Villas-Boas cumpre promessa e conclui renegociação da dívida do FC Porto

14 nov, 17:01
André Villas-Boas (Foto: FC Porto)

SAD fez emissão de obrigações no valor global de 115 M€, com 5,62% de taxa de juro e com um pagamento a 25 anos

André Villas-Boas tinha prometido renegociar a dívida da SAD do FC Porto durante a campanha eleitoral e cumpriu nesta quinta-feira. 

Em comunicado enviado à CMVM, a SAD anunciou ter celebrado uma emissão de obrigações no valor global de 115 M€, com 5,62% de taxa de juro, e com um pagamento a 25 anos.

A operação financeira foi concretizada com a USPP (US Private Placement), através da JP Morgan e algumas seguradoras do mercado internacional. 

O FC Porto assegura que esta operação «destina-se a refinanciar o passivo existente e a financiar a atividade global do FC Porto» e «representa um passo decisivo na concretização da estratégia de financiamento do FC Porto, permitindo i) a extensão da maturidade média da dívida; e ii) a redução do custo médio da dívida, em linha com objetivos oportunamente comunicados.»

Em declarações ao site do clube, Villas-Boas disse: «Esta é uma operação da qual nos orgulhamos muito, é um passo histórico para o FC Porto. Dará outra credibilidade junto a fornecedores, clubes e agentes, em relação aos quais o clube foi acumulando uma dívida substancial. Em realidade, é uma dívida contraída para pagar dívida, mas que nos permite em linha com os próximos 25 anos crescer a nível operacional, comercial e desportivo, sobretudo. Além disso, permite-nos lidar com o dia a dia de outra forma.»

Já José Pedro Pereira da Costa, administrador financeiro da SAD, fala de uma «taxa de juro muito vantajosa para o FC Porto», em declarações ao Porto Canal, deixando um reparo a anteriores renegociações de dívida. 

Esta é «diferente de operações que foram feitas no passado, que acabaram por ser antecipação de receitas futuras. Esta emissão vai ser essencialmente para refinanciarmos o passivo do FC Porto com prazos bastante mais longos e com custos bastante mais atrativos», defende José Pedro Pereira da Costa.

Durante a campanha eleitoral, um dos cinco eixos da lista de Villas-Boas era o encurtamento do passivo do clube, fruto da «renegociação de prazos e serviço da dívida», de maneira a assegurar a manutenção do atual modelo de propriedade do FC Porto.

Leia o comunicado na íntegra: 

«A Futebol Clube do Porto – Futebol, SAD (“FC Porto”) vem informar o mercado, os Associados, Adeptos e Simpatizantes do Futebol Clube do Porto e o público em geral que, na presente data, concretizou, através da sua subsidiária integralmente detida Dragon Notes S.A., uma emissão de obrigações no montante de 115 milhões de euros, com um prazo de vencimento de 25 anos e com uma taxa de cupão fixa anual de 5,62%, através de colocação privada junto de investidores institucionais no mercado dos EUA.

As obrigações pagarão durante os primeiros três anos apenas um juro anual em novembro de cada ano e de novembro de 2028 a novembro de 2049 serão reembolsadas por prestações constantes (capital e juros), o que representa uma maturidade média ponderada de 16,5 anos. Sendo a Dragon Notes a subsidiária que detém a totalidade da participação do FC Porto na Porto Stadco correspondente a 70% dos direitos económicos dessa sociedade, as obrigações Dragon Notes serão garantidas em primeira linha pelos dividendos a pagar pela Porto Stadco à Dragon Notes, sendo que o eventual excesso, após serviço da dívida, será distribuído para o FC Porto após cumprimento de determinadas condições.

Nesta operação não foram atribuídas aos obrigacionistas garantias reais, nomeadamente a hipoteca sobre o Estádio do Dragão ou passes de jogadores. A operação Dragon Notes destina-se a refinanciar o passivo existente e a financiar a atividade global do FC Porto e representa um passo decisivo na concretização da estratégia de financiamento do FC Porto, permitindo i) a extensão da maturidade média da dívida; e ii) a redução do custo médio da dívida, em linha com objetivos oportunamente comunicados. 

O FC Porto congratula-se com a elevada procura registada nesta emissão (cerca de 170 milhões de euros), bem como com a elevada qualidade dos investidores institucionais que participaram na operação, como resultado da qualidade de crédito da Dragon Notes, evidenciada pela notação de investment grade atribuída pela agência de rating DBRS (rating de crédito de longo prazo de BBB Low) em resultado de um modelo de negócio resiliente e com perspetivas de crescimento por parte da Porto Stadco.

Esta operação foi tambem alicerçada na renegociação da parceria com a Ithaka concluída em agosto pelo atual Conselho de Administração para, entre outros aspetos, prever a possibilidade de o FC Porto poder emitir dívida com base nos 70% dos direitos económicos da Porto Stadco que continuará a deter. Nesta transação o J.P. Morgan atuou como Agente Colocador das obrigações e a Key Capital Partners como advisor financeiro do FC Porto. A Clifford Chance e a PLMJ atuaram como assessores legais do FC Porto. Os custos totais destas entidades, assim como da agência de rating, representam 0,26% por ano do valor total da emissão.»

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