Terramoto de 7.0 sacode as Filipinas e atinge a capital

Filipe Santos Costa , AM - notícia atualizada às 8:05
27 jul 2022, 04:08

Há pelos menos 3 mortos e 60 feridos. Diretor do Instituto de Sismologia confirma que se tratou de "um grande terramoto" e que as consequências podem ser "devastadoras". Há evacuações em diversas localidades, muitos edifícios e estradas foram danificados e são esperadas réplicas

Um poderoso terramoto de magnitude 7.0 atingiu a ilha filipina de Luzon na manhã desta quarta-feira, de acordo com a informação do Serviço Geológico dos Estados Unidos, entretanto confirmada pelas autoridades locais. O abalo, que inicialmente tinha sido registado com a magnitude de 7.1, aconteceu às 8:43, hora local (menos oito horas em Portugal).

Segundo o balanço mais recente, feito pelo ministro do Interior, o sismo fez quatro mortos e pelo menos 60 feridos. Um homem morreu após ser atingido pela queda de placas de cimento na sua casa em Abra, onde pelo menos 25 outras pessoas ficaram feridas. Já um trabalhador da construção civil morreu na cidade montanhosa de La Trinidad, na província de Benguet, onde outra pessoa morreu e algumas estradas foram fechadas por deslizamentos de terras. Há ainda outro morto noutra província.

Na província de Mountain, perto de Benguet, cinco pessoas ficaram feridas quando rochas e detritos caíram sobre as suas viaturas.

Luzon é a maior ilha do arquipélago das Filipinas, e a mais populosa. O tremor de terra danificou seriamente diversas estruturas na província de Abra, no norte da ilha, como um hospital e diversos edifícios. Manila, a capital das Filipinas, localizada cerca de 400 quilómetros a sul, também foi atingida pelos abalos.

Há relato de edifícios que abanaram na capital, nomeadamente alguns arranha-céus. Na principal zona comercial e de serviços de Manila os edifícios de escritórios foram evacuados e a circulação ferroviária também foi suspensa na capital filipina.

O presidente da República, "Bongbong" Marcos, já garantiu toda a ajuda às regiões mais afetadas, e prometeu visitar esses locais. Mas apenas quando isso for considerado seguro, e a visita não atrapalhar os trabalhos das equipas de emergência. "É deixá-los fazer o seu trabalho. Esperemos que eles nos digam qual é a verdadeira situação", disse Marcos, invocando a sua experiência como governador numa das províncias do norte do país.

Alerta de réplicas, mas não de tsunami

O Instituto de Vulcanologia e Sismologia das Filipinas alertou a população para que se prepare para réplicas. Porém, não foi emitido qualquer alerta de tsunami.

O diretor do instituto, Renato Solidum, disse à CNN Filipinas que se "trata de um grande terramoto" e que "qualquer coisa maior do que magnitude 7 pode ser devastadora".

A senadora do partido do governo Imee Marcos (irmã do presidente da República) disse à CNN que estão em curso discussões com funcionários locais do governo sobre a necessidade de evacuações preventivas na região de Ilocos Norte e outras áreas no Norte do país, para antecipar possíveis desabamentos de terra. 

Um hospital na província de Abra foi evacuado após o colapso parcial do edifício em consequência do abalo de terra. A governadora da Abra, Joy Bernos, publicou no Facebook fotografias dos danos do hospital provincial da Abra. As imagens mostram um buraco na fachada da entrada principal, mas também camas de hospital que foram deslocadas para o outro lado da estrada, uma delas com um paciente.

Outro responsável de Abra confirmou que há "várias casas e estabelecimentos danificados" naquela província. Residentes na região administrativa da Cordilheira também relataram deslizamentos de terras, edifícios danificados, e fissuras nas estradas.

O epicentro do terramoto foi localizado na cidade de Dolores, na província de Abra, a cerca de 10 quilómetros de profundidade. Conforme informa a agência France Press, os terramotos pouco profundos tendem a causar mais danos do que os mais profundos. 

Em Dolores, pessoas em pânico correram para fora dos seus edifícios e as janelas do mercado local ficaram estilhaçadas, de acordo com o relato do major da polícia local Edwin Sergio, citado pela AFP. "O terramoto foi muito forte", disse Sergio, acrescentando que havia pequenas fissuras no edifício da sua esquadra.

Eric Singson, presidente da câmara de Candon, na província de Ilocos Sur, pediu aos habitantes que saíssem das suas casas, antecipando-se ao impacto das réplicas. Uma torre centenária desta localidade, uma famosa atração turística herdada da presença espanhola no arquipélago, ficou danificada.

As Filipinas são regularmente abaladas por tremores de terra devido à sua localização no chamado Anel de Fogo do Pacífico, um arco de intensa atividade sísmica que se estende do Japão até ao Sudeste Asiático, através da bacia do Pacífico.

O terramoto desta quarta-feira foi o mais forte registado nas Filipinas desde 2013. Em outubro desse ano, um tremor de terra de magnitude 7.1 atingiu a ilha de Bohol, no centro do arquipélago, matando mais de 200 pessoas e provocando deslizamentos de terra.

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