Paris: após o atentado, comunidade curda sai à rua esta segunda-feira e marca manifestação para 7 de janeiro

25 dez 2022, 19:09

Os membros do Conselho Democrático Curdo estiveram reunidos durante várias horas, esta tarde, e decidiram marcar uma concentração e uma marcha lenta que irá do Centro Cultural até à rua La Fayette. Suspeito do atentado de sexta-feira será presente a um juiz na segunda-feira

A comunidade curda marcou uma concentração pacífica para esta segunda-feira ao meio-dia (hora local, 11:00 em Lisboa) à porta do Centro Cultural Curdo, em Paris, onde três pessoas foram mortas a tiro na sexta-feira, por motivos xenófobos. Pelas 14:00 locais (13:00 em Lisboa), os manifestantes irão sair numa marcha lenta até à rua Lafayette - a rua, no mesmo bairr,  onde três ativistas do Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK) foram mortas a 9 de janeiro 2013. Quase dez anos depois desse atentado, o caso continua por resolver até hoje. Um cidadão turco chegou a ser acusado do assassínio, embora a suspeita também recaísse sobre o serviço de inteligência turco.

Os membros do Conselho Democrático Curdo estiveram reunidos durante várias horas, esta tarde, e decidiram também marcar uma manifestação para 7 de janeiro.

O homem de 69 anos suspeito de matar a tiros três curdos em Paris antes do fim de semana de Natal disse aos investigadores que o seu objetivo era matar imigrantes ou estrangeiros e depois a si mesmo, segundo os promotores citados pela agência Associated Press.

O homem matou três pessoas perto de um centro cultural curdo na sexta-feira e feriu outras três, até ser desarmado e dominado por uma das vítimas feridas. Foi detido no local e levado para uma prisão psiquiátrica. O seu nome não foi divulgado mas sabe-se que chegou a estar em prisão preventiva por dois ataques racistas, mas que foi libertado.

Neste momento, atirador já não está nos cuidados psiquiátricos, encontrando-se no quartel-general da polícia de Paris. O que quer dizer que muito na segunda-feira será presente a um juiz. Ele é acusado pelo Ministério Público de quatro crimes: homicídio com motivação racial, tentativa de homicídio, violência e uso ilegal de armas.

A promotoria pública esclareceu em um comunicado, já este domingo, que o suspeito disse aos investigadores que o gatilho para este comportamento foi um assalto em sua casa em 2016, provocando o que ele definiu como “um ódio contra estrangeiros que se tornou completamente patológico”.

O suspeito disse aos investigadores que, na manhã do tiroteio, foi armado para o subúrbio parisiense de Saint-Denis com o objetivo de matar estrangeiros, mas mudou de ideias e dirigiu-se então para o centro curdo em Paris, que fica perto da casa dos seus pais. Abriu fogo contra uma mulher e dois homens, depois entrou num salão de beleza administrado por curdos do outro lado da rua e atirou contra três homens. Um dos homens feridos no salão de cabeleireiro conseguiu detê-lo e segurá-lo até à chegada da polícia, segundo o comunicado do promotor.

O homem disse aos investigadores que não conhecia as vítimas e descreveu todos os “estrangeiros não europeus” como seus inimigos.

Dois dos feridos ainda estavam hospitalizados no domingo com ferimentos nas pernas. Os investigadores estão a analisar o computador e o telefone do suspeito, mas não encontraram nenhum vínculo com qualquer movimento de ideologia extremista, segundo o comunicado.

O tiroteio num movimentado bairro parisiense causou revolta na comunidade curda e despertou preocupações sobre crimes de ódio num momento em que as vozes de extrema-direita ganham destaque na França e em toda a Europa. A seguir ao atentado, a comunidade curda realizou uma manifestação na manhã de sábado na praça da república, em Paris, na qual se registaram violentos confrontos entre manifestantes curdos e a polícia francesa.

 

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