Este homem recrutou mais de 70 estranhos para violar a mulher depois de a drogar. Caso que chocou França começa a ser julgado

2 set, 15:26
Justiça

Dominique P, de 71 anos, está a ser julgado, juntamente com outros 50 homens, pelo alegado abuso da sua mulher durante vários anos na casa do casal na Provença. O julgamento em Avignon deverá durar pelo menos quatro meses. Os arguidos arriscam 20 anos de cadeia caso venham a ser condenados

Um homem que terá drogado a mulher e recrutado mais de 70 estranhos para violá-la na própria casa durante quase uma década vai começar a ser julgado esta segunda-feira. 

O caso, que chocou França, leva ainda a julgamento em Avignon outros 50 homens acusados de terem feito parte dos abusos.

Segundo a polícia, Dominique P. esmagava comprimidos para dormir e para a ansiedade, misturando-os no jantar ou no vinho da mulher na casa de ambos em Mazan, na Provença.

O marido recrutaria depois outros homens para violar e abusar sexualmente da companheira, recorrendo a plataformas digitais cujos membros assumiam a fantasia de levar a cabo atos sexuais não consentidos.

Os homens eram instruídos a não usarem qualquer tipo de fragrância e a não fumarem, para não correrem o risco de a mulher se aperceber da sua presença. Além disso, tinham a indicação para abandonar a casa se ela mexesse sequer um braço, explicaram os investigadores.

O pensionista acabou detido em novembro de 2020, depois de ter sido apanhado por uma câmara de videovigilância a filmar por baixo das saias de mulheres num supermercado.

A polícia encontrou depois uma pasta chamada “abusos” numa pen que estava ligada ao computador do principal arguido. Nela encontravam-se mais de 20 mil imagens e vídeos da sua mulher a ser violada cerca de uma centena de vezes.

Os registos mostram que o francês terá obtido 450 comprimidos para dormir em apenas um ano. Desde que foi detido, declarou-se sempre culpado.

Lista diversificada

Além de Dominique P., a lista dos 50 homens que vão a julgamento inclui um conselheiro local, enfermeiros, um jornalista, um antigo polícia, um guarda prisional, um soldado e um bombeiro. Viviam todos perto de Mazan, uma cidade com cerca de seis mil habitantes. Estes homens tinham entre 26 e 73 anos na altura em que foram detidos.

Muitos dos acusados rejeitaram as acusações, explicando à polícia que não faziam ideia de que a mulher não autorizava aqueles atos sexuais e acusando Dominique P. de os ter enganado. 

As autoridades não conseguiram identificar mais de 30 homens que participaram nestes abusos.

Segundo os investigadores, a mulher era drogada “até quase a um estado de coma”. Daí que não tivesse qualquer memória desses atos. Quando soube deles, ficou devastada, explicaram.

A mulher chegou a acordar em pânico por ter um novo corte de cabelo. Ao ir à cabeleireira foi-lhe dito que tinha estado lá no dia anterior, algo de que ela não tinha recordação.

A mulher acreditaria ter uma doença sem explicação e chegou a consultar vários médicos, sempre acompanhada pelo marido, que atirava as culpas para o cansaço de ter de tomar conta dos netos. Outros familiares, incluindo os filhos, chegaram a suspeitar tratar-se de Alzheimer.

Caso paralelo

Dominique P. também é acusado da violação e homicídio de uma agente imobiliária de 23 anos em Paris no ano de 1991. A mulher foi drogada, violada e esfaqueada no peito.

Outra agente imobiliária de 19 anos foi atacada em situação semelhante. Contudo, conseguiu escapar depois de resistir ao ataque. A polícia explicou que o ADN retirado naqueles locais corresponde ao de Dominique P.

O julgamento em Avignon deverá durar pelo menos quatro meses. Os homens arriscam 20 anos de cadeia caso venham a ser condenados.

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