Euro Feminino: Portugal-Suíça, 2-2 (crónica)

9 jul 2022, 19:21

Recuperação quase perfeita depois do pesadelo inicial

Portugal entrou na sua segunda participação num Europeu feminino com um empate a dois golos frente à Suíça, num jogo que começou por ser um pesadelo para a seleção comandada por Francisco Neto e que acabou com uma recuperação quase perfeita e uma reviravolta travada no poste e na guarda-redes Gaëlle Thalmann.

Pior início era quase impossível. Com cinco minutos de jogo, Portugal já perdia por 2-0 e, entre algum nítido desequilíbrio emocional na fase inicial, estava a perder, sobretudo, para a capacidade atlética das helvéticas. Os primeiros 45 minutos foram de escassas lembranças positivas, mas serviram de exemplo para uma segunda parte diferente.

Com mais certeza, crer e, essencialmente, dinâmica no seu jogo, assente na posse sustentada, Portugal – que teve mais ataques, mais remates e mais bola no pé – soltou-se após o intervalo e o tempo foi dando sinais de que uma recuperação era possível. Afinal, Portugal estava, a olhos vistos, a jogar claramente melhor futebol. E isso trouxe frutos.

Diana Gomes e Jéssica Silva, num espaço de sete minutos, aos 58 e aos 65, anularam os golos iniciais de Coumba Sow e da gigante Rahel Kiwic e provaram que Portugal estava no Leigh Sports Village para lutar pelo melhor resultado.

No final, foi um ponto para cada lado, mas podiam bem ter sido três, sobretudo para Portugal, que teve oportunidades de sobra para alcançar a sua segunda vitória no historial da prova, depois da primeira e única que conseguiu em 2017.

Dois canivetes, um pesadelo

A Suíça entrou no jogo praticamente a ganhar: não estava decorrido um minuto e meio quando Reuteler ganhou um ressalto de bola em zona frontal e Coumba Sow apareceu de trás para um remate potente e colocado a bater Inês Pereira, algo surpreendida pela espontaneidade do lance.

O primeiro canivete suíço aplicado a Portugal foi o início de um pesadelo, até porque, logo aos cinco minutos, na sequência de um livre descaído para a esquerda, Rahel Kiwic fez uso da sua altura (1,83m) para dobrar a diferença. A central do Zurique saltou mais alto ao segundo poste e fez a bola entrar junto à trave. Inês bem se esticou, mas não conseguiu evitar o 0-2 no marcador, enquanto a colega de posição, Patrícia Morais, via o negro cenário com uma ligeira lágrima no olho a partir do banco de suplentes.

Portugal-Suíça: o filme do jogo ao minuto e os vídeos dos golos

A partir daí, Portugal tentou reagir, mas a resposta necessária foi escassa até ao intervalo. A Suíça, que por vezes mostrou alguma rispidez na abordagem aos lances – e talvez por isso Aigbogun foi cedo amarelada (18m) e até «escapou» ao vermelho ao minuto 31 – não deixava, por outro lado, espaços para as jogadoras da frente, Diana Silva, Jéssica Silva e Ana Borges, atacarem a baliza.

Uma recuperação meritória

Na segunda parte, e sem qualquer alteração no onze inicial, as comandadas de Francisco Neto foram mostrando que queriam anular a desvantagem. Bachmann (53m) ainda assustou Inês Pereira com um remate cruzado pouco ao lado, mas era Portugal que estava a crescer: mais bola, com mais critério e qualidade e mais gente a ajudar no ataque. Da lateral Catarina Amado até, por exemplo, à médio Tatiana Pinto.

O coletivo emergiu e, depois de alguns cantos ganhos, um deles deu golo. Ana Borges bateu e a defesa Diana Gomes, agora ex-Sp. Braga, reduziu ao minuto 58 com as pernas, na sequência de um cabeceamento defendido por Thalmann praticamente em cima da linha de golo.

A partir daí, praticamente só deu Portugal perto da hora de jogo e, ao minuto 65, Jéssica Silva, que joga no Benfica, fez um belíssimo golo para o 2-2, num desvio de primeira na área, após um cruzamento de Tatiana Pinto. O lance nasceu de uma recuperação lusa no meio-campo contrário.

Os cantos e os ataques portugueses sucediam-se e, já no último quarto de hora, com Kika Nazareth, Fátima Pinto e Telma Encarnação em campo, Portugal esteve perto da reviravolta pela goleadora do Marítimo, que após um belo trabalho em zona frontal rematou ao poste (88m). Do outro lado, só na reta final do jogo é que a Suíça deu novo ar da sua graça e, antes, já tinha enviado uma bola ao ferro, por Reuteler (80m). Em cima do minuto 90, Telma isolou-se, mas permitiu a antecipação de Calligaris e os cinco minutos de compensação confirmaram a igualdade, num belo espetáculo em que Portugal mostrou ter futebol para palcos do Europeu. Só faltou a vitória.

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