Diretora-geral do FMI afasta recessão, mas também "melhoria drástica" em 2023

Agência Lusa , NM
20 jan 2023, 13:28
Kristalina Georgieva

Kristalina Georgieva reconheceu que não está "completamente otimista"

A diretora-geral do Fundo Monetário Internacional (FMI) mostrou-se cautelosa quanto à recuperação da economia mundial em 2023 e excluiu uma recessão, embora não acredite que haja "uma melhoria drástica" na atual previsão de crescimento, de 2,7%.

No último dia da edição do Fórum Davos deste ano, Kristalina Georgieva, juntamente com a presidente do Banco Central Europeu (BCE), Christine Lagarde, o governador do Banco Central do Japão, Haruhiko Kuroda, e o ministro das Finanças francês, Bruno le Maire, analisaram as políticas necessárias para impulsionar o crescimento global.

FMI não está "completamente otimista"

Georgieva reconheceu que a sua impressão é "um pouco melhor do que há alguns meses atrás", mas não "completamente otimista", apesar do facto de "a inflação ter melhorado e estar a ir na direção certa", e que o crescimento da China pode mais uma vez exceder a média global este ano.

Além disso, o mercado de trabalho está em excelente forma e os consumidores estão "a consumir e a sustentar o crescimento", refere.

Sem querer posicionar-se como "nem demasiado otimista nem demasiado pessimista", alertou para riscos como a incerteza sobre a evolução da inflação, que está numa tendência descendente que pode inverter-se, e a rutura das cadeias de abastecimento, um dos efeitos da guerra na Ucrânia que tem tido um grande impacto no comércio, o motor do crescimento nas últimas décadas.

Lagarde, que esta semana reiterou no Fórum de Davos que a inflação "permanece a níveis muito elevados", também reconheceu "alguma melhoria" e admitiu que a situação "não é tão má como se temia", embora o ano financeiro de 2022 tenha sido "extremamente raro", com taxas de crescimento invulgares.

Economia chinesa "acorda"

A China acordou de novo, pretende crescer 5,5% e tornou-se claro que "a sua política de 'covid zero' causará muitas vítimas, mas permitirá ao país regressar ao caminho do crescimento", salientou.

E, consideram, naturalmente, isto irá de novo fazer subir os preços da energia e, consequentemente, afetar a inflação, assim que o país asiático começar a aumentar a sua procura.

Sobre o tema das possíveis subidas das taxas de juro, Lagarde insistiu que "manter o curso é o mantra da política monetária do BCE".

O japonês Kuroda, que defendeu os esforços do seu país para regressar ao caminho do crescimento após décadas de deflação, optou por um otimismo moderado e previu que a economia do país "pode crescer entre 1% e 2% nos próximos dois anos".

Le Maire preferiu concentrar-se num dos temas principais do Fórum de Davos deste ano, a luta contra as alterações climáticas e a descarbonização, e assinalou que "não se trata da China, dos Estados Unidos ou da Europa, mas sim do clima".

Na sua opinião, tudo o que se faça, "tudo o que se invista deve ir nesta direção" ou então a conta será "infinitamente mais cara".

A posição do FMI, disse Georgieva, é a mesma, razão pela qual a organização incentiva o investimento de capital público e privado "neste setor em particular e nos países emergentes em geral", uma vez que os acordos "verdes" podem "não ser eficazes nos países emergentes".

Le Maire salientou também a urgência de "pôr fim à guerra na Ucrânia, que não é um conflito regional, mas global, e que tem um impacto direto no preço das matérias-primas e da energia, além de constituir uma ameaça aos valores europeus comuns".

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