A média e capitã do Barcelona recebeu o Ballon d'Or, superando a concorrência e sucedendo à norte-americana Megan Rapinoe
Alexia Putellas é por estes dias o nome maior do futebol feminino. Depois de ter conquistado prémio de jogadora do ano da UEFA, a média catalã junta-se agora a um dos grupos mais restritos do desporto, onde constam nomes como Marta ou Meghan Rapinoe.
Alexia tornou-se a primeira jogadora de nacionalidade espanhola a receber o Ballon d'Or (Bola de Ouro), é a nova melhor do mundo e já lhe chamam "La Reina Del Fútbol" (a rainha do futebol), em Espanha.
Na cerimónia, a jovem catalã foi além dos golos de levantar o estádio, dos passes a rasgar e acabou por emocionar toda a plateia. Nos agradecimentos, Putellas lembrou e dedicou o título ao pai já falecido, naquele que foi o momento de maior emoção da noite no Teatro del Chatelet, em Paris.
“Se me permitem, vou tentar não me emocionar... Quero dedicar este momento a alguém que foi, é e será sempre muito especial para mim... Por quem faço tudo... Espero que estejas muito orgulhoso da tua filha. Onde quer que estejas, esta é para ti, papá. Obrigadoa”, afirmou Alexia de voz embargada.
Alexia Putellas perdeu o pai quando tinha apenas 18 anos. A agora melhor do mundo nunca escondeu que foi o progenitor quem lhe apresentou o mundo do futebol, nem que o ano de 2012 mudou por completo a sua carreira.
Em entrevista ao jornal espanhol El País, Alexia lembrou os tempos em que o pai a levava ao mítico Camp Nou e a influência que teve na sua formação enquanto jogadora. Uma relação próxima e de grande cumplicidade, que foi abruptamente terminada.
“Mereces um monumento por estares aqui a todos os momentos. És o melhor pais do mundo, quero-te, estou com saudades”, pode ler-se na publicação feita em 2014.
De "menina introvertida" a melhor do mundo
Alexia cresceu em Mollet del Vallès, uma província catalã com pouco mais de 50 mil habitantes, situada a cerca de 20 quilómetros de Barcelona. O legado futebolístico arrancou em 2001, quando tinha apenas sete anos, ao serviço do modesto CE Sabadell. Estava numa equipa de raparigas que tinham até 13 anos, em parte dos jogos nem sequer saía do banco de suplentes, mas não desistiu do sonho.
"Sou muito introvertida com as minhas coisas, sou um bunker", disse ao La Vanguardia.
Em 2005, a catalã de berço chegou mesmo ao maior clube da Catalunha, na altura com 11 anos de idade. Na época 2006/07, entrou para a formação do rival Espanhol, onde se estreou como jogadora profissional, em 2010. Seguiu-se mais uma época e, pela primeira vez, abandonou a Catalunha.
Na temporada 2011/12, Alexia rumou a Valência, onde envergou a camisola do Levante, antes de atingir o "Olimpo", no ano seguinte, regressando ao Barcelona.
Em 2012, estreou-se como profissional do FC Barcelona, mas foi também por esta altura que perdeu o pai.
Passada quase uma década desde a estreia no plantel blaugrana, a vida de Alexia Putellas centra-se hoje em conquistar títulos e bater recordes. A jogadora espanhola foi a primeira no futebol feminino a marcar, em jogos oficiais, nos míticos estádios Johan Cruyff e Camp Nou.
Perante a dor, o desaparecimento do porto de abrigo, Alexia focou-se no no jogo. A tática, o treino, os relvados e o ginásio assumiram um papel terapêutico que a deixaram num patamar diferente das restantes.
É unânime entre a imprensa espanhola que os últimos anos revelaram o verdadeiro talento da estrela espanhola. "A Alexia de hoje é mais rápida, mais forte, mais habilidosa, mas igualmente competitiva”, pode ler-se no La Vanguardia.
O palmarés recheado de Alexia
Com apenas 27 anos, Alexia já é uma das jogadoras com maior palmarés do futebol feminino mundial. Ao serviço do FC Barcelona e Espanhol, a estrela espanhola conquistou uma Liga dos Campeões, cinco campeonatos, seis Taças da Rainha, uma Supertaça e sete Taças da Catalunha.
Pela seleção espanhola, Putellas venceu o Euro sub-17, em 2010 e 2011, e foi vice-campeã no Euro sub-19 de 2012. A primeira grande competição pela seleção principal em que participou foi o Mundial de 2015.
"La Reina" já tinha recebido o prémio de Jogadora do Ano para a UEFA e agora conquista o título de melhor do mundo, ao receber o Ballon d'Or.
Como adversárias diretas à conquista do galardão estavam a conterrânea e colega de equipa Jennifer Hermoso, a australiana Sam Kerr e as neerlandesas Lieke Martens e Vivianne Miedema.
Quem assistiu à cerimónia da France Football com uma emoção especial foi a família da jogadora. A mãe e a irmã estiveram presentes no Teatro del Chatelet, em Paris, mas o resto do clã Putellas não.
O momento em que Mbappé chamou Alexia foi recebido em apoteose pela família e transmitido em direto pelo FC Barcelona. Gritos, palmas e euforia encheram a sala, onde se encontravam pouco mais de dez pessoas.
No caminho de regresso a casa, Alexia partilhou uma fotografia abraçada ao famoso troféu, que já vimos nas mãos de nomes como Cristiano Ronaldo, Messi, Eusébio, Ronaldinho ou Marco van Basten.