Feira do Livro de Lisboa arranca hoje e há uma grande "esperança" nos jovens. Aqui está um guia para ir comprar os seus livros antes do verão

25 mai 2023, 09:00
Feira do Livro de Lisboa 2022 (DR)

A feira vai ficar no Parque Eduardo VII até 11 de junho. O mercado dos livros "está a crescer" e o evento regressa ao mês de maio para se antecipar às férias. Sábado, no entanto, há um constrangimento: uma eventual festa do Benfica vai encerrar o espaço mais cedo

No ano passado, cerca de 780 mil pessoas passaram pelo Parque Eduardo VII durante as três semanas em que decorreu a Feira do Livro de Lisboa. "Foi muito bom", reconhece Pedro Sobral, presidente da APEL - Associação Portuguesa de Editores e Livreiros, organizadora do evento. As expectativas para a 93ª edição, que começa esta quinta-feira e decorre até 11 de junho, são, por isso, elevadas. "No ano ano passado, vimos muita gente nova, isso foi um bálsamo para nós, ver jovens interessados, à procura dos seus livros, deu-nos muita esperança."

Estamos habituados a ver notícias sobre os baixos índices de leitura em Portugal e sobre o facto de os jovens, cada vez mais entretidos com as tecnologias, não gostarem de ler. Mas nem todos. "Há indícios de que as pessoas estão reconectar-se à leitura. Sobretudo na faixa entre os 18 e os 30 anos, mais as mulheres do que os homens. E e é uma leitura muito ativa, as pessoas falam sobre os livros, voltaram os clubes de leitura", diz Pedro Sobral, animado. Um fenómeno que tem sido alavancado pelas redes sociais - especialmente o Tik Tok e o Instagram, onde surgiram vários influencers, nacionais e internacionais, que falam sobre os livros que leem e deixam recomendações. 

"2020 foi de facto um ano muito complicado para a edição, o mercado caiu 17% na Europa". 2021 e 2022 foram anos de recuperação. Neste momento, o mercado dos livros está a crescer", confirma Pedro Sobral. No final do primeiro trimestre deste ano, o mercado estava a crescer 12%. "Muitas pessoas em Portugal estão a comprar livros para ler. Antes, a esmagadora maioria comprava livros para oferecer, daí também a enorme importância do Natal no mercado do livro. Isto é um ótimo sinal, os índices de leitura estão a aumentar."

"Para quem, como nós, tem no livro um companheiro fundamental na sua vida, estas são boas notícias. O livro é fonte de conhecimento e de crescimento pessoal, permite-nos compreender o mundo que nos rodeia e também é uma fonte de prazer. Para os leitores, ler é algo tão fundamental e básico como ter uma alimentação saudável ou uma habitação digna. Mas para a maioria das pessoas a leitura é um luxo. É por isso que estes eventos são tão importantes, para que cada vez mais pessoas descubram o prazer da leitura e para que o livro seja cada vez mais acessível."

Comprar livros, mas também conversar, passear, beber um copo, comer farturas

Este ano, a Feira do Livro de Lisboa conta com 139 participantes, mais de 980 chancelas editoriais e 340 pavilhões. 

Como qualquer feira, aqui também se procura o melhor negócio - para quem vende e para quem compra. É por isso que são tão importantes os descontos realizados pelas editoras, as promoções do Livro do Dia e da Hora H (entre as 21:00 e as 22:00, uma seleção de livros terá 50%). "A feira vive disso", reconhece Pedro Sobral.  Mas a feira também é uma festa, como dizem os editores e livreiros - um local privilegiado para promover os novos livros, para encontrar obras que já não estão disponíveis nas livrarias, para que leitores e autores e todas as outras pessoas que gostam de livros se encontrem, para que aconteçam muitas conversas à volta de livros. "Se as pessoas só lá fossem por causa do preço, podíamos fazer aquilo numa garagem", brinca.

"Estamos num sítio extraordinário, num parque, e gostamos de aproveitá-lo. Este ano teremos mais área de sombra, melhores acessos, mais opções na alimentação, mais espaço de lazer, mais áreas para debates e conversas com leitores", explica o responsável, sublinhando a enorme adesão de escritores nacionais e internacionais, "que pedem para estar na feira". 

"Quando os autores dão uma sessão de autógrafos geralmente esses são dos livros que mais se vendem na feira, porque os leitores querem conhecer os autores e pedir o autógrafo", explica. "Os livros podem mudar a vidas pessoas e os encontros com os autores também. Quando vemos que, naquele ambiente, muita gente que normalmente não lê ou lê com alguma irregularidade vai comprar um livro, sentimos que a nossa missão está a ser cumprida."

A feira volta a ser em maio

A feira regressa às suas datas originais - no final de maio - por decisão dos editores e livreiros. "Fizemos a feira em setembro, excecionalmente durante dois anos por causa da pandemia, e até podemos dizer que correu muito bem, mas tradicionalmente a feira é em maio", lembra Pedro Sobral. Setembro tem a complicação do regresso às aulas, com trabalho acrescido para o setor devido aos manuais escolares e com algum constrangimento financeiro para as famílias. "Há sempre muitas despesas no início do ano letivo", sublinha o responsável. "E é também aquele momento de depressão após as férias, enquanto em maio ainda estamos de frente para as férias, a escolher o que queremos ler durante o verão."

Além disso, "logisticamente e operacionalmente também é melhor que a feira aconteça nesta altura do ano", explica. Porque a seguir ao regresso às aulas, os editores e livreiros começam a preparar a operação Natal. "É importante que a feira não seja uma complicação, mas uma festa."

Pedro Sobral rejeita ainda que a edição deste ano seja de alguma forma prejudicada pela preparação da Jornada Mundial da Juventude: "Foi tudo falado com bastante antecedência com a Câmara Municipal de Lisboa. Desde muito cedo começámos a trabalhar para que a feira acontecesse sem condicionamentos. No ano passado, fizemos uma remodelação; este ano teremos alguns melhoramentos e, no próximo ano, iremos fazer uma expansão da feira. Mas a feira é igual aos anos anteriores - não deixámos ninguém de fora. Está tudo planeado", garante.

O que não estava planeado era que o primeiro fim de semana da feira coincidisse com a decisão do campeão de futebol. Perante a possibilidade de haver festejos benfiquistas no Marquês de Pombal, a PSP informou a APEL da necessidade de, no sábado, encerrar mais cedo a Feira do Livro. Assim, todas as atividades terminam às 17.00 para assegurar que até às 18:00 o recinto fica totalmente liberto de pessoas (funcionários e visitantes), e, "dessa forma, garantir a segurança, a ordem pública e a integridade dos equipamentos públicos e privados em todo o perímetro de segurança afeto às eventuais comemorações que venham a acontecer, incluindo o Parque Eduardo VII", explicou a APEL em comunicado.

Livreiros que já passaram pela experiência de ter as portas abertas em dia de festejos de futebol recordam a péssima experiência, com o recinto invadido por adeptos a tentar comprar comida e bebida e a provocar confusão. Apesar disso, a APEL lamenta que o encerramento antecipado tenha levado "ao cancelamento ou nova calendarização de 155 eventos que se iriam realizar a partir das 17:00 horas, dos 265 que já estavam programados para o dia 27 de maio". Além "deste significativo impacto na programação cultural, os editores e livreiros participantes na 93.ª Feira do Livro de Lisboa esperam uma quebra importante de faturação, naquele que seria o primeiro sábado da Feira", sublinha a APEL.

A chuva é um clássico na Feira do Livro e este ano não deverá ser exceção. Segundo o IPMA - Instituto Português do Mar e da Atmosfera, poderá cair alguma na região de Lisboa durante o fim de semana e eventualmente ao longo da próxima semana.

Horários

2.ª a 5.ª feira: das 12:30 às 22:00

6.ª feira e vésperas de feriado: das 12:30 às 23:00

sábados: das 11:00 às 23:00
(exceto dia 27, que encerra às 17:00)

domingos e feriados: das 11:00 às 22:00

Como chegar

A Gira é o transporte oficial da Feira do Livro
Estações: 307, 308, 365, 366

Metro
Estações Marquês de Pombal (Linhas Azul e Amarela) e Parque (Linha Azul)

Carris: 702, 712, 727, 744, 746, 748, 783

Carro: pode utilizar os parques de estacionamento Empark (Marquês de Pombal) e Alto do Parque.

Agenda

Como sempre, a agenda da Feira do Livro é recheada de apresentações, conversas, sessões de autógrafo e outros eventos. A programação completa está no site oficial da feira. Fazemos aqui uma seleção muito breve:

  • Consultório de leituras: os visitantes da Feira poderão receber sugestões de leitura de um especialista do Plano Nacional de Leitura para várias disposições e interesses. Depois da triagem e da consulta, a receita prescrita terá um poema que pode ser lido e ouvido.
    Todos os dias úteis, 18.00, Auditório Poente
  • A Leya vai ter no seu espaço uma “Audiolivraria” - os visitantes encontrarão um painel de grandes dimensões, onde estarão disponíveis 56 títulos de géneros distintos, em versão audiolivro, a que podem aceder imediatamente através de um QR Code. 

26 de maio

  • Concerto de Filho da Mãe, projeto a solo de Rui Carvalho
    22:00, Auditório Nascente

27 de maio

  • O músico David Santos, mais conhecido pelo projeto Noiserv, apresenta o seu primeiro livro: "três-vezes-dez-elevado-a-oito-metros-por-segundo". Moderação de Cláudia Almendra.
    15:00, Palco Praça Amarela
  • A autora irlandesa Evanna Lynch, atriz dos filmes de Harry Potter, apresenta o seu livro "O Oposto da Caça às Borboletas" (Leya)
    15:00, Praça Leya
  • Sara Antunes, do Doutor Finanças e autora do livro "Ganhar, Poupar Investir" (Editorial Presença), numa conversa sobre como otimizar as finanças e vencer a crise.
    16:00, Palco Praça Amarela
  • Conferência sobre ajuda humanitária em cenários de guerra, pelo autor do livro "O Mundo Precisa de Saber" (Ego Editora), Gustavo Carona.
    17:00, Auditório Sul
  • Lançamento do livro "Cuidado com os Cabelos Brancos" (Âncora Editora), de João Paulo Diniz. Com a participação de Júlio Isidro.
    18:00, Auditório Sul
  • Nova edição de "A Revolução do 25 de Abril. Ensaio Histórico" (Shantarin), de José Medeiros Ferreira. Apresentação por Eduardo Paz Ferreira, José Pacheco Pereira e Pedro Aires Oliveira.
    18:00, Auditório Poente

28 de maio

  • Lançamento do livro "Realizadoras Portuguesas. Cinema no Feminino na Era Contemporânea" (Imprensa Ciências Sociais), com a presença das organizadoras Mariana Liz e Hilary Owen e da escritora Lídia Jorge.
    19:00, Palco Praça Laranja

30 de maio

  • Apresentação da coleção "A Vida Privada dos Livros" (Tinta da China), com Alberto Manguel e Ana Daniela Soares.
    18:00, Palco Praça Laranja

31 de maio

  • Apresentação do livro "Mulheres e Resistência (Tinta da China)", com coordenação de Rita Rato e apresentação de Conceição Matos e Isabel do Carmo.
    18:00, Palco Praça Laranja

1 de junho

  • Apresentação do livro "À descoberta dos Direitos das Crianças" (Edições Assembleia da República), de Odete Severino Soares, Rute Agulhas e Joana Alexandre, com ilustração de Maria João Lopes.
    18:00, Palco Praça Amarela

2 de junho

  • Apresentação do livro "O Essencial da Política Portuguesa" (tradução do Oxford Handbook of Portuguese Politics), com os coordenadores Pedro Magalhães e António Costa Pinto. Parceria editorial da Tinta da China com a Fundação Francisco Manuel dos Santos.
    18:00, Palco Praça Laranja

3 de junho

  • Conversa sobre "O regresso à aldeia ou a dimensão da ruralidade nos urbanos", com Catarina Gomes, autora de "Terrinhas e Rui Couceiro, autor de "Baiôa sem data para morrer" (Gradiva).
    15:00, Palco Praça Amarela
  • Lançamento do livro de João Tordo, "Valsa com a morte" (Penguin Random House)
    16:00, Palco Praça Laranja
  • Rita da Nova e Guilherme Fonseca conversam sobre os livros "Terapia de Casal", "As Coisas que Faltam" e "Deve Ser Deve" (Editorial Presença)
    16:00, Palco Praça Amarela
  • Leitura integral de "Chão da Casa" (Edições Avante), de João Monge com Maria João Luís, Milene Vale e André Levy.
    17:00, Auditório Nascente
  • Apresentação de "Viajar na Maionese" (Grupo Almedina), de João Pedro George Com a presença de Pedro Boucherie Mendes.
    18:00, Auditório Poente
  • Entrega do Prémio Leya a Celso Costa pelo livro "A Arte de Driblar Destinos".
    18:30, Praça Leya

5 de junho

  • Apresentação do livro "O Crepúsculo do Mundo" (Zigurate), de Werner Herzog, com as presenças de Pedro Mexia e António Araújo.
    19:00, Palco Praça Laranja

6 de junho

  • Evocação de Maria Alda Nogueira, Salgado Zenha e Natália Correia, por ocasião do centenário do nascimento. Edições Assembleia da República.
    18:00, Palco Praça Amarela
  • Apresentação, seguida de sessão de autógrafos, da obra "Da Weasel - Uma Página da História" (Atlantic Books), com a presença de todos os elementos do grupo e da co-autora Ana Ventura.
    18:00, Auditório Sul

8 de junho

  • Apresentaçao e encontro com Blue Jeans, autor do livro "A Rapariga Invisível"
    16:00, Praça Leya
  • Luís Osório apresenta "Ficheiros Secretos – Histórias Nunca Contadas da Política e da Sociedade Portuguesas" (Bertrand), com convidados.
    18:00, Auditório Sul
  • Debate: "Ler pode ficar eternamente na moda?", com quatro booktokers e um representante do Tik Tok sobre o efeito das redes nos comportamentos de leitura dos jovens
    18:00, Auditório Poente

10 de junho

  • Lançamento do livro "O Atrito da Memória" (Tinta da China), com o autor Miguel Cardina e apresentação de Luca Argel e Luís Trindade.
    16:00, Palco Praça Laranja
  • Apresentação do livro "Quanto Menos Soubermos, Melhor Dormimos" (Zigurate), com a presença de José Milhazes.
    18:00, Palco Praça Laranja
  • Apresenta do Pequeno Livro Arquivo - Pensamentos, Palavras, Actos e Omissões" (Grupo Almedina), um livro de memórias do ator e encenador Luís Miguel Cintra
    18:00, Auditório Sul

11 de junho

  • Apresentação do livro "Viver Só" (Fundação Francisco Manuel dos Santos), com a presença da autora Ana Margarida Carvalho, e do antigo presidente da SOS Voz Amiga, Francisco Paulino.
    17:00, Palco Praça Azul

 

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