Pereira da Costa: «Afeta ter todos os dias credores a reclamar dívidas»

André Cruz , Estádio do Dragão, Porto
1 nov, 13:17
Pereira da Costa (Foto: FC Porto)

CFO da SAD do FC Porto recorda que encontrou liquidez «em níveis mínimos históricos»

José Pedro Pereira da Costa, CFO da SAD do FC Porto, apresentou na manhã desta sexta-feira as contas relativas ao exercício da temporada 2023/24 e começou por destacar os «níveis mínimos históricos» que a nova administração encontrou quando tomou posse.

«Quando esta administração tomou posse, a liquidez que tínhamos estava em níveis mínimos históricos. Não existia nenhum processo de financiamento em curso para aceder a liquidez. A única operação a decorrer era da Ithaka, que só teria impacto em outubro, como veio a ter», explicou o dirigente azul e branco, em conferência de imprensa.

Pereira da Costa salientou também o défice de mais de 80 milhões de euros entre o passivo corrente e o ativo. No próximo ano, o FC Porto tem a pagar cerca de 93 milhões de euros a clubes e agentes, enquanto deverá receber um valor de sete milhões de euros. Para combater essa diferença, a SAD azul e branca já tem em marcha operações com a banca.

«Temos de gerar liquidez para fazer face a esse défice. Estamos com operações de financiamento em curso, numa delas estamos a apontar para prazos de reembolso bastante longos e que nos vai ajudar ao equilíbrio da sociedade. A única maneira de fazer face a isso no curto-prazo é aceder a dívida que nos permita pagar a outra dívida. E refinanciar os prazos mais longos com custos mais baixos», frisou.

O CFO da SAD portista garantiu que quer que o FC Porto volte a pagar a tempo e horas aos fornecedores e revelou como a administração tem lidado com os problemas financeiros.

«Afeta a atividade do dia a dia ter todos os dias credores a reclamar dívidas. Há falta de tempo disponível, perdemos muito tempo. Os meus colegas todos os dias recebem, nas suas respetivas áreas, dívidas do fornecedor X que está aflito e precisa de pagar salários, não é o desejável. Relativamente aos clubes a quem devemos por transferências de jogadores, é uma área exigente, são pagamentos imperativos. Os pagamentos a fornecedores – e daí, talvez, estes saldos vencidos – não fazem parte do controlo da UEFA, mas atrasos significam negociações de prazos de pagamento e dívida vencida. Tudo isso é tempo perdido que poderia ser ocupado de forma muito mais produtiva, se fôssemos o tal clube normal», admitiu.

«Olhando pelo lado positivo, é de realçar a paciência e colaboração que temos vindo a ter por parte dos nossos parceiros e clubes de futebol, que muitos deles estenderam os prazos de pagamento. No início, tínhamos 12 milhões de euros [para pagar] no imediato em maio, mais 16 [milhões] em junho. Cumprimos o controlo de junho, sem pagar cem por cento do que tínhamos de pagar, uma parte foi deferida. Houve paciência e colaboração. Estamos a reganhar credibilidade junto dos parceiros, avisando da dificuldade e procurando garantir prazos exequíveis», concluiu.

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