Jovens europeus detidos em África por tráfico. Foram apanhados com cinco mil formigas

CNN
16 abr, 19:54
(Brian Inganga/AP)

Dois adolescentes belgas foram acusados, esta terça-feira, de pirataria de animais selvagens, depois de terem sido encontrados com milhares de formigas acondicionadas em tubos de ensaio, o que, segundo as autoridades quenianas, faz parte de uma tendência para o tráfico de espécies mais pequenas e menos conhecidas.

Lornoy David e Seppe Lodewijckx, dois jovens de 19 anos que foram detidos a 5 de abril com cinco mil formigas numa casa de hóspedes, pareciam perturbados durante a sua comparência perante um magistrado em Nairobi e foram confortados na sala de audiências por familiares. Disseram ao magistrado que estavam a apanhar as formigas por diversão e que não sabiam que isso era ilegal.

Num processo penal separado, o queniano Dennis Ng'ang'a e o vietnamita Duh Hung Nguyen também foram acusados de tráfico ilegal no mesmo tribunal, depois de terem sido detidos na posse de 400 formigas.

O Serviço de Vida Selvagem do Quénia (KWS) afirmou que os quatro homens estavam envolvidos no tráfico de formigas para mercados na Europa e na Ásia, e que as espécies incluíam a messor cephalotes, uma formiga colhedora distinta, grande e de cor vermelha, nativa da África Oriental.

A exportação ilegal das formigas “não só compromete os direitos soberanos do Quénia sobre a sua biodiversidade, como também priva as comunidades locais e as instituições de investigação de potenciais benefícios ecológicos e económicos”, afirmou o KWS em comunicado.

Lornoy David e Seppe Lodewijckx em tribunal (Brian Inganga/AP)

No passado, o Quénia lutou contra o tráfico de partes do corpo de espécies maiores de animais selvagens, como elefantes, rinocerontes e pangolins, entre outros. Mas os casos contra os quatro homens representam “uma mudança nas tendências do tráfico - de grandes mamíferos icónicos para espécies menos conhecidas, mas ecologicamente críticas”, afirmou o KWS.

Os dois belgas foram detidos no condado de Nakuru, no Quénia, onde se situam vários parques nacionais. As cinco mil formigas foram encontradas numa casa de hóspedes onde estavam alojados e estavam acondicionadas em 2.244 tubos de ensaio que tinham sido enchidos com algodão para permitir que as formigas sobrevivessem durante meses.

Os outros dois homens foram detidos em Nairobi, onde se descobriu que tinham 400 formigas nos seus apartamentos.

As autoridades quenianas avaliaram as formigas em um milhão de xelins (cerca de sete mil euros). Os preços das formigas podem variar muito consoante a espécie e o mercado.

Philip Muruthi, vice-presidente para a conservação da Africa Wildlife Foundation em Nairobi, disse que as formigas desempenham o papel de enriquecer os solos, permitindo a germinação e fornecendo alimento para espécies como as aves.

“O problema é que quando vemos uma floresta saudável, como a floresta de Ngong, não pensamos no que a está a tornar saudável. São as relações que se estabelecem ao longo de todo o caminho, desde as bactérias às formigas e às coisas maiores”, afirmou.

Muruthi alertou para o risco de tráfico de espécies e de exportação de doenças para o sector agrícola dos países de destino.

“Mesmo que exista comércio, este deve ser regulamentado e ninguém deve apropriar-se dos nossos recursos sem mais nem menos”, afirmou.

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