«Mudança de presidente no FC Porto? Devia ter sido feita de outra forma»

Sérgio Pereira , enviado-especial à Arábia Saudita
25 set 2024, 07:00

O Maisfutebol na Arábia Saudita com Vítor Pereira, treinador do Al Shabab que sublinhar que a saída de Pinto da Costa é normal perante o surgimento de um dirigente mais novo e com ideias mais jovens.

O MAISFUTEBOL e A Bola viajaram até Riade, a convite da Liga Saudita, tendo aproveitado a ocasião para falar com Vítor Pereira sobre a revolução no FC Porto.

O treinador do Al Shabab diz que a saída de Pinto da Costa é normal, porque as pessoas envelhecem, e que entretanto surgem dirigentes mais jovens e com ideias novas.

No entanto, garante também que as coisas deviam ter sido feitas de outra forma, para Pinto da Costa sair com o reconhecimento que merece e Villas-Boas entrar pacificamente.

Como é que tem visto toda esta revolução no FC Porto?

O FC Porto está a mudar um pouco. Perdeu os dois pontas de lança de referência, não tem muitos recursos, mas está com uma energia e uma dinâmica que me parece que podem dar frutos. Está com um conceito de apostar mais na formação e os clubes têm de ir por aí. Não vale a pena apostar nas academias para depois beneficiar outros clubes. Se um clube anda anos, e anos, e anos a investir na academia, tem de retirar os frutos disso. Mas é preciso dar espaço para que isso aconteça. É preciso haver espaço para que os jovens entrem na primeira equipa. O FC Porto percebeu isso e está agora nessa trajetória, que é bonita e correta.

Mas essa aposta em jovens na primeira equipa precisa de tempo, e os adeptos do FC Porto são muito exigentes, estão habituados a ganhar. Acha que os adeptos vão ter paciência para dar esse tempo que é preciso?

Eu prefiro um investimento forte em 14 jogadores já com maturidade, para depois o resto serem jovens com qualidade e que só precisam de entrar no momento certo. Se o FC Porto fizer assim, vai seguramente competir por títulos. Em relação aos adeptos, acho que no meu tempo era pior. Ficou-me marcado para sempre um jogo em que ganhámos 5-0 ao Nacional em casa, controlámos completamente a partida e fomos assobiados. Mas depois de mim veio um hiato de quatro anos sem ganhar nada. Por isso os adeptos estão mais preparados para encontrar o equilíbrio. Eles sabem que o FC Porto hoje está a organizar-se de forma diferente e que têm de ter alguma paciência. Os miúdos precisam de tempo e de paciência. Quando têm esse tempo e essa paciência, tendo eles qualidade, acabam por se tornar mais fortes.

E como é que viu a reorganização do FC Porto enquanto clube, com a saída de Pinto da Costa e a entrada de André Villas-Boas?

[Encolhe os ombros] São os tempos. Naturalmente os clubes vão evoluindo e vão mudando as formas de liderar. Tivemos um presidente com um mérito tremendo no clube, que conseguiu transformar um clube regional num clube mundial, com créditos e títulos internacionais. Mas o futebol evolui, o presidente não é nenhuma máquina e envelhece, e a mudança torna-se uma coisa natural. Aparecem dirigentes mais novos, com outras ideias. Enfim, é a lei da vida. Só acho que a mudança devia ter sido feita de outra forma.

De uma forma mais pacífica?

Sim, de uma forma mais pacífica, com o presidente a sair da forma correta e como merecia. A entrada do André devia também ter sido de forma pacífica. Mas enfim, não foi isso que aconteceu, os sócios escolheram e agora há que dar tempo para o trabalho dar frutos. Mas os adeptos têm de perceber que neste momento é de facto um FC Porto em transição.

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