Ele acabou com os 1000 passes: Luis de la Fuente, o melhor treinador do Euro (que foi talvez o Euro mais fraco deste século)

14 jul 2024, 23:50
Luis de la Fuente (AP Photo/Manu Fernandez)

Entrou e revolucionou o futebol da seleção espanhola, uma necessidade perante a aguda falta de resultados do envelhecido modelo tradicional do tiki-taka

Muitos de nós ainda têm o tiki-taka presente na cabeça. Desconcertante e, por vezes, enervante, levou o Barcelona e Espanha ao sucesso. No caso da seleção, foi a chave dos sucessos do Mundial 2010 e do Euro 2012.

Apesar de os intérpretes já não serem os mesmos, Espanha continuou a insistir nessa tática, que atingiu o expoente do ridículo no Mundial 2022 com Luis Enrique. Apesar de ter sido eliminada nos oitavos de final, a seleção espanhola foi a quarta com mais toques em toda a competição, apenas atrás das três primeiras classificadas, todas com mais três jogos nas pernas. Contra Marrocos fizeram mesmo mais de 1000 passes e a média de posse nos quatro jogos que disputaram foi de 75,8%, mais 13 pontos percentuais que a segunda equipa com a média mais elevada, Inglaterra.

A situação era insustentável. Já não havia Iniesta, Xavi, David Silva, Cazorla, Busquets. Era necessária uma mudança, que apareceu na forma de Luis de la Fuente. O seu nome era praticamente desconhecido fora de Espanha, mas o palmarés como treinador impressionava. Na federação do país desde 2013, conquistou um título europeu de sub-19, em 2015, outro de sub-21, em 2019, e ainda levou a seleção espanhola à prata olímpica em Tóquio 2020.

As mudanças fizeram sentir-se de imediato e o sucesso apareceu. Comandou Espanha na fase final da Liga das Nações 2022-23, a primeira competição internacional em que orientou a equipa espanhola.

De la Fuente não abdicou totalmente de todas as vertentes do tiki-taka, utilizando Rodri e Fabián Ruiz como importantes placas giratórias da tática espanhola. Mas esta Roja já não tem medo de entregar a posse de bola. Em comparação com o Mundial 2022, a média de posse de bola de Espanha desceu 18,5 pontos percentuais, para 57,3%.

A principal arma espanhola já não é, por conseguinte, o controlo da bola, mas sim a velocidade nos corredores laterais, garantida por dois intérpretes: Nico Williams e Lamine Yamal. Um chegou à Alemanha com 21 anos, o outro com 16 – entretanto celebraram os seus aniversários. Os feitos de ambos neste Europeu devem-se em grande parte ao seu talento, mas também a Luis de la Fuente, que não teve medo de colocar nas mãos de dois jogadores muito jovens, principalmente Yamal, grande parte das responsabilidades atacantes espanholas.

O Euro 2024 foi, talvez, o mais fraco deste século. França, Itália, Portugal e mesmo a própria Inglaterra apresentaram-se a um nível muito abaixo do esperado. Entre as seleções favoritas, Espanha apresentou-se como um oásis, praticando um futebol refinado e agradável aos olhos. Não teve medo de perder, mas sobretudo não teve medo de ganhar e encantar o público - e Luis de la Fuente tem muito mérito naquilo que Espanha alcançou.

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