Em causa a sobrecarga competitiva e os «conflitos de interesses» em curso
A FIFPro – o principal sindicato internacional de jogadores profissionais – e os responsáveis pelas Ligas Europeias apresentaram, esta segunda-feira, uma queixa à Comissão Europeia, visando a FIFA. Entre os vários motivos que conduziram a esta tomada de posição, destaca-se a sobrecarga competitiva no calendário, nomeadamente quanto a provas de seleções e o Mundial de Clubes.
Em conferência de imprensa, em Bruxelas, os representantes da FIFPro consideraram ilegal a gestão de calendário da FIFA, que tutela o futebol internacional e, em simultâneo, define a organização das competições, sem diálogo com os «parceiros sociais».
«A FIFA utilizou o poder para promover os seus interesses comerciais em detrimento dos parceiros sociais. Neste contexto, a inclusão dos representantes dos sindicatos dos jogadores e das ligas no processo de decisão é essencial», lê-se no comunicado publicado esta segunda-feira.
Por isso, os queixosos entendem que estes procedimentos são ilegais à luz da Lei da concorrência da União Europeia (UE).
«O calendário internacional saturado coloca em risco a segurança e o bem-estar dos jogadores, ameaçando a sustentabilidade económica e social de importantes competições. As regras e a conduta da FIFA permanecem muito aquém do que é exigido pela lei da UE», sustentam.
O CEO da Premier League, Richard Masters, integra o coro crítico: «Estamos a atingir um ponto crítico. A Premier League não mudou de formato. O que mudou nas últimas décadas foi a carga de competições internacionais».
Em linha semelhante, o presidente da La Liga, um dos principais colaboradores da FIFAPro neste processo, garantiu que a FIFA tem margem de manobra reduzida.
«Os sindicatos e ligas estão claramente alinhados na proteção das competições nacionais e dos jogadores, cada vez mais expostos ao impacto negativo de um calendário congestionado. Ao introduzir novos formatos e ao expandir as competições unilateralmente, a FIFA age em prol do próprio interesse, sem considerar os danos», argumentou Javier Tebas.
Por fim, o máximo responsável pela FIFPro, David Terrier, apresentou a súmula: «A FIFA recusa ouvir os jogadores, o principal ativo desta indústria. Levam os corpos ao limite. Em inúmeras visitas aos balneários, recebemos as mesmas queixas. Os atletas estão a jogar em excesso e não têm tempo para recuperarem. Muitos decidiram falar, com a mesma mensagem: chega».
Os presidentes dos principais campeonatos de Itália, Países Baixos, Escócia, Noruega e Bélgica também integram esta queixa.
Aproveitando o comunicado da FIFA, nesta segunda-feira, a propósito das consequências do caso Lassana Diarra, a FIFPro reiterou o «conflito de interesses» em curso.
«A FIFA deveria exercer as funções de forma transparente, objetiva, não discriminatória e proporcional para neutralizar esse conflito de interesses», lê-se no referido comunicado.
A investigação formal, em todo o caso, poderá apenas começar no final de 2025. Por agora, será aberta uma investigação preliminar, que poderá demorar até 12 meses.