Sexta vaga: entrada de refugiados da Ucrânia “pode agravar” pandemia. “E não é só covid-19, podemos ter surtos de sarampo ou casos de tuberculose”

19 mar 2022, 17:12

O alerta é do pneumologista Filipe Froes, que defende que é preciso ajudar os ucranianos mas também a necessidade de avaliação oficial do seu estado de saúde. Porque a taxa de vacinação na Ucrânia é baixa e muitos refugiados estão numa situação débil

“Vamos ter muitos refugiados e a vacinação na Ucrânia é muito baixa”, avisa Filipe Froes. Esta componente "pode agravar a incerteza” em torno da sexta vaga da covid-19.

O pneumologista lançou o alerta na antena da CNN Portugal, esta sexta-feira à noite. “Na Ucrânia, o esquema vacinal completo na população é cerca de um terço do nosso, é de 35% [da população], nós andamos acima dos 90%.” Além disso, a vacinação de reforço na Ucrânia “é de 1,5%” da população, enquanto Portugal está nos 61%.

Outra agravante: a população ucraniana está “muito fragilizada”, como testemunharam já diversos membros da Ordem dos Médicos que se deslocaram ao país invadido pela Rússia: “crianças desidratadas, muitas vezes com quadros gastrointestinais. Estão a criar-se condições que favorecem a infeção, não só da Covid mas de outras infeções, e eventualmente a sua deslocação pode favorecer surtos. Podemos por exemplo voltar a ter surtos de sarampo. Ou importação de casos de tuberculose multirresistente. Porque as pessoas estão muito fragilizadas”, sublinha Filipe Froes.

Em causa não está deixar de acolher ucranianos, mas sim garantir que é feita uma vigilância do estado de saúde, pelo seu próprio estado para começar, mas também para controlar eventuais surtos, numa altura em que se fala de uma sexta vaga da pandemia em Portugal, com crescimento de casos.

Seria “fundamental ter uma avaliação oficial do estado de saúde destas pessoas, não só com a covid mas também para fazerem todo o apanhado global das doenças que podem ter”. Os ucranianos “estão a viver um drama pessoal e nós temos de os ajudar e temos de dar-lhes condições para que o drama deles seja recuperado sem trazer repercussões também para nós”.

A entrada de refugiados, vindo de um país com baixa taxa de vacinação e em situação física debilitada, “pode facilitar o agravamento da situação”, remata.

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