Republicanos conquistam Senado e mudam equilíbrio do poder em Washington

CNN , Stephen Collinson
6 nov, 06:53
Eleições nos EUA

Os republicanos vão conquistar a maioria no Senado dos Estados Unidos, segundo projeta a CNN, mudando, assim, o equilíbrio de poder em Washington.

Uma maioria republicana colocará o Senado na posição de impulsionar uma possível nova presidência de Donald Trump ou impedir um possível governo de Kamala Harris, caso a vice-presidente democrata vença a corrida à Casa Branca.

Com várias conquistas em estados ainda por declarar, os republicanos têm agora (às 6h30 em Lisboa) 51 lugares e assumirão, por isso, o controlo, sob um líder republicano ainda a ser escolhido, quando o novo Congresso se reunir em janeiro.

A conquista do Senado foi o primeiro grande sucesso da noite para os republicanos, com a disputa entre Trump e Harris ainda sem uma conclusão concreta e o destino da Câmara dos Representantes, onde o Partido Republicano tenta defender a sua estreita maioria, também incerto.

Se Trump vencer, o novo Senado do Partido Republicano estará em posição de apoiar a agenda do candidato republicano e retomar a significativa reformulação da justiça com mais conservadores na Sala Oval. Se Harris vencer, a democrata enfrentará problemas para confirmar membros do seu gabinete e nome indicados para a justiça, uma vez que o Senado do Partido Republicano pode deitar por terra os planos de Harris.

A marcha republicana para o controlo começou cedo na noite da eleição quando o governador da Virgínia Ocidental, Jim Justice, foi projetado para ficar com o lugar deixado vago pelo senador democrata aposentado que se tornou independente, Joe Manchin. Os democratas pararam de disputar o assento depois de Manchin ter anunciado que não procuraria a reeleição.

Em Ohio, o senador democrata Sherrod Brown, que esteve na câmara durante três mandatos, perderá a sua candidatura à reeleição, segundo projeta a CNN, num estado que passou de um eterno termómetro político durante o seu mandato para um reduto profundamente vermelho (cor dos republicanos). O novo senador republicano será o empresário Bernie Moreno, um veemente apoiador de Trump.

Cruz e Scott avançam rumo à reeleição

As poucas oportunidades democratas de mitigar as suas perdas diminuíram rapidamente ao longo da noite.

Na Flórida, o senador republicano Rick Scott despachou facilmente a disputa com a ex-deputada democrata Debbie Mucarsel-Powell, que construiu a sua campanha, em parte, numa reação à anulação do direito federal ao aborto e à proibição do aborto de seis semanas. Os democratas esperavam que uma medida sobre o aborto neste estado pudesse aumentar o legado azul, mas isso falhou na noite das eleições.

A melhor hipótese do partido ganhar um lugar foi no Texas, onde grupos partidários nacionais fizeram investimentos multimilionários de última hora para tentar destituir o senador republicano Ted Cruz. Mas o senador há já dois mandatos derrotará o deputado democrata Colin Allred, como também projeta a CNN, naquela que é mais uma deceção para os democratas enquanto perseguem a miragem de fazer incursões no antigo estado republicano.

E no Nebraska, a CNN projeta que a senadora republicana Deb Fischer derrotará o independente Dan Osborn (mais desafiante e forte do que o esperado), que, junto com os seus aliados, gastou mais do que as forças republicanas no estado. A sua derrota não teria necessariamente virado o lugar para os democratas, já que Osborn não tinha dito com qual partido se juntaria em Washington. Mas com os democratas a tentar evitar uma maioria republicana, uma vitória de Osborn teria privado os republicanos de um lugar no Senado.

Disputas de destaque

Nas eleições deste ano, os democratas enfrentaram sempre um caminho proibitivo para defender o seu controlo estreito do Senado, já que os titulares que enfrentam a reeleição estão em estados onde Trump já tinha conquistado duas vezes ou perdido por pouco em 2020.

Há várias disputas competitivas importantes cujos vencedores não são ainda conhecidos.

Em Montana, o senador democrata Jon Tester, no seu terceiro mandato, enfrentou  uma batalha difícil para se defender do empresário republicano Tim Sheehy, um Navy SEAL aposentado, no seu estado republicano.

A senadora democrata de Wisconsin Tammy Baldwin, que está a concorrer a um terceiro mandato, está numa disputa acirrada com o republicano Eric Hovde, num estado também crítico para a corrida presidencial.

Num outro estado de muro azul crítico para o sucesso dos democratas, dois especialistas em segurança nacional estão num frente-a-frente em Michigan. A deputada democrata Elissa Slotkin está a tentar manter o lugar que vai ser deixado vago pela senadora aposentada Debbie Stabenow. Slotkin está a enfrentar o ex-deputado republicano Mike Rogers, o antigo presidente do Comité de Informação da Câmara que deixou o Congresso em 2015.

Na Pensilvânia, o senador democrata Bob Casey está a tentar resistir ao desafio do republicano Dave McCormick, que perdeu o apoio de Trump durante as primárias do Senado de 2022, mas garantiu o apoio e a indicação do Partido Republicano este ano.

Os números finais no Senado também terão que esperar pelo resultado de Nevada, onde a senadora democrata Jacky Rosen está a competir contra o republicano Sam Brown, um veterano do Exército que também perdeu uma primária há dois anos para o outro lugar do Senado do estado. E no Arizona, onde Kyrsten Sinema, senadora democrata que se tornou independente, está em vias de se reformar, o deputado democrata Ruben Gallego enfrenta Kari Lake, acólita de Trump e a indicada para governador de 2022 que ainda se recusa a reconhecer a sua derrota naquela eleição.

Não há, porém, muito o que comemorar para os democratas no mapa do Senado destas eleições, mas a democrata Angela Alsobrooks foi projetada para derrotar o ex -governador republicano de Maryland, Larry Hogan, que era popular no estado solidamente azul. Hogan costumava criticar Trump, uma posição que era desafiadora com republicanos profundamente conservadores nos distritos ocidentais de Maryland e áreas próximas à costa leste. Alsobrooks tornar-se-á apenas a quarta mulher negra eleita para o Senado depois da democrata Lisa Blunt Rochester, a terceira, está projetada para ganhar a cadeira aberta do Senado de Delaware no início da noite.

E.U.A.

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