Francisco George: "Portugueses têm de perceber que não há nenhum alarme"

30 dez 2021, 00:29

Ao longo dos últimos dias, foram vários os especialistas a sugerirem a alteração das normas e procedimentos naquela a que se chama a nova fase da pandemia. Pedro Simas e Francisco George debateram o tema na CNN Portugal

Apesar de Portugal ter batido esta quarta-feira um novo máximo diário de infeções, podemos estar perante um novo capítulo da pandemia. E está lançada a discussão sobre a mudança de estratégia que nos pode levar à tão esperada fase endémica.

Há cada vez mais peritos a defender que Portugal deve deixar a covid-19 circular, que os testes estão a ser uma obsessão e que as restrições já não fazem sentido. Segundo esta abordagem, a máscara deve continuar a ser usada. Falta, no entanto, consenso sobre quando Portugal deve permitir a imunidade natural.

Confrontado pela rejeição de Graça Freitas à imunização natural, Pedro Simas afirma à CNN Portugal que uma coisa é certa: "Não entramos em endemia se o vírus não circular" e que, por isso, "a política de vacinar constantemente massivamente a população é irrealista em qualquer parte do mundo".

O virologista frisa que Portugal tem um número elevado de infeções diárias, mas que o Conselho de Virologia considera ser "níveis endémicos normais": infeções altas, mas que não se traduzem em níveis de mortalidade altos. Ainda assim, concorda com a Diretora-Geral de Saúde no que diz respeito à prudência, contudo frisa que já sabemos "bastante" sobre a Ómicron.

"Temos uma imunidade que construímos e uma oportunidade de a melhorar"

Já Francisco George, também em debate no PrimeTime da CNN Portugal, chama a atenção para as falhas na comunicação e esclarece: "Estes casos que são relatados não são casos, são infeções", algumas com quadro sintomático ligeiro e muito poucas que necessitem cuidados médicos especializados.

Nesse âmbito, o antigo Diretor-geral de Saúde diz ser mais indicativo olharmos para os dados da ocupação em Unidades de Cuidados Intensivos, que revelam a gravidade da atividade viral. E, neste caso, "ainda não há nenhum alarme".

Uma opinião partilhada por Pedro Simas, que acrescenta que Portugal tem 90% da população vacinada e ainda um reforço da terceira dose. "Temos uma imunidade que construímos e uma oportunidade de a melhorar, transitando para imunização natural".

"Não consigo imaginar uma situação como a de há um ano", afirma Pedro Simas.

E sobre medidas? "Tudo o que seja esta loucura dos testes não é bom, nem fechar escolas", admite o virologista. "Temos que adotar o sistema de, por defeito, estamos em situação endémica e vamos nos comportar como tal, com cuidados reforçados", aponta, lamentando que "o que está aqui a complicar é esta obsessão em testar: em situação de endemia estes testes nunca seriam feitos".

Terceiras doses, máscaras e higiene são, para Pedro Simas, a solução. E reconsiderar as medidas se o país atingir as linhas vermelhas. "Até não atingirmos as linhas vermelhas vivemos normalmente. Porque é que vamos fechar escolas e discotecas?" Mas o virologista vai mais longe e aponta que, se há algo que a pandemia mostrou, é que "as medidas intermédias de confinamento não funcionam".

Francisco George conclui com uma palavra de "tranquilidade geral": "Eu não estou preocupado. Todos os infetados sabem o que devem fazer. Estamos a observar um fenómeno natural de muita positividade".

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