Israel está a considerar limitar a ajuda humanitária a Gaza depois de Donald Trump assumir o poder no final deste mês, naquela que é uma tentativa de privar o Hamas de recursos, de acordo com uma fonte israelita familiarizada com o assunto. Tal movimento corre o risco de exacerbar uma situação humanitária já terrível.
Desde 7 de outubro, Israel tem travado uma guerra em Gaza para tentar desmantelar militarmente o Hamas, mas diz que os militantes deste grupo armado mantêm a capacidade de governar através da apreensão de ajuda enviada para os civis.
“A ajuda humanitária não está a chegar às mãos certas”, diz a fonte, acrescentando que limitar a ajuda humanitária é uma das “várias” opções atualmente consideradas.
As organizações de ajuda humanitária têm constantemente pedido um aumento na quantidade de ajuda humanitária, alertando há meses sobre o risco crescente de fome no enclave. O Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA) alertou na terça-feira que apenas 2.205 camiões de ajuda entraram em Gaza no mês de dezembro, excluindo veículos comerciais e combustível.
Israel contestou esse número, dizendo que não há limite para a quantidade de ajuda que pode entrar em Gaza e que mais de 5.000 camiões entraram ao longo do mês, de acordo com uma declaração da Coordenação de Atividades Governamentais nos Territórios (COGAT), que monitoriza o fluxo de ajuda para o enclave.
As autoridades da ONU dizem que o número de camiões que entravam em Gaza antes da guerra era de aproximadamente 500 por dia, ou 15.000 por mês.
Estima-se que 91% dos 2,1 milhões de moradores do território enfrentam altos níveis de insegurança alimentar aguda, de acordo com o OCHA.
Em outubro, menos de um mês antes da eleição presidencial dos EUA, o governo Biden enviou uma carta ao governo israelita exigindo que agisse para melhorar a situação humanitária em Gaza dentro de 30 dias ou correria o risco de violar as leis dos EUA que regem a assistência militar estrangeira, sugerindo que a ajuda militar dos EUA poderia estar em risco.
A lista de exigências incluía permitir que pelo menos 350 camiões por dia entrassem em Gaza, ao mesmo tempo em que implementavam pausas de combate para melhorar o fluxo e a segurança dos comboios e movimentos humanitários.
Uma semana após Trump vencer a eleição e com o prazo expirar, o governo Biden avaliou que Israel não estava a bloquear a ajuda, apesar das principais exigências contidas na carta continuarem por cumprir.
O Departamento de Estado disse que, embora fossem necessárias mudanças, houve progresso — e, por isso, não haveria qualquer interrupção no fornecimento de armas dos EUA.
Na sexta-feira, o Departamento de Estado notificou informalmente o Congresso de que pretende vender sete mil milhões de euros em armas para Israel, revela à CNN uma fonte dos EUA e outra fonte familiarizada com o assunto.