"Finlândia deve solicitar a adesão à NATO sem demora". Presidente e primeira-ministra tomam posição

Andreia Miranda | Bárbara Cruz | Catarina Machado , Notícia atualizada às 12:55
12 mai 2022, 09:21

Em comunicado conjunto, o presidente da Finlândia diz que a adesão à Organização do Tratado do Atlântico-Norte não será “contra ninguém”, depois de Moscovo ter alertado Helsínquia para as “consequências” em caso de candidatura. Kremlin já reagiu e diz que adesão da Finlândia é uma ameaça

O presidente e a primeira-ministra da Finlândia anunciaram esta quinta-feira que são a favor da adesão da Finlândia à NATO. Em comunicado conjunto, o presidente Sauli Niinistö e a primeira-ministra Sanna Marin defendem que o país deve formalizar "sem demora" a adesão à Aliança Atlântica. 

"Agora que se aproxima o momento da tomada de decisão, afirmamos a nossa igualdade de opinião, também para informação aos grupos parlamentares e partidos. A adesão à NATO fortalecerá a segurança da Finlândia. Como membro da NATO, a Finlândia fortalecerá toda a aliança de defesa. A Finlândia deve solicitar a adesão à NATO sem demora. Esperamos que as medidas nacionais ainda necessárias para tomar essa decisão sejam tomadas rapidamente nos próximos dias", pode ler-se no comunicado conjunto.

O presidente finlandês afirmou que uma adesão da Finlândia à Organização do Tratado do Atlântico-Norte não será “contra ninguém”, depois de Moscovo ter alertado Helsínquia para as “consequências” em caso de candidatura. A Finlândia partilha 1.340 quilómetros de fronteira terrestre com a Rússia, país que tem uma fronteira marítima com a Suécia.
 
"Durante esta primavera, teve lugar um importante debate sobre a possível adesão da Finlândia à NATO. Foi necessário tempo para deixar que o parlamento e toda a sociedade estabelecessem as suas posições nesta matéria. Foi necessário tempo para contactos internacionais próximos com a NATO e países membros, bem como com a Suécia. Queríamos dar à discussão o espaço necessário", lê-se ainda.

Depois do anúncio feito, os grupos parlamentares devem dar a sua aprovação ao pedido. Não haverá votação em plenário no parlamento, mas os líderes dos grupos parlamentares expressarão as decisões dos seus grupos. O processo de adesão deverá ser rápido, com as medidas provisórias a ser colocadas em prática até que sejam membros formais. 

Zelensky já foi informado e elogia "prontidão" da Finlândia

A decisão da Finlândia avançar com um pedido de adesão à Organização do Tratado do Atlântico-Norte foi comunicada pelo presidente finlandês ao homónimo ucraniano, a quem reiterou o firme apoio da Finlândia à Ucrânia.

"Falei com o presidente Zelensky e reiterei o firme apoio da Finlândia à Ucrânia. Informei-o dos passos da Finlândia em direção à adesão da NATO e ele expressou o seu completo apoio", escreveu Sauli Niinistö.

Por sua vez, o presidente ucraniano elogiou "a prontidão" da Finlândia para se candidatar à adesão à NATO num telefonema com o presidente finlandês Sauli Niinistö.

"Também discutimos a integração europeia da Ucrânia. E a interação de defesa Ucrânia-Finlândia", escreveu Volodymyr Zelensky, no Twitter.

Suécia "vai ter em conta as avaliações da Finlândia"

Depois de ser conhecida a posição da Finlândia, o ministro dos Negócios Estrangeiros da Suécia afirmou que o país vai ter em conta as avaliações da NATO da Finlândia ao decidir se vai enviar um pedido.
 
"A Finlândia é o parceiro de segurança e defesa mais próximo da Suécia e precisamos ter em conta as avaliações da Finlândia", escreveu Ann Linde no Twitter.

A decisão da Finlândia é significativa para a Suécia, uma vez que é provável os dois países se movam em conjunto. É esoerado que a Suécia anuncie que vai solicitar a adesão à NATO dentro de dias.

Na Suécia, o parlamento está a realizar uma revisão da política de segurança, incluindo os prós e os contras da adesão à aliança, com os resultados previstos para o dia 13 de maio. Já existe uma maioria no parlamento que apoia a adesão à NATO.

NATO diz que adesão da Finlândia será "fácil e rápida"

O secretário-geral da NATO, Jens Stoltenberg, diz que a entrada da Finlândia na Aliança Atlântica será "fácil e rápida", provará que na Aliança a "porta está aberta" e que a Finlância tem o poder de "decidir o seu futuro".

"Se a Finlândia decidir candidatar-se, será calorosamente acolhida na NATO e o processo de adesão será fácil e rápido", disse Stoltenberg, acrescentando que "a Finlândia é um dos parceiros mais próximos da NATO, uma democracia madura, membro da União Europeia e importante contribuidor para a segurança euro-atlântica".

Kremlin diz que adesão da Finlândia é uma ameaça

O Kremlin já reagiu e diz que a adesão da Finlândia à NATO seria definitivamente uma ameaça para a Rússia, avança a Reuters. Segundo Dmitry Peskov, que falava em conferência de imprensa, esta decisão, mostra que a Finlândia se juntou aos "passos hostis da UE em relação à Rússia".

Segundo Peskov, se a Finlândia aderir à NATO não promoverá estabilidade e segurança na Europa e lembra que todos querem evitar um "confronto direto" entre a NATO e a Rússia.

O porta-voz do Kremlin afirmou ainda que a decisão da Finlândia são a causa para uma "resposta simétrica" e que a Rússia “está preparada para dar a resposta mais decisiva a qualquer lado que tente envolver-se na Ucrânia e dificultar a operação militar especial”.

Aliados reagem

A primeira-ministra da Dinamarca, Mette Frederisken, já reagiu à posição dos líderes finlandeses e afirmou que "certamente dará as boas-vindas à Finlândia à NATO".

"Mensagens fortes do presidente e da primeira-ministra da Finlândia. A Dinamarca certamente dará as boas-vindas à Finlândia à NATO. Fortalecerá a NATO e nossa segurança comum. A Dinamarca fará tudo para um rápido processo de adesão após o pedido formal", escreveu Frederisken no Twitter.

Também a Lituânia já fez saber que apoia "totalmente" decisão da Finlândia. "Congratulamo-nos com a declaração do Presidente da Finlândia da e primeira-ministra sobre a adesão da Finlândia à NATO. A Lituânia apoia totalmente as aspirações da Finlândia de garantir a sua segurança com a Aliança", pode ler-se na conta do Ministério dos Negócios Estrangeiros da Lituânia.

Já o primeiro-ministro da Polónia, Mateusz Morawiecki, considerou que a decisão da Finlândia "são boas notícias para a segurança da Polónia e da Europa", opinião partilhada pelo presidente da Estónia, Alar Karis, que afirmou que a adesão da Finlândia à NATO é um "passo histórico" e que vai ser "bom para a Finlândia e para a segurança regional".

"A NATO é uma aliança defensiva. As tentativas de Moscovo para retratar o alargamento da NATO como ofensiva são apenas frutos do seu próprio fracasso em viver em paz com os vizinhos", escreveu Karis no Twitter.

Por sua vez, o primeiro-ministro da Letónia, Krišjānis Kariņš, afirmou que esta decisão é "uma importante viragem no sentido de uma Aliança ainda mais forte e de uma maior segurança na região do Mar Báltico".

A primeira-ministra da Estónia, Kaja Kallas, e o primeiro-ministro da República Checa, Petr Fiala, afirmaram também que a Finlândia pode contar com o "apoio total" nesta decisão, assim como o presidente romeno, Klaus Iohannis, que diz que a "Roménia é um forte promotor da Política de Portas Abertas de NATO".

Também Charles Michel, presidente do Conselho Europeu, descreve a decisão da Finlândia como "passo histórico" e afirma que adesão da Finlândia vai ser "grande contributo para a segurança europeia".

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