, e o caso do computador e agressões no Ministério das Infraestruturas.

"A minha competência, seriedade, empenho e lealdade nunca foram colocadas em causa ao longo de seis anos", disse, mesmo "apesar de não ser membro do PS".

"Uma mentira repetida mil vezes, apenas se torna inverdade se os defensores da verdade o permitirem, e eu não o permitirei. Mesmo que quem repita a mensagem sejam poderosos responsáveis políticos com os meios do Estado ao seu dispor", acrescentou o antigo adjunto de João Galamba.

Pressão "de cima" ao SIS

O ex-adjunto do ministro das Infraestruturas afirmo que o agente do SIS encarregue da recuperação do computador lhe disse que estava a ser pressionado “de cima” e que era melhor resolver a questão “a bem”.

“A pessoa que me telefonou é um homem que se identifica como agente do SIS [Serviço de Informações de Segurança], refere que está a ligar por causa do computador e da informação que lá está”, começou por explicar Frederico Pinheiro, questionado pelo deputado André Ventura, do Chega, sobre a intervenção daquela entidade na recuperação do seu computador de serviço, após ter sido exonerado por João Galamba, via telefone, em 26 de abril.

Alertado por familiares quanto à competência do SIS para aquela intervenção, Frederico Pinheiro disse ter expressado as suas dúvidas ao agente, que “refere que está a ser muito pressionado de cima”, admite saber que há informação classificada no computador e sugere que “o melhor” é resolver a questão “a bem”.

Segundo o ex-adjunto, “esta ameaça é repetida mais de duas vezes”.

O deputado do Chega pediu ao ex-adjunto do ministro das Infraestruturas que identificasse o agente do SIS que o contactou naquela noite, levando à intervenção do presidente da comissão de inquérito, António Lacerda Sales, que indicou não ser legítimo perguntar.

Frederico Pinheiro, que disse ter ficado chocado e incrédulo quando foi contactado pelo SIS, disse que informou o agente que já se tinha voluntariado para entregar o computador e, sabendo da importância da informação que lá estava, não podia simplesmente fazer a entrega sem ficar com um comprovativo.

“O agente do SIS diz que se eu entregasse o computador, nunca mais ouviria falar do mesmo”, referiu Frederico Pinheiro, provocando alguns risos na sala, acrescentando ter ficado combinado que a entrega do equipamento seria feita na rua da casa do ex-adjunto, pela meia-noite.

Frederico Pinheiro disse ainda que, “estranhamente, nunca foi preocupação do senhor ministro das Infraestruturas ou do Governo recuperar o telemóvel” de serviço, que se disponibilizou “voluntariamente para entregar”.

“Porquê? […] Era efetivamente no computador que eu guardava as notas sobre todas as reuniões em que participava e não no telemóvel. Ou ainda porque o objetivo do Governo não era a salvaguarda da informação classificada, mas sim a intimidação e ameaça a um cidadão sem qualquer poder político”, realçou o ex-adjunto, adiantando que ainda aguarda agendamento para a entrega daquele equipamento.

O também jornalista disse ainda que cerca de uma dezena de documentos sobre a TAP classificados por sua sugestão, depois de requeridos pela comissão parlamentar de inquérito, não estavam apenas no computador, mas também no telemóvel.

Questionado sobre o caso da indemnização paga à ex-administradora da TAP Alexandra Reis, uma vez que era adjunto do ex-ministro Pedro Nuno Santos, Frederico Pinheiro disse que aquele “processo foi decido ao nível político”, ao qual não tinha acesso.

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