O parlamento finlandês irá aprovar o pedido de adesão nos próximos dias
O presidente da Finlândia, Sauli Niinisto, anunciou formalmente, este domingo, a candidatura à NATO. Uma decisão que rompe com a neutralidade militar do país.
"Este é um dia histórico. Uma nova era começou", disse o Presidente finlandês, Sauli Niinistö, numa conferência de imprensa conjunta com a primeira-ministra, Sanna Marin.
Enligt den riktlinje som drogs upp på mötet av republikens president och statsrådets utrikes- och säkerhetspolitiska ministerutskott ska Finland ansöka om medlemskap i Nato efter att riksdagen har hörts. pic.twitter.com/Llw2pGvcPE
— Valtioneuvosto | Statsrådet (@valtioneuvosto) May 15, 2022
"De acordo com a orientação elaborada na reunião do Presidente da República e do Comité de Política Externa e de Segurança do Primeiro-Ministro, a Finlândia deve candidatar-se à adesão à NATO após consulta do Riksdag [parlamento]", pode ler-se na nota publicada pela página do governo finlandês no Twitter.
É expectável que o parlamento finlandês aprove esta decisão nos próximos dias.
Depois de aprovado pelo parlamento, o pedido formal de adesão à NATO será submetido à sede deste organismo, em Bruxelas, sendo previsível que tal aconteça durante a próxima semana.
Líderes europeus e da NATO partilham "otimismo"
Entretanto, o ministro dos Negócios Estrangeiros português, João Gomes Cravinho, afirmou hoje que existe uma “boa base de otimismo” relativamente à adesão da Finlândia e Suécia à NATO, que permitirá resolver as “questões em aberto”, nomeadamente as divergências apontadas pela Turquia.
A oposição de última hora demonstrada pela Turquia, membro da Aliança, à integração dos dois países nórdicos coloca a incerteza quanto ao resultado do processo.
“Penso que há uma boa base de otimismo [porque] todos nós estamos conscientes de que divergências que possam existir são sempre pequenas face àquilo que é verdadeiramente importante, que é o reforço da Aliança e o reforço da segurança da Finlândia e da Suécia”, apontou João Gomes Cravinho.
Falando no final da reunião informal dos ministros dos Negócios Estrangeiros da Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO), em Berlim, o chefe da diplomacia portuguesa realçou que “a Turquia, a Finlândia e a Suécia estão num processo de diálogo para resolver as divergências”, após a Turquia se ter mostrado reticente face ao alargamento da Aliança Atlântica.
No mesmo sentido, também o ministro dos Negócios Estrangeiros da Croácia, Gordan Grlic Radman, referiu que a discussão para a integração da Finlândia e da Suécia “está no bom caminho”.
"Acho que a discussão está no bom caminho (...) Espero que tenhamos uma discussão final frutífera e um bom resultado para mostrar a nossa solidariedade", afirmou o ministro croata.
O otimismo foi também partilhado tanto pela secretária-geral adjunta da NATO, Mircea Geona, como pela ministra dos Negócios Estrangeiros da Alemanha, Annalena Baerbock, que manifestaram confiança num consenso dos membros deste organismo e perspetivaram que a adesão da Finlândia e da Suécia possa ocorrer “muito rapidamente”.
"A Alemanha preparou tudo para que o processo de ratificação fosse rápido", assegurou Annalena Baerbock.
Para permitir a adesão da Finlândia e da Suécia à NATO, é necessário o aval dos 30 membros da Aliança Atlântica.
Na véspera da reunião na capital alemã, o Presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, manifestou-se desfavorável à entrada da Finlândia e da Suécia na NATO, por acolherem militantes curdos que a Turquia considera como terroristas.
Foi a primeira voz dissonante no seio dos 30 aliados a propósito desta matéria.
A entrada de um novo Estado-membro na NATO requer unanimidade, o que significa que a Turquia poderá bloquear a adesão dos dois países escandinavos, cuja candidatura deverá ser formalizada nos próximos dias.
Porém, já no sábado, o porta-voz de Recep Tayyip Erdogan veio garantir que a Turquia “não fecha a porta” à entrada destes dois países nórdicos na Aliança Atlântica.
Na sequência da guerra na Ucrânia, a Finlândia e a Suécia iniciaram um debate sobre a adesão à NATO, que, a concretizar-se, significará o abandono da histórica posição de não-alinhamento dos dois países.
A Rússia, que partilha 1.340 quilómetros de fronteira terrestre com a Finlândia e uma fronteira marítima com a Suécia, avisou que será forçada a tomar medidas de retaliação se Helsínquia aderir à NATO.