Salvatore Micalef apresentava-se como bispo e exorcista do Vaticano e realizava retiros mensais, denominados “Cura e Libertação”, numa unidade hoteleira de Fátima. A diocese de Leiria-Fátima lançou o alerta o ano passado e, agora, no início de setembro foi a vez da Diocese de Roma garantir que este "não pode participar nem celebrar os sacramentos da fé católica no território da Diocese de Roma"
O primeiro retiro “Cura e Libertação” presidido por Salvatore Micalef terá acontecido em maio de 2023. E vários aconteceram no decorrer desse ano. A diocese de Leiria-Fátima lançou o alerta e reportou o caso às autoridades da Santa Sé. Agora é a vez da Diocese de Roma confirmar as suspeitas através de um comunicado divulgado no início de setembro: "não está em comunhão com a Igreja Católica".
O documento informa que "o Sr. Salvatore Micalef, autoproclamado patriarca e bispo da Prelazia Católica SS. Pedro e Paulo, não está em comunhão com a Igreja Católica e não possui as faculdades ministeriais necessárias para administrar os sacramentos.
Consequentemente, não pode participar nem celebrar os sacramentos da fé católica no território da Diocese de Roma".
Ou seja, demarca-se da ligação aos retiros e garante que ele não pode celebrar "os sacramentos da fé Católica" até porque não o reconhece sequer como Bispo.
Recorde-se que tudo começou o ano passado com Salvatore Micalef a apresentar-se em Fátima como o bispo e exorcista do Vaticano e a realizar retiros “Cura e Libertação” realizam-se numa unidade hoteleira de Fátima. Pouco tempo depois, a Diocese de Leiria-Fátima negou a sua ligação à igreja católica.
Num comunicado, divulgado em junho de 2023, assinado pelo padre Jorge Guarda, vigário-geral da diocese de Leiria-Fátima, era escrito que os retiros são, ainda, protagonizados por “um alegado seminarista amigo do Papa, de nome Francisco Marques”.
Este jovem, segundo a diocese, “não era seminarista em nenhum Seminário, nem de Portugal nem da diocese de Roma” e fotos em que aparece ao lado do Papa, “além de antigas, resultam de encontros acidentais com o Santo Padre, em audiências gerais, e não podem servir para credibilizar uma atividade que não está em comunhão com a Igreja”.
Quanto a Salvatore Micalef, a diocese de Leiria-Fátima adianta que foi “ordenado padre e bispo sem o mandato do Santo Padre”, pelo que “não está em comunhão com a Sé Apostólica”.
Assim, a diocese liderada pelo bispo José Ornelas, também presidente da Conferência Episcopal Portuguesa, “a diocese demarca-se claramente destes retiros, realizados fora da comunhão eclesial e informa que (…) já reportou o caso às autoridades da Santa Sé”.
Em declarações à agência Lusa, na altura, Francisco Marques rejeitou as acusações afirmando que “é mentira” assegurando que é seminarista e que o seu “percurso de discernimento” está a ser acompanhado pelo Papa.