José Ángel: 526 golos, o pediatra e a vergonha de ser esquerdino

29 jul 2014, 19:16
José Ángel (Foto: Facebook FC Porto)

A história do novo lateral esquerdo do FC Porto narrada pela mãe e avô; e tudo começa no dia em que o pediatra erra uma previsão: «este rapaz nunca será futebolista»

De mão dada com o avô, José Ángel lamenta-se de uma abominação imposta pela natureza: «lá na escola não há mais nenhum menino esquerdino. Todos gozam comigo. Ensina-me a chutar a bola com o pé direito»
.

Apoiado numa bengala e na sua infinita paciência, Don
José Díaz faz a vontade ao neto. Leva-o para o sótão, escondido da vizinhança indiscreta, e obriga-o a rematar só com o pé normal
. Bons velhos tempos.

«Por vezes íamos também para um pátio nas traseiras de casa. Bem, tanto insistiu comigo que, além de esquerdino, também se desenrasca bem de pé direito», conta agora, «mergulhado numa tremenda felicidade», o avô do novo reforço do FC Porto, José Ángel, ao Maisfutebol
.

A mãe, Olga Díaz, faz questão de entrar na conversa. «O avô e o pai do José Ángel são loucos por futebol. Têm apontado num caderninho todos os dados da carreira do menino».

«Nos torneios de rua e nos jogos das camadas jovens marcou 526 golos. Era muito ofensivo, adorava rematar. Depois, mais velho, acabou por se tornar lateral esquerdo», anui Don
José Díaz, na casa da família, em Gijón.

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José Ángel sempre gostou mais das calles
do que da escola. Frequentou, «sempre com juízo», o Colégio Alfonso Camín e, mais tarde, o Instituto de Educação Secundária de Roces. Por esses dias, o futebol era, mais do que uma certeza, uma ilusão.

Na cabeça da mãe, «muito protetora», estava sempre a previsão do pediatra. «Meio a sério, meio a brincar, disse-me que o José Ángel nunca seria futebolista», conta-nos Olga Díaz, 25 anos depois de uma «gravidez desejada mas sofrida».

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«Estava grávida e preocupava-me nunca sentir o bebé. Não dava pontapés dentro da barriga, nunca. Queixei-me ao médico e ele confirmou que ele, o José Ángel, era muito calminho. E depois lá me disse que assim nunca seria futebolista. Enganou-se», conta, entre risos, a mãe do novo dragão.

E lá veio o contrato profissional com o Sp. Gijón, a chamada aos seniores pela mão do falecido Manuel Preciado e a estreia explosiva no Camp Nou. «Jogou poucos minutos e teve de marcar o Messi. Bem, sobreviveu», recorda José Díaz, avô de José Ángel e patriarca da família.

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O FC Porto é o passo «mais acertado» na vida de José Ángel. Palavra de mãe e avô. E é, curiosamente, um passo antecipado pelo destino, como confessa ao Maisfutebol a dona Olga Díaz.

«Isto até parece impossível. Num dia da semana passada, quando ainda não estava nada definido em relação ao próximo clube do José Ángel – mas já se falava do FC Porto cá em casa -, liguei a televisão no Canal Viajar e a reportagem era sobre a cidade do Porto».

Olga Díaz, supersticiosa, fez ainda mais força para o filho vir para Portugal. «Se isto não é o destino, o que é?»

José Ángel é internacional sub20 e sub21 por Espanha. Ganhou os Jogos do Mediterrâneo em 2009 e o Campeonato da Europa de sub21 em 2011.

O FC Porto é mais uma boa desculpa para acusar o seu pediatra de negligência nas previsões desportivas que lhe fez.

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