Depois da Queima do Gato, a "tradição" em que cavalos são obrigados a saltar fogueiras

7 jul 2022, 21:44

Associações de proteção dos direitos dos animais já manifestaram indignação e exigem intervenção das autoridades

A denúncia está a ser feita em todas as redes sociais por várias associações de proteção animal, como o IRA ou a Coimbra Animal Save. Tratam-se das festas de São João Batista, em Monforte da Beira, no concelho de Castelo Branco, onde é “tradição” saltar a cavalo sobre fogueiras durante estas celebrações religiosas, que regressaram este ano após dois anos de suspensão devido à pandemia de covid-19.

As imagens divulgadas mostram adultos, crianças, cavalos e uma fogueira noturna. Um cenário em tudo igual a qualquer aclamada prova de hipismo, mas em que o animal, em vez de barreiras, tem de ultrapassar um conjunto de troncos em chamas.

Presentes culpam perícia do fotografo

Uma das pessoas presentes recorreu mesmo às redes sociais para explicar o que se vê nas fotografias que se estão a tornar virais. Justifica que tudo não passa de um ato de mestria atrás da objetiva: “Quem captou o momento não é um amador e conseguiu naquela fração de segundo captar o conjunto: ‘cavalo, chama e duas pessoas no meio da fogueira’”, acrescentando que se “não fosse o fotógrafo e, muito provavelmente, só captavam o antes ou depois do salto”.

“Esclarecer que foi uma fração de segundos, o cavalo está bem, não sofreu nenhuma queimadura (tanto está que no dia seguinte esteve nas duas procissões e como puderam ver não tinha um único arranhão), escusado será dizer que as duas pessoas também não, uma vez que a questão tratasse do cavalo”, refere.

A visada explica que o animal visto nas imagens se chama Bacardi e que “não é um cavalo qualquer”, porque “já tem muitos anos de São João” e como tal “está habituado a saltar as fogueiras”.

“Não conhecem a tradição, não conhecem o cavalo, não conhecem as pessoas envolvidas, respeitem e não opinem ou ofendam por favor!”, termina.

Associações apelam à intervenção das autoridades e condenam a "tradição"

No espectro oposto, surgem várias associações de proteção animal como o IRA, Intervenção e Resgate Animal, que considera que as "elevadas temperaturas certamente criam ferimentos e sofrimento aos animais".

A organização faz ainda referência à Queima do Gato, tradição em que um gato é preso ao topo de um poste que posteriormente é ateado, para afirmar que "existem portugueses que continuam a comportar-se como autênticos selvagens", culpando a legislação portuguesa.

Para a Coimbra Animal Save, o que se vê nas imagens uma "festa não é certamente para os cavalos que são obrigados a saltar por cima das chamas". A associação condena ainda o facto de haver crianças presentes a assistir ao momento.

"São estas as nossas tradições...", culmina a Coimbra Animal Save.

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