Reação de Paulo Rangel à morte do fundador do PPD, do Expresso e da SIC
O ministro dos Negócios Estrangeiros, Paulo Rangel, sublinha o "papel determinante" que Francisco Pinto Balsemão teve na "política, nos media e na consolidação da democracia portuguesa".
“Queria transmitir à família, em particular, o meu pesar. Era um grande amigo, especialmente nestes últimos anos, e em particular antes e também durante a pandemia. Muitas vezes, também por via digital, tínhamos encontros semanais”, afirma Paulo Rangel, lembrando Balsemão como “um dos grandes vultos da política e da sociedade portuguesa dos últimos 60 anos”.
O ministro destaca o percurso de Balsemão como opositor ao Estado Novo, “tanto como jornalista, como deputado da ala liberal”, papel que considera “decisivo na revisão constitucional e na lei de imprensa” e que o levou a renunciar ao mandato “quando percebeu que não era possível uma transição política”.
“Fundou o Expresso, o prenúncio daquilo que seria uma sociedade democrática e ocidental. Foi uma voz lúcida.”
Paulo Rangel recorda também a ligação próxima entre Balsemão e Francisco Sá Carneiro, referindo que, após a morte de Sá Carneiro, Pinto Balsemão “foi a pessoa escolhida para primeiro-ministro”.
“Teve um papel decisivo na revisão constitucional de 1982, que pôs fim à tutela militar e criou uma verdadeira democracia ocidental. Há projetos que mudaram o país em zonas não urbanas e que também têm a sua marca”, destaca.
Depois da passagem pelo Governo, Rangel lembra ainda o papel de Balsemão como “homem da televisão livre”, nomeadamente com a fundação da SIC, “sempre com uma intervenção cívica profunda”.
O ministro sublinha duas características que mais o marcaram: “a frontalidade” e “o amor pela inovação”.
“Tinha o condão de dizer tudo o que pensava — o que não significava que ficasse chateado com as pessoas. Essa frontalidade era uma marca dele. E depois o amor pela inovação: ouvia-o falar sobre o futuro dos media, sobre o papel da inteligência artificial e do digital. Era um homem sempre interessado pela modernidade.”