São cinco dias em que o país foi fustigado por incêndios
Foi uma ausência notada durante quase toda a semana, depois de o país ter sido engolido por fogos que consumiram, em apenas cinco dias, quase 95 mil hectares, levando consigo cinco vítimas mortais, dezenas de feridos e destruindo muitas casas de primeira habitação.
Minutos antes de o comandante da Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil (ANEPC) ter anunciado que os fogos de Aveiro, onde a situação foi mais crítica, foram "completamente dominados", a ministra da Administração Interna quebrou o silêncio numa conferência em que começou por justificar essa mesma ausência com o que recomendam as "boas práticas".
"Há um tempo para prevenir, um tempo para agir e acompanhar os profissionais e um momento para acompanhar funerais e as famílias daqueles que perderam as vidas no combate e, finalmente, há um momento como este para falarmos ao país", disse, falando numa situação que "ainda não terminou.
Margarida Blasco anunciou que Portugal teve, durante estes dias, "o maior dispositivo de combate a incêndios alguma vez mobilizado no país", passando depois a explicar "o que aconteceu, o que foi feito e porquê". Esta é a fita do tempo da última semana.
12 de setembro - foi há uma semana que Proteção Civil e Instituto Português do Mar e da Atmosfera confirmaram que vinha aí uma situação excecional em termos de clima. O presidente da ANEPC já o tinha dito à CNN Portugal, a ministra da Administração Interna confirmou. As autoridades contactaram o Governo para avisar sobre um possível agravamento do risco de incêndio, sobretudo a partir de 14 e 15 de setembro, fim de semana, mas com especial incidência a 16 e 17 de setembro.
13 de setembro - com esse conhecimento, a ANEPC decide elevar o estado de alerta para amarelo logo no dia seguinte, pedindo à GNR que reforce o patrulhamento e a vigilância nas florestas portugueses, enquanto as autoridades competentes também emitiram alertas nas autoestradas.
14 de setembro - no início do fim de semana, e com o agravamento da situação a chegar, o Ministério da Administração Interna solicita às autoridades competentes um ponto da situação. Da ANEPC ouve uma resposta: é elevado o estado de alerta para laranja em 11 das 24 sub-regiões do país, desenhando-se ainda um mapa com as ocorrências mais significativas. É ainda estabelecido que serão feitos briefings diários com um ponto de situação e apelo à população, solicitando-se também o envio de SMS aos portugueses a avisar para a situação excecional. Durante todo este período o primeiro-ministro, Luís Montenegro, é mantido a par do que está a ser feito, mas também do agravamento da situação meteorológica e do risco de incêndio. É ainda neste dia que várias pastas do Governo, incluindo a Administração Interna, a Defesa ou a Saúde, decidem declarar a situação de alerta entre as 13:00 de 15 de setembro e as 23:59 de dia 17. GNR e PSP colocam de imediato um dispositivo em elevado grau de prontidão para proteção e socorro das populações.
15 de setembro - com os primeiros fogos a surgirem em força, nomeadamente no Fundão e em Oliveira de Azeméis, a ANEPC realiza a primeira conferência de imprensa, avisando para a situação excecional e pedindo prevenção à população. Já aí o comandante daquela autoridade admitia "três dias muito complicados em termos de incêndios rurais". E foi mesmo assim.
16 de setembro - já com as primeiras notícias graves, como a morte de um bombeiro em Oliveira de Azeméis ou a destruição de várias casas, incluindo no concelho de Albergaria-a-Velha, um dos mais afetados, a ANEPC decide elevar o alerta para vermelho, nomeadamente pela deflagração de vários fogos em simultâneo - chegaram a ser mais de 150 -, mas também pela continuidade de um muito elevado número de ignições, grande parte delas noturnas. Nesse mesmo dia, às 07:50, a ANEPC solicita a ativação do Rescue, o mecanismo europeu de Proteção Civil, pedindo especificamente o envio de apoio com meios aéreos pesados, o que foi "autorizado de imediato" pela ministra da Administração Interna. Seguiram-se contactos diretos com o primeiro-ministro e com a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, que de "imediato aceitou o pedido". A ANEPC intervém então junto dos seus homólogos europeus, recebendo respostas positivas de Espanha, França, Itália e Espanha. Ainda neste dia chega a primeira parelha de Canadair, vinda de Espanha.
17 de setembro - chegam as outras três parelhas de Canadair e o Governo decide acionar o protocolo com Espanha, recebendo 400 operacionais e helicópteros pesados, além de também ativar o acordo com o reino de Marrocos, que também envia uma parelha de Canadair. Num Conselho de Ministros extraordinário é decidido declarar a situação de calamidade, dando reforçada capacidade às autoridades para atuarem no terreno. É também anunciada uma equipa multidisciplinar para lidar com a situação.
18 de setembro - chega a parelha de Canadair de Marrocos e as autoridades decidem prorrogar a situação de alerta até dia 19 ao fim do dia.
19 de setembro - minsitra quebra o silêncio, dando a conhecer todos os passos aqui enunciados.