Houve pessoas em "jaulas", "espancadas" e sem "comer durante vários dias", dizem portugueses da flotilha. "Se eles nos fazem isto, imaginem aos prisioneiros palestinianos"

6 out, 00:30

"Todos nós passámos fome e sede. Fomos algemados, fomos vendados. (…) As celas estavam absolutamente sobrelotadas", diz Miguel Duarte, que refere que alguns ativistas passaram 48 horas sem comer. Portugueses da flotilha já regressaram e foram recebidos em euforia

Os quatro portugueses que participaram na flotilha Global Sumud e foram detidos por Israel na semana passada tiveram uma receção eufórica em Lisboa, perto da meia-noite. À chegada, Mariana Mortágua, Sofia Aparício, Miguel Duarte e Diogo Chaves falaram à imprensa sobre as suas experiências no tempo em que estiveram sob custódia das autoridades israelitas.

"Temos experiências de ver camaradas a serem espancados. Tivemos experiências de várias horas algemados e de sermos provocados pelo ministro israelita [Itamar Ben-Gvir]. Tivemos experiências de ficar em jaulas, na verdade”, disse Mariana Mortágua.

“Uma coisa que foi muito presente em todos nós é que nós percebemos a diferença naquela prisão entre ser europeu e ser palestiniano. Por muito que tenha sido difícil para nós, e foi, e por muito que tenha havido abusos, e houve muitos, isso deu-nos uma ideia do grau de impunidade das forças israelitas contra palestinianos. Se eles nos fazem isto, imaginem o que não fazem a prisioneiros palestinianos”, acrescentou.

O ativista Miguel Duarte afirma que a sua experiência foi muito semelhante à dos restantes detidos

“Todos nós passámos fome e sede. Fomos algemados, fomos vendados. (…) As celas estavam absolutamente sobrelotadas”, disse Miguel Duarte, que referiu que alguns ativistas passaram 48 horas sem comer.

“Temos camaradas com diabetes que tiveram 3 dias sem receber insulina, fomos postos em jaulas ao sol durante muito tempo”, acrescentou.

Miguel Duarte referiu também que os autocarros-prisão nos quais foram transportados estavam “cheios de inscrições em árabe, de prisioneiros palestinianos que estiveram lá e que estarão lá a seguir e que sofrerão infinitamente mais do que aquilo que nós sofremos nestas prisões”.

Por seu turno, Sofia Aparício referiu que as autoridades israelitas tentaram forçar os ativistas a assinar dois documentos em hebraico. “Obviamente nós não assinámos”, disse a atriz.

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