O fotógrafo Sebastião Salgado, nascido em Minas Gerais, no Brasil, morreu em Paris esta sexta-feira, confirma o instituto fundado juntamente com a sua mulher
Morreu o fotógrafo brasileiro Sebastião Salgado, aos 81 anos, esta sexta-feira. A informação foi confirmada pelo Instituto Terra, fundado pelo artista e pela sua mulher, Lélia Anick. O fotógrafo morreu em Paris. A causa da morte não foi divulgada.
Nascido em 1944 em Minas Gerais, Sebastião Salgado deixa dois filhos. O fotógrafo iniciou a sua carreira em 1973 e já visitou mais de 100 países para desenvolver projetos na sua área.
Em 2014, o documentário O Sal da Terra, co-dirigido pelo premiado cineasta alemão Wim Wenders e por Juliano Ribeiro Salgado, filho de Sebastião, foi premiado em Cannes e indicado ao Oscar de Melhor Documentário.
"Amazónia impactou-me profundamente"
O fotógrafo Sebastião Salgado falou com a CNN em 2022 sobre uma das suas exposições na cidade de São Paulo. A exposição “Amazónia” estava em cartaz na capital paulista depois de passar por Paris, Londres e Roma.
O evento incluía 194 fotografias e uma verdadeira experiência de imersão na floresta amazónica brasileira e todo o seu povo.
Em conversa com a CNN, Salgado contou que ele e a sua esposa, Lélia Wanick – que idealizou e montou a exposição, baseada no livro do fotógrafo “Amazónia”, lançado em 2021 –, inspiraram-se nos sete anos que passaram a fotofrafar as florestas, os rios, as montanhas e os indígenas dessa região, que cobre o Norte do Brasil e se estende a mais oito países sul-americanos, ocupando um terço do continente. “A Amazónia impactou-me profundamente”, disse na altura.
“É um privilégio. É um espaço com mais de 180 culturas e línguas diferentes. Sem dúvida o espaço amazónico possui a maior concentração cultural do planeta.”
Entre as fotografias de Salgado, uma banda sonora elaborada pelo compositor francês Jean-Michel Jarre a pedido do fotógrafo dá o tom imersivo à experiência de se estar ali. Jarre teve acesso ao Museu de Etnologia da cidade de Genebra, na Suíça, e utilizou os sons da floresta que, segundo Salgado, são o fio condutor de todo o trabalho. “Ele compôs uma música de 52 minutos que usa esses sons no fundo. É uma música linda”, observou.
O fotógrafo adiantou, na altura, que viu uma diferença muito grande entre a Amazónia dos anos 1980 e do começo dos anos 2000, períodos que passou na região. “Vi que estava a haver uma predação imensa do território. Então resolvi, como brasileiro, abdicar de alguns anos da minha vida para realizar um trabalho sobre o bioma amazónico. A exposição não é só das comunidades indígenas, é também delas.”
“Os povos indígenas jamais estiveram tão ameaçados quanto hoje, mas existem organizações que estão a trabalhar na mesma intensidade, como uma linha da frente na luta pelo bioma amazónico.”
Sebastião Salgado traduz a sua vida na sua linguagem . a fotografia. “Fotografia é a minha vida, o que penso, acredito, amo. Está tudo dentro dela.”
“Amazónia” está em cartaz até 10 de julho em São Paulo. Estreia no Museu do Amanhã, no Rio de Janeiro, no dia 19 de julho.