«VAR não está totalmente operacional, é uma das maiores vergonhas»

David Silva , Cidade do Futebol, Oeiras
10 out, 12:23
André Villas-Boas (Foto: FC Porto)

Presidente do FC Porto disse ainda que «determinados clubes travam o crescimento do futebol nacional»

Durante a Portugal Football Summit, decorrida nesta sexta-feira na Cidade do Futebol, o presidente do FC Porto deixou vários alertas em relação ao futebol nacional. 

André Villas-Boas começou por abordar a questão fraturante da centralização dos direitos televisivos, que divide Sporting e FC Porto, a favor de uma solução que permita essa centralização, e Benfica, que está contra. 

«O caminho que temos de trilhar é feito em conjunto. A demografia desportiva portuguesa não tem paralelo com outro país. Entendo a posição de outros clubes. Do que vi do presidente do Sporting, também apoia, já o Benfica está num limbo, segundo as palavras do seu presidente», começou por dizer.

«Nós dominamos provavelmente 80 por cento da demografia desportiva portuguesa. Em Itália, Espanha ou França há forte identificação regional, o que não acontece cá. Isso é retratável pela assistência mínima de determinados clubes. Eu acho que o caminho para a centralização passa por várias propostas. Passa pela repetição de vários jogos entre os grandes. Pode ser aumentar a Liga para 20 clubes e ter um formato de Champions, com duas voltas. Uma até dezembro e outra depois. Rapidamente, um Clássico pode ser jogado três vezes, até», sugeriu o dirigente.

«Presidentes dos grandes não se podem ver uns aos outros»

Para chegar a esse entendimento, é preciso diálogo. E Villas-Boas não deixou de referir o mau ambiente entre direções de clubes criado nos últimos meses. 

«Era importante que os clubes se sentassem. Daqui a pouco teremos os três CFO'S dos 'grandes' sentados num painel, já os três presidentes não se podem ver uns aos outros. Os outros clubes da Liga também necessitam de posicionar-se», disse. 

Outro dos desafios lançados por Villas-Boas tem a ver com questão da arbitragem, nomeadamente a implementação da videoarbitragem. 

«O VAR não está 100 por cento operacional na primeira e na segunda Ligas. É uma das maiores vergonhas nacionais. Ter câmaras em holofotes é das maiores vergonhas.  E ter clubes que esperam que a FPF pague isso também os devia envergonhar. Não podemos é andar numa discussão inócua nas cimeiras de presidentes», exortou.

E ainda apontou outro problema iminente - a entrada de investidores estrangeiros no capital das SAD's dos clubes, algo que Villas-Boas quis evitar no FC Porto.

«Lanço uma questão - nos últimos dez anos, metade das SAD's sofreram injeção de capital estrangeiro. Dou um exemplo - 30% da SAD do V. Guimarães foi comprado por 5,5 milhões. Se houver uma centralização com injeção do capital, quem nos diz que os investidores não recolhem o investimento e desaparecem do futebol português? É um suposto 'El Dorado', mas deixam os clubes na miséria», avisou.

«Determinados clubes têm travado o crescimento do futebol português»

«Para defender os interesses do FC Porto, tenho de ver o crescimento do futebol português e há determinados clubes que têm travado esse crescimento. Os clubes pequenos não se queixaram do dinheiro das apostas serem centralizadas. Aí já não houve queixas. O Proença conseguiu o grande milagre de centralizar o dinheiro das apostas desportivas. Portugal é o único país que distribuiu para primeira e segunda Liga, não apenas a primeira. É preciso mais consciência e saber que os grandes não querem ficar a perder», recordando a importância de reter o sexto lugar no ranking UEFA. 

«Temos de ter ajuda da Federação e da Liga. A FPF com uma entrada tardia na quarta eliminatória da Taça, Liga não fazendo a triste figura que fizeram no jogo com o Arouca [em relação ao calendário]», terminou. 

O presidente do FC Porto foi um dos participantes da Portugal Football Summit nesta sexta-feira... ao contrário de Rui Costa, homólogo do Benfica, que cancelou a presença. 

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