"O senhor almirante nunca bebeu uns copos?": capelão da Marinha critica Gouveia e Melo e defende fuzileiros suspeitos da morte de polícia

29 mar 2022, 17:30
Gouveia e Melo é novo Chefe do Estado-Maior da Armada (Lusa)

Capelão incorre numa infração que vai desde a repreensão até à exoneração do cargo

O capelão Licínio Luís, missionário Passionista e marinheiro, utilizou as redes sociais para defender os fuzileiros suspeitos de matarem Fábio Guerra, o agente da PSP que foi espancado após tentar separar uma briga entre dois militares da Marinha. Segundo avança o jornal Expresso esta terça-feira, Licínio Luís defendeu no Facebook os fuzileiros envolvidos, sublinhando que os “jovens estavam a divertir-se e foram provocados”.

Na publicação, entretanto removida, o capelão criticou as duras palavras do almirante Gouveia e Melo durante o discurso que fez aos Fuzileiros no Alfeite e no qual censurou o ataque “selvático, desproporcional e despropositado” a Fábio Guerra. Licínio Luís tem outra visão dos factos: “Quem não o fazia. É selvagem por isso? O senhor almirante nunca foi para a noite? Nunca bebeu uns copos? Juízo com os nossos julgamentos. Aguardemos pelas investigações. Os nossos jovens têm direito a serem respeitados. Os jovens da PSP estavam no mesmo âmbito e alcoolicamente tão bem-dispostos como os nossos. Juízo com os nossos julgamentos”, afirmou Licínio Luís.

De acordo com o Expresso, o capelão reuniu-se com Gouveia e Melo após a publicação e a exoneração esteve em cima da mesa. Ainda segundo o Expresso, Licínio Luís terá pedido desculpa e garantido que não quis questionar a autoridade do comandante da Marinha. 

Segundo apurou a CNN Portugal junto de fonte militar, nos casos de desobediência ao Regulamento de Disciplina Militar, no qual incorre Licínio Luís, é sempre dado início a um processo que pode ou não evoluir para um procedimento disciplinar, onde é nomeado um oficial para averiguar se existiu uma infração. O réu nestes casos pode receber uma nota de culpa e sofrer punições que vão desde a repreensão à exoneração do cargo. No entanto, a mesma fonte garantiu que a exoneração não é provável.

A CNN Portugal contactou a Marinha para saber se alguma decisão já foi tomada relativamente à publicação de Licínio Luís, mas ainda não foi possível obter uma resposta até à publicação deste artigo.

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