Entre a urgência da chegada de uma nova (pré) época, para o FC Porto, e um Brasileirão que vai a menos de meio, para o Palmeiras, os conjuntos de Martín Anselmi e Abel Ferreira encontram-se pela primeira vez na história a nível oficial, numa partida que abre a prestação de equipas portuguesas no Mundial de Clubes da FIFA
O Metlife Stadium, em New Jersey, é o palco que abre as portas do Mundial de Clubes para FC Porto e Palmeiras. Os conjuntos de Martín Anselmi e Abel Ferreira defrontam-se, oficialmente, pela primeira vez, com dúvidas de parte a parte, sobre a forma como as equipas poderão olhar para a competição e em que condições chegam a um torneio que, mesmo assim, oferece um total de prémios que podem ultrapassar os 75 milhões de euros para o vencedor.
O Palmeiras de Abel Ferreira encontra-se ainda na 11.ª jornada do Brasileirão, tendo um plantel teoricamente mais ‘fresco’, mas as diferenças entre número de jogos disputados pelas duas equipas não é muito diferente: o FC Porto chega à competição com 49 jogos cumpridos, o Palmeiras chega com 35 partidas disputadas, uma vez que, além dos jogos da Taça do Brasil e da Libertadores - ambas a decorrer - o Verdão já disputou esta época o campeonato estadual Paulista.
No campo das transferências que antecederam a competição, o último e único reforço dos dragões foi Gabri Veiga, que chegou para apetrechar o ‘miolo’ azul e branco e que se junta aos jovens Gabriel Brás, André Oliveira e Ángel Alarcón. No Palmeiras, o conjunto de Abel Ferreira não realizou qualquer movimentação no período que antecede o torneio, mas na janela de transferências de janeiro contratou Vitor Roque, Paulinho e Facundo Torres.
Olhando para o momento das duas equipas, o FC Porto vem de uma época em que mudou de treinador, passando de Vítor Bruno para Martín Anselmi, o que não impediu que os ‘dragões’ conseguissem apenas o terceiro lugar na primeira Liga e sem qualquer título nacional ou internacional durante a época. O Palmeira, por seu lado, vai a meio da época, mas os resultados também estão aquém das expectativas. Ficou em segundo no campeonato estadual Paulista, no Brasileirão já foi líder, mas atualmente apenas ocupa a quarta posição, a dois pontos do líder Flamengo, está a disputar a Taça do Brasil e a nível internacional ainda está a disputar a Libertadores. Apesar destes resultados, desde que Abel Ferreira assumiu a liderança técnica da equipa, o Palmeiras já conquistou, entre outros títulos, duas Taças dos Libertadores e foi campeão do Brasil por duas vezes.
A nível dos plantéis e dos seus valores, o FC Porto leva vantagem no capítulo coletivo: segundo o Transfermarkt, o plantel dos dragões está a avaliado em 345,9 milhões de euros, enquanto o plantel do Palmeiras tem um valor de 252,55 milhões de euros. Ainda assim, o jogador mais valioso das duas equipas está no ‘verdão’: Estêvão, jovem de 18 anos das escolas do Palmeiras, que tem as malas feitas para o Stamford Bridge, depois de o Chelsea ter pagado 34 milhões de euros pelo passe do jogador que está avaliado em 60 milhões de euros. Do lado dos dragões, os jogadores mais valiosos são Samu Aghehowa, valorizado em 50 milhões de euros, Rodrigo Mora e Diogo Costa - ambos com um valor de mercado de 40 milhões de euros.
Quanto ao que se poderá ver no relvado de East Rutherford, em New Jersey, a tendência, do lado do FC Porto é a da continuação e possível progresso do 3-4-3 que Martín Anselmi implementou desde que chegou ao Dragão, com aposta forte em Alan Varela para o meio-campo, sendo o argentino o mais utilizado dos dragões na época que passou. No entanto, não suplanta, em minutos, Diogo Costa, que foi o atleta com mais tempo de jogo dos azuis e brancos, com 3.900 minutos entre os postes da baliza dos dragões e que, mais recentemente, se juntou ao grupo, assim como Rodrigo Mora, que também foi à final four da Liga das Nações. Falar de Mora é, também, falar de Samu que, inevitavelmente, é falar de golos: o avançado espanhol foi o melhor marcador da época dos dragões com 25 golos.
Do lado do Palmeiras alguns dos nomes nos quais o treinador português tem depositado mais confiança têm sido os de Richard Ríos, médio centro colombiano, o guardião brasileiro Weverton e o reforço de inverno, o uruguaio Facundo Torres. E claro, Estêvão, que, depois de Weverton, é o jogador com mais minutos do Verdão e que fará do Mundial de Clubes a sua despedida do Palmeiras.
Apontando ao histórico de ambos os clubes nesta competição ou equivalente, o FC Porto conquistou a Taça Intercontinental por duas vezes, em 1987 e 2004 - a última vez em que participou numa competição mundial de clubes - vencendo respetivamente o Peñarol e o Once Caldas, afirmando-se como campeão mundial de clubes no antigo formato que colocava frente a frente os campeões da Europa e da América do Sul.
Já o Palmeiras, embora não tenha vencido a competição, soma mais participações no novo formato do Mundial de Clubes da FIFA, com presenças em 2020 e 2021, como campeão da Libertadores, alcançando o quarto lugar e, posteriormente, o estatuto de vice-campeão, depois de ser derrotado pelo então campeão europeu, Chelsea.
Relativamente a um possível constrangimento ou interferência da competição nos calendários de ambas as equipas, no caso do Palmeiras, independentemente do seu desempenho, a Série A do Brasil prosseguirá após o Mundial de Clubes, mesmo que isso implique o adiamento de alguns jogos.
No caso do Porto, a questão prende-se com o período de preparação para a próxima temporada: a pré-época poderá ter de ser reduzida dependendo do desempenho da equipa no Mundial de Clubes e da data de início da I Liga 25/26.