Americanos reprogramam F-16 ucranianos para reforçar as suas capacidades de guerra eletrónica

28 ago, 19:00
Caças militares F-16 da Força Aérea Real Holandesa fotografados em 2017 Foto AP Photo Mindaugas Kulbis

Tanto Ucrânia como Rússia têm recorrido intensamente a este tipo de guerra para obter superioridade no campo de batalha. Atualização pode dar "bolsa de superioridade aérea" momentânea às forças de Kiev

Os F-16 fornecidos por vários países da NATO à Ucrânia receberam uma atualização para reforçar as suas capacidades de “guerra eletrónica”, afirmou a Força Aérea dos EUA esta segunda-feira.

O update foi levado a cabo pela 68.ª Esquadra de Spectrum Warfare (EWS), que colaborou com homólogos dinamarqueses e noruegueses para reprogramar os aviões de combate fornecidos por essas duas nações e também pelos Países Baixos.

“Tanto as forças armadas da Ucrânia como as da Rússia dependem fortemente do acesso ilimitado ao espetro eletromagnético para atingirem os objetivos do seu comando e ambas as partes têm-se empenhado continuamente na guerra eletrónica através de técnicas como o jamming e spoofing para alcançarem a superioridade no espetro”, pode ler-se no comunicado publicado no site da 350.ª Ala de Spectrum Warfare, da qual a 68.ª Esquadra faz parte.

Os dois lados têm recorrido intensamente à guerra eletrónica desde o seu início. Em maio de 2023, várias fontes do aparelho de defesa dos EUA afirmaram à CNN Internacional que a Rússia estava a conseguir interferir com os sistemas móveis de foguetes fornecidos por Washington D.C. ao utilizar bloqueadores de sinal. Estes aparelhos condicionam o funcionamento das miras dos sistemas, guiadas por GPS, o que faz com que os foguetes não atinjam os alvos.

“Para integrar efetivamente os F-16 na Força Aérea Ucraniana, os seus subsistemas de guerra eletrónica necessitaram de ser reprogramados para serem eficazes contra as ameaças russas em evolução no espetro. O 68.º EWS aceitou este desafio, dada a prioridade urgente que representa para os EUA e os nossos parceiros”, afirma a nota atribuída ao Capitão Benjamin Aronson.

Esta unidade da Força Aérea dos EUA enfrentou dois desafios na realização desta tarefa: a escassez de tempo e o facto de o sistema equipado nos F-16 não fazer parte do seu inventário.

O plano foi executado através da “adaptação de novos processos e abordagens aos processos habituais” daquela força, e baseou-se em dados fornecidos pela Dinamarca e pela Noruega, tendo os engenheiros daquele esquadrão viajado para esses países para desenvolver e testar o programa.

“Este não é o nosso procedimento operacional normal. O facto de a equipa ter sido capaz de compreender o sistema em duas semanas, de se deslocar a um país parceiro para desenvolver o melhor ficheiro de dados de missão de sempre é inédito e deve-se ao talento da esquadra e da ala”, diz o diretor da 68.ª Esquadra, citado no comunicado.

“Quando estamos a falar de um conflito entre forças quase iguais, precisamos que todos os nossos parceiros de coligação operem com o mesmo manual para que possamos alcançar o domínio do espetro”, prosseguiu o diretor, que não é nomeado no texto. “Um F-16 com uma cápsula reprogramada não conseguirá alcançar o domínio do ar por si só, mas pode dar-nos uma bolsa de superioridade aérea por um momento para alcançar um objetivo que tenha importância e impacto estratégicos”, completa.

O que é Spectrum Warfare?

É um termo também usado para definir a guerra eletrónica e, traduzido à letra, quer dizer “guerra no espetro". De acordo com a empresa britânica de defesa e engenharia aeroespacial BAE Systems, significa “o controlo, o desenvolvimento e a utilização de tecnologias avançadas do espetro eletromagnético (EM) - tanto ofensivas como defensivas - para obter vantagens estratégicas e o êxito de missões em operações militares e na recolha de informações.

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