Neste artigo vai ver vários golos. Tantos golos. Um deles tornou-se um prémio Puskás e doeu muito aos portistas. Esta quinta-feira há FC Porto-Manchester United no Dragão, antes houve o que vai ver aqui nesta magnífica viagem no tempo
FC Porto 4-0 Man. United | 19 outubro 1977
Onze FC Porto: Fonseca, Gabriel, Freitas, Alfredo Murça, Simões, Adelino Teixeira, Rodolfo Reis, António Oliveira, Octávio Machado, Duda, Seninho | Treinador: José Maria Pedroto
Onze Man. United: Alex Stepney, Jimmy Nicholl, Martin Buchan, Stewart Houston, Arthur Albiston, Chris McGrath, Dave McCreery, Sammy McIlroy, Steve Coppell, Gordon Hill, Lou Macari | Treinador: Dave Sexton
FC Porto e Manchester United mediram forças pela primeira vez na época 1977/78, encontraram-se na 2.ª ronda da extinta Taça das Taças e os dragões mostraram que quem mandava nas Antas é quem lá vivia e que era possível banalizar gigantes.
O FC Porto só precisou de oito minutos para fazer o primeiro. O avançado brasileiro Duda, ainda de fora de área, encheu o pé e bola só parou no fundo das redes, depois de entrar naquele ângulo por onde passam os grandes golos. Não satisfeito, o mesmo Duda, ao minuto 24, surge na área após cruzamento da esquerda e volta a marcar, 2-0 perante o gigante Man. United.
Segunda parte e o mesmo nome volta a ecoar nas bancadas: Duda! O avançado acompanha a jogada de ataque, fica à espera do passe à entrada da área e nova bomba só pára nas redes inglesas. Minuto 54 e o FC Porto vencia por 3-0. A machadada final ocorreu aos 60’, por intermédio de António Oliveira, e assim foi o dia em que FC Porto banalizou o poderoso Man. United em pleno Estádio das Antas.
Man. United 5-2 FC Porto | 2 de novembro de 1977
Onze Man. United: Alex Stepney, Jimmy Nicholl, Martin Buchan, Stewart Houston, Arthur Albiston, Dave McCreery, Sammy McIlroy, Chris McGrath, Steve Coppell, Gordon Hill, Stuart Pearson | Treinador: Dave Sexton
Onze FC Porto: Fonseca, Gabriel, Freitas, Alfredo Murça, Simões, Adelino Teixeira, Rodolfo Reis, António Oliveira, Octávio Machado, Duda, Seninho | Treinador: José Maria Pedroto
A 2.ª mão resume-se em apenas uma palavra: golos. Depois da 1.ª mão já ter sido recheada deles, no segundo jogo houve ainda mais, sete.
O primeiro foi aos oito minutos e pelos pés do avançado inglês Steve Coppell. O FC Porto respondeu ao minuto 29, através de Seninho. Seguiu-se o primeiro autogolo de Afredo Murça, que fez o 2-1 para os ingleses. O defesa irlandês Jimmy Nicholl aumentou a vantagem para 3-1 ao minuto 44.
No regresso ao relvado após o intervalo, Coppell bisou aos 65’ (4-1). Os dragões só foram capazes de reagir aos 85’ através do segundo de Seninho, mas, ao minuto 90, Alfredo Murça voltou a enganar Fonseca e marcou o segundo autogolo, fixando o resultado final em 5-2.
Man. United 4-0 FC Porto | 5 de março de 1997
Onze Man. United: Peter Schmeichel, Gary Neville, Gary Pallister, Denis Irwin, David May, Ronny Johnsen, Ryan Giggs, David Beckham, Éric Cantona, Andy Cole, Ole Gunnar Solskjær | Treinador: Alex Ferguson
Onze FC Porto: Hilário, Aloísio, Jorge Costa, Barroso, Paulinho Santos, Costa, Edmílson, Zlatko Zahovič, Sérgio Conceição, Artur, Ljubinko Drulović | Treinador: António Oliveira
Precisamente 20 anos depois, FC Porto e Man. United voltaram a encontrar-se, desta vez nos quartos de final da Liga dos Campeões da época 1996/96. De um lado Jorge Costa, Conceição, Zahovič e Drulović. Do outro um conjunto de estrela : Schmeichel, Gary Neville, Giggs, Beckham, Solskjær e Cantona.
O jogo foi de sentido único: o da baliza de Hilário. Ao minuto 22, David May abriu o marcador após defesa incompleta do guardião português'. Depois, aos 34’, foi Cantona que surgiu com espaço no meio da área e rematou forte para o interior das redes.
Após o intervalo, aos 61’, foi o momento de o então jovem Ryan Giggs marcar - deixou a sensação de que Hilário podia ter feito mais. Para finalizar a noite perfeita para os Red Devils em Old Trafford, Andy Cole fez o 4-0, ao minuto 80.
Até este jogo, o FC Porto apenas tinha perdido um jogo em toda a época - frente ao Salgueiros, 1-2 nas Antes, uma semana antes. No início da época já tinha derrotado o AC Milan em Milão, por 2-3 na fase de grupos.
Os que se recordam deste jogo em Old Trafford apontam a entrada de Costa no onze - que acabou por ser substituído aos 24' e não tinha sido titular em toda a época- como possível origem do desaire em Old Trafford.
FC Porto 0-0 Man. United | 19 de março de 1997
Onze FC Porto: Andrzej Wozniak, Jorge Costa, Rui Jorge, Fernando Mendes, João Pinto, João Manuel Pinto, Paulinho Santos, Barroso, Edmilson, Mário Jardel, Ljubinko Drulović | Treinador: António Oliveira
Onze Man. United: Peter Schmeichel, Gary Neville, David May, Gary Pallister, Ronny Johnsen, Denis Irwin, Nicky Butt, David Beckham, Roy Keane, Éric Cantona, Ole Gunnar Solskjær | Treinador: Alex Ferguson
Na senda da goleada na 1.ª mão dos quartos, os Red Devils vieram ao Estádio das Antas com um dos ataques mais letais da história do emblema de Manchester: Beckham, Cantona e Solskjaer. Contudo, o resultado foi bem diferente do que se viu em Old Trafford.
Para a 2.ª mão, António Oliveira, treinador do FC Porto, optou por fazer cinco mexidas no onze titular em relação ao primeiro jogo. Entraram Andrzej Wozniak, Rui Jorge, Fernando Mendes, João Pinto, João Manuel Pinto e Mário Jardel. A estratégia resultou pelo menos do ponto de vista defensivo, com a equipa a ser capazes de manter o nulo durante os 90 minutos. Mas o FC Porto foi eliminado da Liga dos Campeões depois do 4-0 com que veio de Inglaterra.
FC Porto 2-1 Man United | 25 de fevereiro de 2004
Onze FC Porto: Vítor Baía, Paulo Ferreira, Jorge Costa, Ricardo Carvalho, Nuno Valente, Pedro Mendes, Deco, Dmitri Alenichev, Carlos Alberto, Maniche, Benni McCarthy | Treinador: José Mourinho
Onze Man. United: Tim Howard, Gary Neville, Phil Neville, Wes Brown, Roy Keane, Nicky Butt, Paul Scholes, Quinton Fortune, Louis Saha, Ruud van Nistelrooy, Ryan Giggs | Treinador: Alex Ferguson
É esta vitória no Estádio do Dragão que embala o FC Porto para a conquista da Liga dos Campeões. Mas foi preciso sofrer - nesta primeira mão e também na segunda.
Ao minuto 23, Paul Scholes bate um livre à entrada da área portista. Baía defende para a frente e, na pequena-área, Quinton Fortune só teve de encostar para o fundo da baliza escancarada. “O pior que podia acontecer ao FC Porto: sofrer um golo primeiro e em casa, azar para o FC Porto”, ouvia-se no relato da RTP.
O FC Porto não desistiu e, seis minutos depois, gritava-se “Benni McCarthy, golo!” no relato da RTP. Após cruzamento da direita do russo Alenichev, Benni McCarthy respondeu com um exímio remate à meia-volta e voltava a estar tudo empatado.
Nesse jogo, Ferguson reagiu a partir do banco com a aposta num jovem vindo do Sporting, Cristiano Ronaldo. Mas não serviu: na segunda parte, Nuno Valente faz um cruzamento a uns bons 30 metros da baliza e McCarthy, ainda atrás da marca de penálti, cabeceia forte e certeiro ao ângulo esquerdo da baliza de Tim Howard. É até hoje um dos melhores cruzamentos da história do FC Porto.
Man. United 1-1 FC Porto | 9 de março 2004
Onze Man. United: Tim Howard, Gary Neville, Phil Neville, Wes Brown, John O´Shea, Éric Djemba-Djemba, Darren Fletcher, Nicky Butt, Paul Scholes, Ruud van Nistelrooy, Ryan Giggs | Treinador: Alex Ferguson
Onze FC Porto: Vítor Baía, Paulo Ferreira, Jorge Costa, Ricardo Carvalho, Nuno Valente, Costinha, Deco, Dmitri Alenichev, Carlos Alberto, Maniche, Benni McCarthy | Treinador: José Mourinho
Este é o jogo que muda as vidas de Mourinho e de mais de metade dos titulares do FC Porto. Com uma vantagem de 2-1 vinda da 1.ª mão, o FC Porto chegava a Old Trafford sem garantias maiores de superar os Red Devils e, ao minuto 32, os receios confirmaram-se. Giggs superou Paulo Ferreira no flanco esquerdo, centrou e na área Paul Scholes aparece, vindo de trás, para cabecear para o fundo das redes. Das bancadas vermelhas veio uma explosão de alegria, com este 1-0 os Red Devils estavam nos quartos.
Durante 58 minutos, o FC Porto de Mourinho esteve fora da Liga dos Campeões. Ao minuto 90, livre à entrada da área do Man. United, Benni McCarthy e Ricardo Fernandes junto à bola, o avançado sul-africano bate forte. Tim Howard defende em esforço, defende para frente, onde aparece Costinha. O seis azul e branco não hesitou e o que se seguiu foi a festa dos jogadores portistas junto à bandeirola de canto - Mourinho a correr e a saltar desalmadamente e, meses depois, a conquista do troféu mais desejado da Europa.
Man. United 2-2 FC Porto | 7 de abril de 2009
Onze Man. United: Edwin van der Sar, Nemanja Vidic, John O’Shea, Jonny Evans, Patrice Evra, Michael Carrick, Darren Fletcher, Paul Scholes, Park Ji-sung, Cristiano Ronaldo, Wayne Rooney | Treinador: Alex Ferguson
Onze FC Porto: Helton, Bruno Alves, Rolando, Cristian Sapunaru, Aly Cissokho, Fernando, Lucho González, Raul Meireles, Cristián Rodríguez, Hulk, Lisandro López | Treinador: Jesualdo Ferreira
Cinco anos depois da vitória Champions, Man United e FC Porto voltaram a encontrar-se, desta vez nos quartos de final. O FC Porto voltou a surpreender e ao minuto 4 já festejava o primeiro golo. À entrada da área, Cristián Rodríguez visa a baliza inglesa, Van der Sar ainda se estica mas nada pode fazer, 1-0.
O empate surge aos 15’, após um clamoroso erro da defesa do FC Porto: um atraso mal feito deixou Wayne Rooney completamente sozinho na cara de Helton. Rooney não perdoou.
Aos 85’, a passe de Rooney, Carlos Tévez colocou os red devils novamente em vantagem. O jogo parecia fechado mas aos 89’ Mariano González relembrou que o FC Porto nunca desiste frente ao Man. United. 2-2.