Quer ser feliz? Pague a portagem do carro que vem atrás de si

CNN , Andrea Kane
23 jul 2024, 09:33
Felicidade

Esta é só uma das maneiras que há para atingirmos a felicidade. Há outras - que estão compiladas aqui

Quer ser mais feliz? Aqui estão 5 hábitos a adotar

por Andrea Kane, CNN

nota do editor a 10.ª temporada do podcast Chasing Life With Sanjay Gupta explora a ciência da felicidade - pode ouvir os episódios aqui


Se olhar à sua volta para os seus amigos e para a sua família - e até para si próprio - é evidente que algumas pessoas consideram que o copo está meio cheio, enquanto outras o consideram meio vazio.

“Algumas pessoas são simplesmente mais felizes do que outras. Não precisam de se esforçar para isso, certo? Simplesmente são”, disse recentemente a psicóloga social Sonja Lyubomirsky ao correspondente médico chefe da CNN, Sanjay Gupta, no podcast Chasing Life. “São como pessoas que são magras naturalmente, não têm que trabalhar duro para isso.”

Lyubomirsky, ilustre professora de psicologia da Universidade da Califórnia, Riverside, estuda a felicidade há mais de 35 anos. Também escreveu alguns livros sobre o tema, incluindo “The How of Happiness: A New Approach to Getting the Life You Want”.

Sendo um conceito abstrato e subjetivo, a felicidade é um tema difícil de estudar: o estado emocional é difícil de definir, quanto mais de medir objetivamente.

“A felicidade tem dois componentes”, diz Lyubomirsky, observando que é preciso ter os dois aspetos para se ser uma pessoa feliz. “A experiência de emoções positivas - por isso, as pessoas que são felizes têm maior probabilidade de experimentar com bastante frequência emoções como a alegria, o entusiasmo, a calma, a curiosidade, o afeto, o orgulho - é uma componente. A segunda componente é ter a sensação de que a vida é boa, de que se está satisfeito com a vida.”

Os investigadores medem estas componentes fazendo perguntas às pessoas como “com que frequência sente alegria, calma, curiosidade?” e “até que ponto está satisfeito com a sua vida?”. Alguns aspetos da felicidade podem ser quantificados examinando as estruturas cerebrais e as características faciais e até fazendo uma análise da voz. Segundo Lyubomirsky, em vez de haver um ponto de referência para a felicidade, os indivíduos têm uma gama definida.

Uma grande questão para os investigadores (e para muitos de nós) é a do copo meio cheio ou meio vazio: é possível mudar a gama de valores para se tornar uma pessoa mais feliz? Lyubomirsky diz que é possível até um certo ponto.

“Não se pode mudar a genética”, afirma. Também refere que tentar mudar as circunstâncias da nossa vida - como encontrar um novo emprego ou iniciar uma relação - só nos leva até certo ponto (partindo do princípio de que não nos encontramos numa situação terrível).

“Então, o que é que nos resta? Podemos mudar a forma como pensamos e como nos comportamos”, diz. “Podemos mudar os nossos hábitos. Podemos desenvolver novos hábitos.”

Ela e outros investigadores observaram que as pessoas felizes tendem a ter determinados hábitos.

Que hábitos pode adotar para aumentar o seu nível de felicidade? Lyubomirsky tem estas cinco dicas.

1. O fluxo

Deixe-se absorver pelo que está a fazer.

"Quando está tão envolvido no que está a fazer que não nota a passagem do tempo está num estado chamado 'fluxo', que está associado à alegria”, diz Lyubomirsky por e-mail. “Tente aumentar o número de experiências de fluxo na sua vida diária, nas quais se 'perde' - experiências que são desafiantes e absorventes.”

Não tem de competir num jogo de ténis de alto risco ou escalar o Monte Evereste, mas tente algo tão simples como completar um projeto de grupo no escritório, brincar com os seus filhos ou desfrutar de um passatempo com o seu parceiro.

2. Pratique atos aleatórios de bondade

Reserve um momento para fazer coisas simpáticas para os outros ao longo do seu dia.

“Ser gentil com os outros provoca uma cascata de resultados positivos. Faz-nos sentir generosos e capazes, leva-nos a sentirmo-nos gratos pela nossa própria situação e dá-nos uma maior sensação de interconexão com o mundo”, afirma Lyubomirsky.

“Também dá alegria às outras pessoas e leva-as a gostar mais de si e a retribuir nos seus momentos de necessidade, o que, por sua vez, ajuda a alimentar a sua própria autoestima. Assim, a prática de atos de bondade ativa aquilo a que os psicólogos positivos chamam uma 'espiral ascendente'.”

Estes atos de bondade podem ser dirigidos a amigos ou desconhecidos; podem ser diretos ou anónimos, espontâneos ou planeados, acrescenta.

Não sabe o que fazer? Lyubomirsky tem algumas sugestões: pague a portagem do carro que vem atrás de si, pinte a casa de um vizinho, recolha o lixo no seu bairro, ensine um adulto analfabeto a ler, salve um animal, visite um lar de idosos, ajude um estranho a carregar uma encomenda, faça uma tarefa doméstica (mesmo que não seja a sua vez), escreva um cartão de agradecimento ao seu carteiro ou ao funcionário da câmara que recolhe o lixo - ou simplesmente sorria a alguém que se sinta triste.

3. Cultive as suas relações

Quando se trata do seu nível de felicidade, as relações pessoais têm um impacto maior do que o dinheiro, o cargo ou mesmo a sua saúde.

“Passar mais tempo de qualidade com o seu parceiro, cônjuge ou filhos ou voltar a contactar com velhos amigos são formas seguras de aumentar os seus próprios níveis médios de alegria e os dos outros”, afirma Lyubomirsky. “Esta semana, escolha uma relação que necessite de ser reforçada e invista tempo e energia na sua cura, cultivo, afirmação e prazer.”

Este pequeno investimento pode ter um grande impacto.

4. Expresse gratidão

Contar as suas bênçãos é uma óptima maneira de fazer um balanço das coisas positivas da sua vida.

“Uma forma de o fazer é reservar algum tempo durante a semana para considerar as três ou cinco coisas pelas quais está atualmente grato”, refere Lyubomirsky. “Isto pode ser feito através da contemplação quando vai dormir à noite ou durante o trajeto para o trabalho, escrevendo num diário ou partilhando os seus pensamentos de gratidão com alguém próximo.”

Outra ideia é telefonar ou escrever uma nota de agradecimento a uma pessoa importante na sua vida a quem nunca agradeceu devidamente. “Faça isso regularmente, mas não com demasiada frequência, pois o exercício pode perder a sua frescura e significado.”

Expressar gratidão encoraja a apreciar a nossa boa sorte e ajuda a passar o resto do dia ou da semana, sublinha Lyubomirsky.

5. Celebrar as boas notícias

Partilhar sucessos e realizações com os outros tem sido associado a uma maior alegria e bem-estar.

“Por isso, quando você, o seu cônjuge, o seu primo ou o seu melhor amigo ganharem algo, felicite-os e festeje”, diz Lyubomirsky. “Tente aproveitar a ocasião ao máximo. Transmitirmos e regozijarmos com as boas notícias leva-nos a saborear e a absorver o momento presente, bem como a promover ligações com os outros.”

Segundo Lyubomirsky, essa dinâmica também se deve estender a nós próprios: “Não se iniba do orgulho - dê palmadinhas nas costas, diga a si próprio o quanto trabalhou para este momento, imagine como as pessoas podem ficar impressionadas”.

E depois abra aquela garrafa de champanhe ou cidra.
 

Esperamos que estas cinco dicas o ajudem a elevar o seu nível de felicidade. Ouça o episódio completo aqui. E junte-se a nós na próxima semana no podcast Chasing Life, quando explorarmos o que significa viver uma boa vida.

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