Há dezenas de incêndios em Portugal, mas quatro ocorrências em específico formam um quadrado infernal no meio do país
É numa faixa separada por cerca de 100 quilómetros que quatro incêndios estão a rodear uma parte significativa do território português. Sátão em cima, Piódão em baixo e Viseu e Trancoso de cada um dos lados fazem um quadrado infernal que junta centenas de meios no combate a quatro dos fogos mais perigosos neste momento, divididos pelo local onde se juntam Coimbra, Guarda e Viseu.
Só estes quatro incêndios juntam cerca de 1.500 operacionais, 480 meios terrestres e 23 meios aéreos, ameaçando várias aldeias numa zona de difícil acesso, onde as imagens mostram colunas de fumo sem fim a pintar a paisagem.
Era assim ao cair da tarde em Arganil, onde arde o fogo do Piódão, nesta altura o mais preocupante, já que concentra quase 700 operacionais.
Ali ao lado, em Trancoso, o fogo já consumiu quase 14 mil hectares - 14 mil campos de futebol, para se ter uma ideia. Só desde sábado, naquela zona ardeu o equivalente às cidades de Lisboa e Porto juntas.
O Sistema Europeu de Informação sobre Incêndios Florestais (EFFIS), que se baseia em imagens de satélite do programa Europeu Copernicus, precisa que a área ardida do incêndio que começou em Trancoso e alastrou para os concelhos de Fornos de Algodres, Aguiar da Beira e Celorico da Beira totaliza 13.741 hectares.
O Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF) dá conta que desde 1 de janeiro arderam em Portugal 63.247 hectares, metade dos quais nas últimas três semanas, e deflagraram 5.963 incêndios, sendo a maioria nas regiões do Norte e Centro.
A área ardida este ano é nove vezes maior do que no mesmo período do ano passado e a segunda desde 2017.
Portugal está em situação de alerta devido ao risco de incêndio rural desde 2 de agosto, prevendo-se que o tempo quente prolongue essa situação por mais alguns dias.