Catargate. Eva Kaili quebra o silêncio e diz que foi traída pelos "colegas" do Parlamento Europeu

14 dez 2022, 11:34

Vice-presidente do Parlamento Europeu foi detida pela polícia belga e acusada de participação em organização criminosa, branqueamento de capitais e corrupção

Eva Kaili, que foi destituída do cargo de vice-presidente do Parlamento Europeu, e que se encontra detida preventivamente depois de ter sido acusada de aceitar subornos do Catar, no âmbito de um caso já conhecido como 'Catargate', diz que foi traída pelos "colegas" eurodeputados, revelou o seu advogado em declarações à agência Reuters.

"Falei hoje [terça-feira] com a sra. Kaili e ela quebrou o silêncio, exprimindo as suas queixas contra a posição dos seus colegas do Parlamento Europeu. Ela diz que se sente traída quando fazem parecer que tinha uma agenda pessoal com o Catar e quando insinuam que estava a aceitar subornos", disse à Reuters o advogado Michalis Dimitrakopoulos.

O Catar, que terá pago os subornos com vista a favorecer a imagem do país anfitrião do Mundial de futebol, também nega as acusações.

O caso é já considerado um dos maiores escândalos de corrupção que atingiu a União Europeia.

Kaili foi detida pela polícia belga e acusada de participação em organização criminosa, branqueamento de capitais e corrupção.

Numa sessão parlamentar de 21 de novembro para debater a situação dos direitos humanos no Catar, Kaili defendeu o país do Médio Oriente das críticas aos direitos dos trabalhadores migrantes durante os preparativos para o Campeonato do Mundo.

A eurodeputada grega visitou o Kuwait e o Catar no final de outubro e no início de novembro e citou o Gabinete Internacional do Trabalho dizendo que o Catar estava a "introduzir os direitos laborais... e a introduzir o salário mínimo apesar dos desafios".

Segundo o advogado, Eva Kaili não só nega as acusações como lembra que a sua visita ao Catar tinha sido aprovada pelo Parlamento Europeu e que não passava de uma "porta-voz das ordens da União Europeia".

"A sua posição é a de que não estava a aceitar subornos, é inocente, o Catar não precisava dela, não precisava de a subornar, não tinha nada a oferecer ao Catar. A decisão de visitar o Catar não foi uma decisão pessoal, foi uma decisão do Parlamento Europeu, com o acordo da Comissão Europeia e do chefe da política externa da UE, Josep Borrell", afirmou Michalis Dimitrakopoulos.

Sobre esta representação, o Parlamento Europeu esclareceu que, enquanto vice-presidente, Kaili representava os eurodeputados. 

"A instrução clara e permanente a todos os vice-presidentes é para representar a posição dos parlamentares. Nada mais", disse apenas a assessoria do PE.

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