Villas-Boas: «Cardoso Varela caiu nas malhas de supostos agentes»

8 out, 10:35

Presidente do FC Porto voltou a falar no portal da transparência, no combate à corrupção e do desaparecimento polémico de um jogador da formação

André-Villas Boas voltou a abordar a criação do Portal da Transparência no FC Porto e quer o clube na liderança do combate à corrupção e violência no desporto, num discurso proferido na 18.ª Conferência do Conselho da Europa dos Ministros do Desporto, na Alfândega do Porto, em que também voltou a abordar o «rapto» de Cardoso Varela.

O presidente do FC Porto quer o clube na vanguarda da discussão dos problemas que minam o futebol português e começou por dar, como exemplo, a criação de um portal de transparência, que vai permitir uma melhor comunicação com os sócios sobre todas as atividades do clube.

«O portal da transparência que lançamos resulta de um compromisso que assumimos com os nossos sócios e com o mundo do desporto. O FC Porto tornou pública toda a informação relevante sobre matérias institucionais, organizacionais, económico-financeiras, de planeamento e contratuais. Em conformidade com os mais elevados padrões internacionais de transparência e acesso à informação, prestamos contas. Tornamos transparente todas as formas e proveniências de financiamento, a rastreabilidade das transferências de atletas e a natureza dos contratos: um tampão a qualquer operação que favoreça a criação de terreno fértil à corrupção ou até, no limite, ao tráfico humano», destacou.

Foi neste contexto que o presidente do FC Porto voltou a abordar a polémica saída de Cardoso Varela, jogador formado no clube, para os croatas do NK Dinamo Odranski Obrez, transferência que acabou travada pela FIFA após a ação dos dragões.

«O segundo exemplo que gostaria de partilhar é sobre um caso de um jovem, de 15 anos, português, de origem africana, que estava a ser formado no FC Porto, vítima de um processo nebuloso que tem que ter um epilogo que sirva de desincentivo ao crime. Próximo de poder assinar o seu contrato profissional, caiu nas malhas de supostos agentes, que aproveitando a debilidade financeira da família, o desviaram, obrigando-o a fugir do clube que garantia a sua integridade, a troco de uma quantia monetária não compensatória e uma vinculação a uma contratualização leonina que hipoteca o seu futuro desportivo e o seu desenvolvimento humano», começou por referir.

Um caso que o presidente do FC Porto pretende levar até às últimas instâncias. «Investimos os nossos esforços na recuperação do jovem, envolvemos as autoridades policiais e jurídicas nacionais e internacionais, promovemos processo junto das instâncias reguladoras, como as instâncias da FIFA. A razão está do nosso lado e esperamos que este caso seja um dos últimos em que jovens jogadores não são protegidos de interesses obscuros. Queremos dar o nosso exemplo, para que os jovens, as suas famílias, os seus clubes não sejam passivos e envolvam as autoridades e, em caso de necessidade recorram às instâncias jurídicas, para que a impunidade e o esquecimento não traiam os ideais do desporto», destacou.

A fechar o discurso, André Villas-Boas reafirmou o empenho do clube no combate à corrupção e violência no desporto. «Por fim dizer-vos que não viraremos a cara à denúncia, à cooperação ativa com as autoridades e as instâncias judiciais. Assim o temos feito diariamente. Queremos e desejamos que muitas das entidades nacionais governamentais e as instituições ligadas ao desporto invistam cada vez mais na auto-regulação, na execução da lei, mas também sejam capazes de passar da omissão e da passividade para a condenação pública e judicial cada que vez que estivermos perante atos bárbaros de violência, discriminação e corrupção ativa e passiva no desporto português», acrescentou ainda.

Já à margem da conferência, em conversa com os jornalistas, André Villas-Boas fez um ponto da situação em relação à auditoria forense pedida pela sua direção às contas do clube. «Queremos ir uns anos mais para trás, temo-nos deparado com algumas situações surpreendentes. Dois anos estão concluídos, temos algumas conclusões, mas pedimos à Deloitte para estender mais essa investigação e vamos dar aos sócios em breve, em finais de outubro e novembro, todos os sinais dessa investigação», referiu.

O presidente referiu-se ainda às pichagens junto ao Dragão, a criticarem Vítor Bruno, como uma «patetice e infantilidade» e também comentou o rendimento de Samu neste início de temporada. «Foi por isso que o trouxemos, é uma grande aposta. Contratámos o Samu porque perdemos muito golo, com as saídas do Evanilson e do Taremi. Foi a aposta num jogador que será capaz de ter rendimento imediato», destacou ainda.

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