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Elon Musk vai chocar com Donald Trump? “Musk tem um altíssimo coeficiente de inteligência, mas um coeficiente emocional bastante reduzido”

17 nov, 22:25

Paulo Portas entende que o futuro homem-forte da eficiência governamental na administração republicana “tem-se metido em política externa mas não é ministro dos Negócios Estrangeiros”. Ainda assim, e por causa do seu Starlink, “é o homem que pode pôr a Ucrânia às escuras”

No “Global”, comentário semanal no Jornal Nacional da TVI (do mesmo grupo da CNN Portugal), Paulo Portas antevê uma questão “determinante” na futura administração de Trump: “Se vai haver, ou não, choque entre a estrela contratada [Elon Musk] e o Presidente eleito [Donald Trump]”.

Para já, o bilionário da tecnologia, e futuramente responsável pela eficiência governamental da Casa Branca, tem roubado a cena a quase todos os restantes candidatos a cargos, incluíndo ao vice-presidente J. D. Vance, “que desapareceu e bem”, considera Paulo Portas. 

Segundo o comentador, Elon Musk tem “méritos”, desde logo porque é visto pelos eleitores americanos como “um inovador” e “alguém disruptivo”. No entanto, é também, considera Paulo Portas, um homem que tem “um altíssimo coeficiente de inteligência, mas um coeficiente emocional bastante reduzido”.

E uma semana volvida das eleições, “tem-se metido na política externa, embora não seja um ministro dos Negócios Estrangeiros”, causando alguns “sarilhos” e constrangimentos diplomáticos. 

Donald Trump aparenta, contudo, apreciar a presença de Elon Musk na política externa. “Musk é chamado para ligações telefónicas de Trump com chefes de Estado. Não foi só com a Ucrânia, mas também com a Turquia e a Sérvia, países onde ele [Musk] tem interesses de negócio. No caso da Ucrânia, a presença dele, sendo o dono do Starlink, que assegura as comunicações entre as tropas ucranianas, é uma maneira de Trump dizer, sem dizer: ‘Está aqui ao meu lado o tipo que vos põe [Ucrânia] às escuras’”, refere Paulo Portas.

O comentador, falando, por fim, dos constrangimentos diplomáticos potencialmente causados por Elon Musk durante a semana, enumera diversos. “Arranjou um sarilho com Olaf Scholz [Chanceler da Alemanha], a quem chamou 'maluco'. Com a Itália, pôs-se a criticar os juizes italianos que tinham impedido uma lei de deportações. Fez outra coisa absolutamente assombrosa, que foi os serviços de inteligências dos Estados Unidos dizerem que o Irão tentou assassinar Trump e ele [Musk] vai encontrar-se, supostamente em segredo, com o embaixador do Irão. Ora, nada neste mundo é segredo”, adverte. 

“Inorgânico” e até “caótico”, Paulo Portas admite, contudo, que Elon Musk tem pela frente uma tarefa “interessante” enquanto futuro homem-forte da eficiência governamental na administração republicana. “Pelos menos vista de fora.” E explica, o comentador: “Ele procurará reduzir despesas que não sejam ‘eficientes’. Mas depois tem um problema, que é não conhecer como é que as coisas funcionam dentro de um Estado — e os Estados Unidos são um Estado federal, ainda por cima. Além disso, ele vai ter que pensar em departamentos com os quais tem contratos. Conflito de interesses? O tempo revelará se sim ou se não”. 

Para já, o que se revela é um “princípio absolutamente negativo”, insiste Paulo Portas, que é o de Elon Musk querer ser uma voz em política externa. “Um país como os Estados Unidos não pode ter muitas vozes a dizerem coisas contraditórias”, conclui. 

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