Crianças amarradas e cobertas de excrementos. Polícia francesa descobre "cenário de horror" em Pas-de-Calais

5 set 2022, 11:56
Polícia - França

Pais foram acusados de violência contra menores e violação dos hábitos de higiene dos filhos. Operação foi desencadeada após a denúncia do filho mais velho que tinha sido expulso de casa pelos pais

Um "cenário de horror". É desta forma que a polícia descreve o que encontrou numa casa em Noyelles-sous-Lens (Pas-de-Calais) depois da denúncia de um jovem de 24 anos.

Segundo o jornal actu Pas-de-Calais, a 30 de agosto, o rapaz dirigiu-se a uma esquadra para apresentar queixa contra os pais que o teriam expulso de casa. Junto com a queixa, o jovem denunciou ainda os progenitores de maus-tratos aos irmãos, dizendo que os mesmo viviam um pesadelo.

E foi isso que os agentes descobriram quando, às 9:30, entraram numa casa em Noyelles-sous-Lens. Duas crianças, de dois e cinco anos, estavam amarradas em cadeiras altas e cobertas em excrementos. Segundo fonte policial àquele jornal, a de dois anos nunca tinha sequer tocado o chão tendo, de acordo com o jornal Le Parisien, apresentando atrasos na fala e problemas de motricidade.

No total, o casal tinha dez filhos tendo o mais novo dois anos e o mais velho 24 anos, o que fez a denúncia. Todos os filhos estiveram presentes durante a intervenção policial. Os mais velhos revelaram aos agentes que as vidas foram marcadas pela violência, com espancamentos constantes, e pela privação de liberdade.

Para além da falta de higiene, as crianças eram ainda alvo de violência repetida e só podiam sair das cadeiras se os pais assim decidissem, sendo que apenas podiam andar dentro de casa, estando proibidos de sair para o exterior.

Questionado pelos jornalistas, o autarca de Noyelles-sous-Lens, Alain Roger, afirmou ter ficado "atordoado" com a descoberta do caso, até porque a residência em causa, que é gerida pela associação Soliha, fica perto da câmara municipal.

"Para nós, não é uma família fechada. Vemos a família regularmente, as crianças estão no jardim de infância e na escola primária e vemos a mãe levá-los. Não estão registados nos serviços sociais do município. Dá arrepios saber o destino reservado para as crianças…”, afirmou.

Os pais, que recebiam 2.700 euros de abonos por mês, foram detidos e confessaram os crimes, dizendo que amarravam as crianças para que estas "não fizessem asneiras", avança o jornal l’Avenir de l’Artois. O pai, de 44 anos, trabalhava no mercado negro de mecânica automóvel, enquanto a mãe estava desempregada. Presentes a tribunal, ficaram em prisão preventiva. De acordo com o Código Penal francês, podem ser condenados a dois anos de prisão e a uma multa de 30 mil euros. As crianças, que tiveram de ser lavadas antes de serem levadas, estão aos cuidados do Estado.

Não foi divulgada até ao momento a idade dos outros filhos, estando o caso sob investigação.

O caso faz lembrar a casa dos horrores, na Califórnia, que foi descoberta depois de uma das 13 filhas de David Turpin e Louise Turpin ter fugido pela janela e alertado a polícia para o cativeiro em que vivia com os irmãos. Os pais acabariam condenados a prisão perpétua por 12 crimes de tortura, seis crimes de abuso de crianças, sete crimes de abuso a adultos dependentes e 12 crimes por manterem as crianças em cativeiro.

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