Quem ganhou o debate? Macron foi "como um lutador de boxe, atacando a sua adversária até encostá-la às cordas", mas Le Pen não saiu "de maca"

CNN Portugal , MJC
21 abr 2022, 12:03
Debate entre Emmanuel Macron e Marine Le Pen (Ludovic Marin/AP)

De acordo com os jornais franceses, Emmanuel Macron foi o vencedor do debate de quarta-feira à noite, apesar de ter de controlar a sua arrogância. Já Marine Le Pen esteve melhor do que há cinco anos, mas não conseguiu impôr-se

Emmanuel Macron "escolheu uma postura agressiva frente a Marine Le Pen", diz o Le Monde sobre o debate entre os dois candidatos presidenciais na quarta-feira à noite. "Assumindo o risco de parecer arrogante, o atual presidente tentou desestabilizar a candidata de extrema-direita", diz o jornal, concluindo que Macron agiu "como se finalmente quisesse lançar todas as suas forças na batalha pela eleição presidencial, quatro dias antes da segunda volta", no próximo domingo.

Se, até aqui, Macron parecia estar a jogar pelo seguro, evitando até participar em muitas ações de campanha, agora o presidente decidiu mudar a sua postura, interrompendo várias vezes a adversária e "fazendo acusações, em particular sobre a sua proximidade com a Rússia, Macron tentou metodicamente desestabilizá-la, cinco anos após o fracasso de Marine Le Pen no seu primeiro debate presidencial", escreve o jornal francês: "Como um lutador de boxe, atacando a sua adversária até encostá-la às cordas".

Para o jornal Le Figaro, "Macron domina, Le Pen segura o choque". Segundo este jornal, apesar da sua atitude claramente mais agressiva, não é claro que o atual presidente tenha ganho a noite: "Emmanuel Macron e Marine Le Pen encontraram-se na noite de quarta-feira como há cinco anos, finalistas nas eleições presidenciais, de acordo em nada, contrários em tudo. Com uma diferença. A atitude da candidata da União Nacional. A agressividade deu, pouco a pouco, lugar à calma e concentração. A ponto de dar a impressão de uma inversão de papéis em relação a 2017. Emmanuel Macron no ataque, Marine Le Pen na defensiva. Tanto que, livres dos excessos de há cinco anos, as diferenças fundamentais entre os dois candidatos apareceram com mais clareza. Em particular sobre a questão central do poder de compra, tema em redor do qual Marine Le Pen dirigiu toda a sua campanha".

O L'Express confirma que, naquelas duas horas e 45 minutos de debate, Marine Le Pen "apareceu novamente em dificuldades". "Mais ofensivo, Emmanuel Macron conseguiu levar Marine Le Pen para o campo da técnica e dos números, tornando o debate menos animado, mas também mais fácil para ele", escreve este jornal, sublinhando que, apesar de todos os esforços, a candidata da extrema-direita não se sente muito à vontade nas questões económicas.

"Foi um duelo em que à candidata da extrema-direita faltaram respostas", escreve o Libération, que tal como o Le Monde recorre à metáfora da luta de boxe: "A cadidata da extrema-direita não deixou o ringue numa maca", conclui este jornal. "Ela não se ridicularizou ao ponto de se perder nos seus arquivos, como em 2017. No entanto, não conseguiu fazer muito melhor. Na defensiva durante todo o debate, deixando os seus argumentos sobre "imigração" e "islamismo" no armário, ela nunca colocou o seu adversário em dificuldade", lê-se na análise.

E conclui o Libération: "Macron é o vencedor por pontos, não houve KO desta vez. O chefe de Estado, voluntariamente professoral, às vezes condescendente quando se inclina na cadeira para exagerar a facilidade, parece estar a corrigir uma cópia da aluna Le Pen. Mas nem sempre escapa à arrogância, traço de caráter que muitas vezes lhe é censurado."

De acordo com a sondagem Ipsos-Sopra Steria para o Le Monde, publicada na quarta-feira, 20 de abril, Macron venceria com 56% dos votos, contra 44% de Marine Le Pen. Resta saber como serão as intenções de voto depois do debate de ontem à noite. O debate teve 15,6 milhões de espectadores em França - foi o debate presidencial com a mais baixa audiência no país, desde 1974.

Relacionados

Europa

Mais Europa

Patrocinados