Maria, Gabriela e Diogo contam à CNN Portugal como viver no estrangeiro reforçou o seu sentido de cidadania
Para muitos jovens, votar pela primeira vez é uma experiência carregada de entusiasmo e expectativa e, aos 18 anos, foi o que aconteceu com Maria Lança, Gabriela Baptista e Diogo Fernandes. Estes três estudantes de Multimédia da Escola Profissional de Imagem (EPI) de Lisboa encontravam-se no estrangeiro ao abrigo do programa Erasmus+, onde chegaram à maioridade e puderam exercer o direito de voto.
Uma aventura em Praga
Maria Lança encontra-se a estagiar em Praga, na Chéquia. "Desde que descobri o programa Erasmus+, fiquei fascinada pela oportunidade de partilhar conhecimento e contactar com outras culturas", conta à CNN Portugal. A jovem está a poucos meses de terminar o curso profissional de Multimédia na EPI e vê a sua experiência internacional como uma mais-valia tanto profissional quanto pessoal.
"Entendo que quanto mais cultura tiver mais argumentos terei para resolver e encarar problemas e desafios na vida", diz Maria.
No dia do votação antecipada, Maria dirigiu-se à representação portuguesa em Praga, tarefa que envolveu um pequeno estudo prévio sobre como votar no estrangeiro. “Foi uma aventura”, admite. “Tive de entender como funcionava o voto antecipado e onde ficava a embaixada. No final, correu tudo bem e foi uma história que terei para contar: o dia em que votei pela primeira vez foi em Praga para as eleições europeias.”
A experiência de votar no estrangeiro, longe da família e amigos, foi inicialmente desafiadora, mas Maria sentiu uma profunda satisfação ao exercer o seu direito de voto pela primeira vez. “A escola falou-nos da importância do voto e enviou-nos informações sobre o processo, o que ajudou bastante”, explica. “Senti-me bem informada sobre os candidatos e as propostas, especialmente por assistir aos debates.”
Gabriela Baptista está a viver uma experiência igualmente transformadora em Praga. Atualmente, estagia numa empresa de realidade virtual e encontra-se “completamente imersa na rica cultura e vibrante comunidade da cidade".
"Votar pela primeira vez enquanto estou a viver uma experiência internacional em Praga foi especialmente significativo", afirma. Para Gabriela, que fez 18 anos na véspera de votar antecipadamente, exercer o direito de voto no estrangeiro reforçou a “ligação à identidade e responsabilidades enquanto cidadã portuguesa”.
Gabriela e Maria foram juntas à embaixada e o ato de votar num país estrangeiro reforçou em ambas a importância da participação cívica. “Foi um lembrete de que, independentemente de onde estamos, temos o poder de influenciar e contribuir para a sociedade de maneiras significativas”, sublinha Gabriela.
Gabriela fez questão de se informar minuciosamente sobre os candidatos e as respetivas propostas, recorrendo a uma variedade de fontes para garantir uma compreensão equilibrada das opções disponíveis.
A preparação para as eleições foi um processo intenso para Gabriela. "Vi atentamente os debates, li os programas eleitorais dos principais partidos, consultei jornais, revistas e sites de notícias e visitei os sites oficiais dos partidos", relata. A diversidade de informação disponível permitiu-lhe obter uma perspectiva crítica e ponderada, no seu entender, essencial para tomar uma decisão.
À segunda é de vez em Budapeste
Diogo Fernandes, por outro lado, enfrentou um desafio diferente. Em Budapeste, na Hungria, onde estagia numa empresa de software, completou 18 anos exatamente no dia do voto antecipado. “Infelizmente, não consegui votar porque ainda não era maior de idade”, lamentou Diogo.
Apesar da deceção, Diogo não deixou de reconhecer a importância das eleições europeias. “Queria muito participar, especialmente por tudo o que a União Europeia nos proporciona”, defende. “Estar a viver aqui fez-me perceber ainda mais a sorte que é pertencer à União Europeia e os privilégios que nos traz.”
"Estar num país como a Hungria, onde a política frequentemente entra em conflito com a União Europeia, fez-me valorizar a sorte que temos em pertencer a esta comunidade", reflete. Para o jovem português, a experiência internacional reforçou a importância de votar para garantir uma representação justa no Parlamento Europeu.
Diogo admite que inicialmente foi incentivado pela escola a votar e, embora não tenha conseguido fazê-lo antecipadamente, percebe agora mais do que nunca a importância da participação.
“No próximo domingo (9 de junho), estarei preparado para exercer o meu direito”, garante.
Importância da participação dos jovens
Estando no estrangeiro, Maria, Gabriela e Diogo perceberam a importância das políticas europeias na promoção da liberdade de circulação, oportunidades de estudo e emprego, e a segurança que a UE proporciona aos seus cidadãos.
Maria destaca, por exemplo, como viver no estrangeiro influenciou a sua perspectiva sobre as eleições. “Sentir-me segura a vários níveis noutro país fez-me perceber o quão importante é a União Europeia”, argumenta.
“Tenho a oportunidade de votar e de ter uma voz, sendo uma pessoa que usufrui dos direitos de ser uma cidadã europeia”, acrescenta.
Gabriela concorda, ressaltando a relevância das instituições europeias. “Desfrutar diretamente dos benefícios da livre circulação de pessoas, da integração de sistemas educacionais e das oportunidades de trabalho proporcionadas pela UE reforçou a minha compreensão sobre a sua relevância.”
As estudantes reforçam ainda a importância de trazer uma visão mais jovem para temas como tecnologia, ambiente e justiça social. "Os jovens têm o poder e a responsabilidade de moldar o futuro", referem.
Cada um, à sua maneira, reconhece a responsabilidade de ser cidadão europeu e a influência que podem ter no mundo.
“Acho crucial a participação dos jovens na política. Num futuro muito próximo somos nós quem vai representar e viver nesta sociedade”, sublinha Maria. Gabriela acrescenta que “a visão dos jovens sobre temas como tecnologia, ambiente e justiça social pode impulsionar mudanças positivas e progressistas”.
Diogo, mesmo ainda sem ter votado, destaca a importância de estar informado e preparado. “Nós, jovens, temos de ser mais ativos e participativos na política”, defende.
Para o futuro, estes jovens têm uma visão clara do papel da União Europeia. Maria espera uma aceleração da transição para energias renováveis e a promoção de práticas de economia circular. Gabriela gostaria de ver mecanismos mais eficazes para enfrentar crises financeiras, políticas inclusivas que garantam igualdade de oportunidades e um fortalecimento dos programas de educação e mobilidade, como aquele que frequentam.
“Vejo o papel da União Europeia com a enorme importância que já tem ou ainda maior”, diz Maria. “Acho que ainda há muito que podemos fazer para melhorar enquanto sociedade.”
Para os jovens que vão votar pela primeira vez, os conselhos dos três estudantes são claros: estar bem informado, ter uma opinião sólida e reconhecer a importância do voto.
"Cada voto é importante e tem impacto, mesmo que sejas apenas uma pessoa", sublinha Gabriela. Maria aconselha a encarar o voto como um meio para contribuir para toda a sociedade e Diogo reforça a “necessidade de informar bem e compreender o que cada candidato representa”.
"Começar por pesquisar sobre os candidatos é fundamental. Consultar as suas plataformas políticas e como essas políticas podem impactar tanto o país onde estão a viver quanto o nosso país de origem", aconselha Gabriela.
Maria acrescenta ainda que é essencial que os jovens não se deixarem influenciar pela pressão social, “fazerem o próprio julgamento com base nas pesquisas e nas convicções pessoais".