F.C. Porto-Belenenses, 2-2 (destaques)

25 ago 2002, 20:33

A pontaria de Neca e os «malditos» do Restelo Neca, em dois lances decisivos, conquistou mais um ponto para o Belenenses nas Antas. Os «malditos» fizeram o resto.

Neca

Quem assistiu com regularidade aos treinos do Belenenses esta pré-temporada não ficou, com certeza, surpreendido com o golo de Neca. É habital, no final das sessões de trabalho no Restelo, o número 19 da equipa de Belém ficar em campo a atirar bolas para a baliza com uma barreira como obstáculo. Esta tarde limitou-se a repetir um movimento que já tem mecanizado. Os jogadores do F.C. Porto colaboraram na constituição da barreira, enquanto Baía limitou-se a ver a bola a passar pelo seu lado direito. Mas Neca não se ficou por aqui. Foi o elo mais forte na ligação entre a defesa e o ataque da equipa do Restelo numa exibição a roçar a perfeição, ganhando e transportando muitas bolas para o meio-campo do F.C. Porto. A conquista e a respectiva marcação da grande penalidade foi um justo prémio para uma exibição de cinco estrelas.

As torres malditas (Filgueira e Wilson)

Filgueira e Wilson voltaram a revelar-se decisivos na conquista de mais um ponto para o Belenenses nas Antas. Recorrendo à ilimitada experiência, as «torres de Belém» voltaram a fazer juz ao seu nome anulando, com excepção na jogada do golo de Postiga, o forte caudal aéreo do F.C. Porto. Não estará o F.C. Porto interessado em pagar uma reforma antecipada a estes dois «velhos» jogadores? Uma palavra para o inseparável companheiro das torres. Tuck, de seu nome, um verdadeiro triturador do mais elaborado jogo adversário. Apenas uma falha a apontar a este veterano jogador quando, ao tentar aliviar mais uma bola, lançou Derlei em corrida. Valeu a intervenção do próximo mencionado.

Marco Aurélio

Outro jogador maldito para o F.C. Porto, pelo menos pela quantidade de impropérios que o público portista lhe dirigiu sempre que foi chamado a intervir. Há um ano, na vitória do Belenenses nas Antas (também por 2-1), o guarda-redes do Belenenses negou, por duas vezes (o árbitro mandou repetir), uma grande penalidade a Alenitchev. Esta tarde voltou a destacar-se negando o golo por quatro vezes a Derlei com duas arrojadas saídas aos pés do brasileiro e um longo vôo a desviar um remate cruzado do mesmo jogador. Já nos minutos finais, voltou a defender mais um remate de Derlei, mas já não teve reflexos para suster a recarga de Jankauskas. O que é que Paulinho Santos lhe terá dito ao intervalo à entrada do túnel?

César Peixoto

Compreende-se que Mourinho tenha apostado em Jankauskas para entrar ao intervalo. Eram precisos golos e essa parece ser a especialidade do lituano, como acabou por se verificar. Não se percebeu foi que o «sacrificado» tivesse sido César Peixoto. O antigo jogador do Belenenses, talvez ainda sob o efeito da «estrelinha» que a equipa do Restelo tem trazido às Antas, destacou-se com um dos jogadores mais clarividentes do F.C. Porto durante todo o primeiro tempo. Foi dos poucos que conseguiu chegar à linha de fundo e cruzar para o território das referidas «torres». Criou perigo ainda em muitos dos lances de bola parada que foi chamado a marcar, com destaque para um livre muito bem marcado aos 28 minutos.

Orestes

Sem um lateral de raíz para a direita, Marinho Peres abriu um «concurso público» durante a semana para encontrar o melhor jogador para aquela posição. Com Neto a recuperar de uma operação e Marco Paulo destacado para o miolo, o primeiro candidato foi Fajardo, mas o eleito acabou por ser Orestes. Um compatriota que Marinho Peres lançou no Brasil. O defesa central adaptou-se na perfeição à nova posição, tapando os buracos a César Peixoto, Derlei e companhia. Revelou mais dificulades para subir no terreno, mas também não se lhe podia pedir a perfeição.

Quem mandou regar o relvado?

Uma pergunta de resposta fácil. José Mourinho que, com certeza, pretendeu aproveitar as características dos jogadores que tinha disponíveis para imprimir um velocidade à partida. No entanto, o feitiço acabou por virar-se contra o feiticeiro. Os jogadores do Belenenses aceitaram o repto e adaptaram-se bem ao piso rápido e escorregadio, enquanto o F.C. Porto, pelo menos nos primeiros minutos, andou literalmente a patinar com destaque para uma aparatosa queda de Capucho quando procurava isolar-se no flanco direito.

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